Data de publicação
2009
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Bispo da Baía, governador interino do Brasil

A primeira vez que o bispo da Baía ocupou o lugar de governador interino foi após o falecimento de Lourenço da Veiga, de 1581 a 1583. Dada a falta de vias de sucessão, a câmara da cidade de Salvador determinou que, juntamente com ela, governassem interinamente o bispo D. António Barreiros e o ouvidor-geral Cosme Rangel.

Cosme Rangel acabou assumir o comando do governo interino, exercendo a sua influência sobre os vereadores da câmara e afastando os seus inimigos. O bispo e alguns dos colonos que ocupavam importantes cargos administrativos afastaram-se para as suas roças em redor da cidade.

O bispo assumiu pela segunda vez o governo do Brasil, após o falecimento de Manuel Teles de Barreto, de 1587 a 1591. As vias de sucessão determinavam que, além de D. António Barreiros, governassem interinamente o provedor-mor da fazenda e o ouvidor geral Martim Leitão. Acabaram por assumir o cargo, apenas o provedor Cristóvão de Barros e o bispo, uma vez que o ouvidor geral estava ocupado com as guerras da Paraíba.

Pouco tempo depois, durante uma ausência de Cristóvão de Barros, que tinha partido para o recôncavo baiano colher esmolas para a casa Misericórdia, aproveitando o facto de estar um bispo a administrar a colónia, os Ingleses atacaram e tentaram conquistar a cidade de Salvador. Valeu o oportuno regresso do provedor da Fazenda que evitou que estes se apoderassem da cidade.

Para ocupar efectivamente o cargo de governador-geral foi nomeado, em 9 de Março de 1588, Francisco Giraldes, mas após duas tentativas fracassadas de atravessar o Atlântico, este acabou por desistir. Assim, o governo interino prolongou-se mais do que o previsto e permitiu que os governadores fundassem a capitania de Sergipe, conquista necessária para diminuir o poder que os indígenas tinham nesta zona e para controlar a presença francesa no seu litoral. Cristóvão de Barros comandou a expedição, enquanto o bispo ficou, mais uma vez, com os encargos do governo.

Bibliografia:
CAMPO BELO, Conde de, Governadores Gerais e Vice-Reis do Brasil, Lisboa, Agência Geral das Colónias, 1935. Nova história da expansão portuguesa, dir. Joel Serrão e A. H. Oliveira Marques; vol.VI, O império luso-brasileiro:1520-1620, coord. Harold Jonhson e Maria Beatriz Nizza da Silva, Lisboa, Estampa, 1992. VARNHAGEN, Francisco Adolfo de, História Geral do Brasil: antes da sua separação e independência de Portugal, São Paulo, Ed. Melhoramentos, 4ªed., 1948.