Data de publicação
2009
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7º governador-geral do Brasil e governador da Repartição do Sul.
D. Francisco de Sousa nasceu por volta de 1540 e morreu, em São Paulo, em 1611.
Era filho de D. Pedro de Sousa, conde do Prado e alcaide-mor de Beja, e de Violante Henriques, filha de Simão Freire de Andrade, senhor da Bobadela.
Pertenceu ao Conselho do rei; esteve em Tânger com D. João de Meneses; acompanhou D. Sebastião a África, em 1578, como capitão de um dos galeões do seu tio D. Diogo de Sousa; foi ainda capitão-mor de Beja e comendador de Orelhão na Ordem de Cristo. Governou o Brasil por duas vezes, uma como governador-geral, entre 1591 e 1602, e outra como capitão-geral e superintendente das capitanias do Sul, entre 1608 e 1611.
Nomeado governador-geral em finais de 1590, apenas chegou à Baía no ano seguinte, a 9 de Junho de 1591. Com ele viajaram Pedro Oliveira, sargento-mor, e Agostinho de Sotomaior, provedor das minas do Brasil. O rei D. Filipe II deu-lhe poderes para prover ofícios, militares ou civis, que vagassem no Brasil, para criar fidalgos e para distribuir alguns hábitos da Ordem de Cristo, deveria nomear também um ouvidor-geral para São Paulo.
Durante o tempo em que foi governador-geral, um dos principais problemas da colónia continuou a ser a prática do corso e as trocas comerciais ilícitas com os europeus. Em vários pontos da costa brasileira, os Ingleses levaram a cabo numerosas devastações, as mais célebres comandadas por Tomás de Cavendish e James Lancaster.
A capitania da Paraíba continuava com problemas de defesa, constantemente ameaçada pelos índios e Franceses. As desavenças entre as tropas portuguesas e espanholas punham em causa a continuidade desta colónia.
Mais tarde, foram os Holandeses que ameaçaram a Baía, aquando da ausência do governador para as capitanias do Sul.
A região do Rio Grande do Norte necessitava também de uma presença efectiva dos colonos portugueses. O governador tratou de arranjar uma força que se deslocou por terra e mar, que combateu os índios e os franceses. Derrotados os inimigos, iniciou a construção do forte dos Reis Magos e fundou a povoação de Natal. Para esta conquista impôs o tributo de um cruzado sobre cada caixa de açúcar e sobre os vinhos.
Uma das medidas mais importantes que tomou para a defesa da colónia foi a fundição de alguns canhões. Em 9 de Novembro de 1607, Domingos Rodrigues foi nomeado fundidor-mor do Brasil. Tratou, também, de melhorar as fortificações do Recife e da Baía.
Em relação às capitanias do sul, o governador decidiu visitá-las pessoalmente, onde acabou por se dedicar à questão da descoberta das minas e ao incremento da exploração das que já existiam.
Um dos problemas nas regiões mineiras, nomeadamente em São Paulo, era a questão da escravatura dos índios. Os jesuítas impediam que os colonos se servissem da mão-de-obra autóctone que estava sob o seu amparo, o que motivou que os moradores paulistas se organizassem em bandeiras destinadas a capturar índios fora da jurisdição dos padres. Durante o seu governo intensificou-se o comércio com o rio da Prata, aberto já desde a época do governo interino do bispo da Baía e de Cristóvão de Barros.
O governador trazia instruções para seguir com a descoberta das minas e tratar de tudo o que fosse necessário a Gabriel Soares de Sousa para levar a cabo o seu plano de exploração, que já antes havia apresentado no Reino. Prova evidente deste empenho da Coroa é a nomeação de um provedor das minas e o facto de terem seguido com ele, para o Brasil, um lapidário de esmeraldas e um feitor das minas de ferro. D. Francisco promoveu o desbravamento de sertões e expedições de pesquisa de metais preciosos no interior.
Estava em Santos quando recebeu a notícia de que o seu sucessor tinha chegado à Baía, partindo directamente dali para a Europa.
Por carta régia, a 2 de Janeiro de 1608, foi novamente nomeado para o governo do Brasil, mas desta vez das capitanias do Sul (S. Vicente, Espírito Santo e Rio de Janeiro) que se desligaram, pela segunda vez, do governo da Baía. Recebeu ainda a superintendência das minas, os privilégios de Gabriel Soares de Sousa que se tinha proposto à exploração destas, o título de «grande» enquanto decorresse o seu governo, o direito de nomear alguns oficiais e uma guarda pessoal composta por vinte homens.
Teve ainda a promessa do título de marquês, quando as minas começassem a ser exploradas, no primeiro lugar que povoasse, recebendo um quinto dos rendimentos, título que não chegou a gozar por ter morrido, a 11 de Junho de 1611, na vila de São Paulo. Sucedeu-lhe no governo das capitanias do Sul, o filho D. Luís de Sousa, que governou até a Coroa unificar de novo a administração do Brasil na pessoa de Gaspar de Sousa.
Diz-se que morreu pobre, apesar de terem chegado à corte algumas reclamações de estar a servir os seus interesses próprios, tendo ficado conhecido por D. Francisco das Manhas.
Bibliografia:
CAMPO BELO, Conde de, Governadores Gerais e Vice-Reis do Brasil, Lisboa, Agência Geral das Colónias, 1935; Dicionário de História da Colonização Portuguesa no Brasil, coord. Maraia Beatriz Niza da Silva, Lisboa, Verbo, 1994; Nova história da expansão portuguesa, dir. Joel Serrão e A. H. Oliveira Marques; vol.VI, O império luso-brasileiro:1520-1620, coord. Harold Jonhson e Maria Beatriz Nizza da Silva, Lisboa, Estampa, 1992; VARNHAGEN, Francisco Adolfo de, História Geral do Brasil: antes da sua separação e independência de Portugal, São Paulo, Ed. Melhoramentos, 4ªed., 1948; ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Nobreza de Portugal e do Brasil, Lisboa, ed. Enciclopédia, 1960-1989.
D. Francisco de Sousa nasceu por volta de 1540 e morreu, em São Paulo, em 1611.
Era filho de D. Pedro de Sousa, conde do Prado e alcaide-mor de Beja, e de Violante Henriques, filha de Simão Freire de Andrade, senhor da Bobadela.
Pertenceu ao Conselho do rei; esteve em Tânger com D. João de Meneses; acompanhou D. Sebastião a África, em 1578, como capitão de um dos galeões do seu tio D. Diogo de Sousa; foi ainda capitão-mor de Beja e comendador de Orelhão na Ordem de Cristo. Governou o Brasil por duas vezes, uma como governador-geral, entre 1591 e 1602, e outra como capitão-geral e superintendente das capitanias do Sul, entre 1608 e 1611.
Nomeado governador-geral em finais de 1590, apenas chegou à Baía no ano seguinte, a 9 de Junho de 1591. Com ele viajaram Pedro Oliveira, sargento-mor, e Agostinho de Sotomaior, provedor das minas do Brasil. O rei D. Filipe II deu-lhe poderes para prover ofícios, militares ou civis, que vagassem no Brasil, para criar fidalgos e para distribuir alguns hábitos da Ordem de Cristo, deveria nomear também um ouvidor-geral para São Paulo.
Durante o tempo em que foi governador-geral, um dos principais problemas da colónia continuou a ser a prática do corso e as trocas comerciais ilícitas com os europeus. Em vários pontos da costa brasileira, os Ingleses levaram a cabo numerosas devastações, as mais célebres comandadas por Tomás de Cavendish e James Lancaster.
A capitania da Paraíba continuava com problemas de defesa, constantemente ameaçada pelos índios e Franceses. As desavenças entre as tropas portuguesas e espanholas punham em causa a continuidade desta colónia.
Mais tarde, foram os Holandeses que ameaçaram a Baía, aquando da ausência do governador para as capitanias do Sul.
A região do Rio Grande do Norte necessitava também de uma presença efectiva dos colonos portugueses. O governador tratou de arranjar uma força que se deslocou por terra e mar, que combateu os índios e os franceses. Derrotados os inimigos, iniciou a construção do forte dos Reis Magos e fundou a povoação de Natal. Para esta conquista impôs o tributo de um cruzado sobre cada caixa de açúcar e sobre os vinhos.
Uma das medidas mais importantes que tomou para a defesa da colónia foi a fundição de alguns canhões. Em 9 de Novembro de 1607, Domingos Rodrigues foi nomeado fundidor-mor do Brasil. Tratou, também, de melhorar as fortificações do Recife e da Baía.
Em relação às capitanias do sul, o governador decidiu visitá-las pessoalmente, onde acabou por se dedicar à questão da descoberta das minas e ao incremento da exploração das que já existiam.
Um dos problemas nas regiões mineiras, nomeadamente em São Paulo, era a questão da escravatura dos índios. Os jesuítas impediam que os colonos se servissem da mão-de-obra autóctone que estava sob o seu amparo, o que motivou que os moradores paulistas se organizassem em bandeiras destinadas a capturar índios fora da jurisdição dos padres. Durante o seu governo intensificou-se o comércio com o rio da Prata, aberto já desde a época do governo interino do bispo da Baía e de Cristóvão de Barros.
O governador trazia instruções para seguir com a descoberta das minas e tratar de tudo o que fosse necessário a Gabriel Soares de Sousa para levar a cabo o seu plano de exploração, que já antes havia apresentado no Reino. Prova evidente deste empenho da Coroa é a nomeação de um provedor das minas e o facto de terem seguido com ele, para o Brasil, um lapidário de esmeraldas e um feitor das minas de ferro. D. Francisco promoveu o desbravamento de sertões e expedições de pesquisa de metais preciosos no interior.
Estava em Santos quando recebeu a notícia de que o seu sucessor tinha chegado à Baía, partindo directamente dali para a Europa.
Por carta régia, a 2 de Janeiro de 1608, foi novamente nomeado para o governo do Brasil, mas desta vez das capitanias do Sul (S. Vicente, Espírito Santo e Rio de Janeiro) que se desligaram, pela segunda vez, do governo da Baía. Recebeu ainda a superintendência das minas, os privilégios de Gabriel Soares de Sousa que se tinha proposto à exploração destas, o título de «grande» enquanto decorresse o seu governo, o direito de nomear alguns oficiais e uma guarda pessoal composta por vinte homens.
Teve ainda a promessa do título de marquês, quando as minas começassem a ser exploradas, no primeiro lugar que povoasse, recebendo um quinto dos rendimentos, título que não chegou a gozar por ter morrido, a 11 de Junho de 1611, na vila de São Paulo. Sucedeu-lhe no governo das capitanias do Sul, o filho D. Luís de Sousa, que governou até a Coroa unificar de novo a administração do Brasil na pessoa de Gaspar de Sousa.
Diz-se que morreu pobre, apesar de terem chegado à corte algumas reclamações de estar a servir os seus interesses próprios, tendo ficado conhecido por D. Francisco das Manhas.
Bibliografia:
CAMPO BELO, Conde de, Governadores Gerais e Vice-Reis do Brasil, Lisboa, Agência Geral das Colónias, 1935; Dicionário de História da Colonização Portuguesa no Brasil, coord. Maraia Beatriz Niza da Silva, Lisboa, Verbo, 1994; Nova história da expansão portuguesa, dir. Joel Serrão e A. H. Oliveira Marques; vol.VI, O império luso-brasileiro:1520-1620, coord. Harold Jonhson e Maria Beatriz Nizza da Silva, Lisboa, Estampa, 1992; VARNHAGEN, Francisco Adolfo de, História Geral do Brasil: antes da sua separação e independência de Portugal, São Paulo, Ed. Melhoramentos, 4ªed., 1948; ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Nobreza de Portugal e do Brasil, Lisboa, ed. Enciclopédia, 1960-1989.