Data de publicação
2015
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Impressor ativo em Coimbra a partir de 1600, sucedeu a António de Mariz na oficina que este ali manteve na segunda metade do século XVI. Não conhecemos as suas origens, mas sabemos que foi casado com Maria João, filha de António de Mariz; é possível que tivesse trabalhado na oficina do sogro durante alguns anos já que, em 1598, obteve o privilégio de impressor da Universidade, o que indica que já teria intenções de se estabelecer por conta própria. O final do século XVI foi marcado por um grave surto de epidemias que atingiu, também, a cidade de Coimbra, obrigando António de Mariz a retirar-se da urbe. Não sabemos ao certo porque foi Diogo Gomes de Loureiro a herdar a oficina de Mariz, tanto mais que o velho impressor teve pelo menos cinco filhos: o doutor Pedro de Mariz, autor dos Diálogos de Vária História; Maria João, casada com Gomes de Loureiro; Grácia de Maria, que casou com o licenciado Francisco Gomes de Loureiro, corregedor de Alenquer; Salvador de Mariz e Joana de Mariz, dos quais pouco se sabe. O que parece certo é que, de entre os três primeiros, os estados de Pedro de Mariz e de Francisco Gomes de Loureiro impediam a sua permanência à frente de uma oficina tipográfica.
Deste modo, é Diogo Gomes de Loureiro quem assume a direção da oficina quando ela retoma a sua atividade. No entanto, nos primeiros anos de atividade, refugia-se sempre no carisma do sogro, inscrevendo bastas vezes nos livros que imprimiu a fórmula arquitipógrafo da Universidade (Academiae Architypographi) , reclamando a primazia e antiguidade da sua oficina que, aliás, só teve de disputar com o impressor Manuel de Araújo; mais raramente usou outras fórmulas como Na Officina de Antonio de Mariz . Por seu Genro e Herdeyro Diogo Gomez Loureyro, Impressor da Vniuersidade (Primera parte de Gusman de Alfarache, compuesta por Matheo Aleman [...], 1600), ou Ex officina Antonij à Mariz, Per eius generum & cohaeredem Didacum Gomez Loureyro, Academiae Architypographum (Assertiones, ex uniuersa theologia [...] de Jorge Cabral, 1602).
Diogo Gomes de Loureiro foi irmão da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra, tendo imprimido o seu Compromisso em 1636. Além da Universidade, trabalhou para diversas pessoas e entidades de Coimbra: para o bispo de Coimbra e, entre as ordens religiosas, para os beneditinos e os cistercienses; para D. Jerónimo de Mascarenhas, cónego de Coimbra, Provedor da Misericórdia da cidade e Reitor do Colégio de São Pedro; D. Francisco de Castro, Reitor da Universidade e membro do Conselho Régio; D. Francisco de Brito de Meneses, Reitor da Universidade e membro do Conselho Régio; D. Manuel de Saldanha, Reitor da Universidade e bispo-conde; Simão Bello de Castro, estudante canonista.
A atividade da oficina terá encerrado em 1647 quando, ao que parece, o livreiro Tomé Carvalho a comprou; no entanto, o Manuale Missalis Romani [...] indica que “Este liuro Manual & Missal, se começou a imprimir em a officina de Dioguo Gomes de Loureyro & se acabou na de Manoel de Carualho” . De igual forma, é Manuel de Carvalho que imprime o Tomo II da Benedictina Lusitana, em 1651, tendo o Tomo I sido impresso por Diogo Gomes de Loureiro em 1644; levantam-se, assim, algumas questões acerca do verdadeiro destino da sua oficina.
Entre as obras saídas dos prelos de Diogo Gomes de Loureiro, uma das que maior impato teve foram os Dialogos de Frei Amador Arrais, essencialmente pelo forte discurso antijudaico que o autor manifestou no Diálogo Terceiro; tendo a primeira edição saído da oficina de António de Mariz em 1589, esta segunda impressão, de 1604, regista pelo menos quatro variantes.
A oficina esteve, também, incluída no projeto dos chamados conimbricenses, conjunto de obras encomendadas pela Companhia de Jesus para o ensino nas suas escolas; Diogo Gomes de Loureiro imprime um volume de comentários à dialética universal de Aristóteles em 1606.
No mesmo ano, imprime a Iornada do arcebispo de Goa Dom Frey Aleixo de Menezes Primaz da India Oriental [...], que normalmente anda encadernado com o Synodo diocesano da Igreja e Bispado de Angamale dos antigos christaõs de Sam Thome das serras do Malauar das partes da India Oriental [...] presidido pelo mesmo bispo, também impresso em 1606, sendo ambas as obras saídas do labor do agostiniano Frei António de Gouveia.
Além de algumas dezenas de fascículos ligados a provas académicas, deu à estampa algumas obras ligadas aos agostinianos (como a Regula Diui Augustini [...] de 1608), aos beneditinos (como a Benedictina Lusitana, Tomo I, 1644), apologia católica ( Defensio fidei catholicae [...] de Francisco Suarez, impresso em 1613) e espiritualidade, livros litúrgicos, alguns sermões e algumas obras encomiásticas ou literárias.
Bibliografia:
GONÇALVES, José Jorge David de Freitas, A imprensa em Coimbra no século XVII, dissertação de doutoramento apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, 2010, p. 14-20; Anexos, p. 3-60.
Deste modo, é Diogo Gomes de Loureiro quem assume a direção da oficina quando ela retoma a sua atividade. No entanto, nos primeiros anos de atividade, refugia-se sempre no carisma do sogro, inscrevendo bastas vezes nos livros que imprimiu a fórmula arquitipógrafo da Universidade (Academiae Architypographi) , reclamando a primazia e antiguidade da sua oficina que, aliás, só teve de disputar com o impressor Manuel de Araújo; mais raramente usou outras fórmulas como Na Officina de Antonio de Mariz . Por seu Genro e Herdeyro Diogo Gomez Loureyro, Impressor da Vniuersidade (Primera parte de Gusman de Alfarache, compuesta por Matheo Aleman [...], 1600), ou Ex officina Antonij à Mariz, Per eius generum & cohaeredem Didacum Gomez Loureyro, Academiae Architypographum (Assertiones, ex uniuersa theologia [...] de Jorge Cabral, 1602).
Diogo Gomes de Loureiro foi irmão da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra, tendo imprimido o seu Compromisso em 1636. Além da Universidade, trabalhou para diversas pessoas e entidades de Coimbra: para o bispo de Coimbra e, entre as ordens religiosas, para os beneditinos e os cistercienses; para D. Jerónimo de Mascarenhas, cónego de Coimbra, Provedor da Misericórdia da cidade e Reitor do Colégio de São Pedro; D. Francisco de Castro, Reitor da Universidade e membro do Conselho Régio; D. Francisco de Brito de Meneses, Reitor da Universidade e membro do Conselho Régio; D. Manuel de Saldanha, Reitor da Universidade e bispo-conde; Simão Bello de Castro, estudante canonista.
A atividade da oficina terá encerrado em 1647 quando, ao que parece, o livreiro Tomé Carvalho a comprou; no entanto, o Manuale Missalis Romani [...] indica que “Este liuro Manual & Missal, se começou a imprimir em a officina de Dioguo Gomes de Loureyro & se acabou na de Manoel de Carualho” . De igual forma, é Manuel de Carvalho que imprime o Tomo II da Benedictina Lusitana, em 1651, tendo o Tomo I sido impresso por Diogo Gomes de Loureiro em 1644; levantam-se, assim, algumas questões acerca do verdadeiro destino da sua oficina.
Entre as obras saídas dos prelos de Diogo Gomes de Loureiro, uma das que maior impato teve foram os Dialogos de Frei Amador Arrais, essencialmente pelo forte discurso antijudaico que o autor manifestou no Diálogo Terceiro; tendo a primeira edição saído da oficina de António de Mariz em 1589, esta segunda impressão, de 1604, regista pelo menos quatro variantes.
A oficina esteve, também, incluída no projeto dos chamados conimbricenses, conjunto de obras encomendadas pela Companhia de Jesus para o ensino nas suas escolas; Diogo Gomes de Loureiro imprime um volume de comentários à dialética universal de Aristóteles em 1606.
No mesmo ano, imprime a Iornada do arcebispo de Goa Dom Frey Aleixo de Menezes Primaz da India Oriental [...], que normalmente anda encadernado com o Synodo diocesano da Igreja e Bispado de Angamale dos antigos christaõs de Sam Thome das serras do Malauar das partes da India Oriental [...] presidido pelo mesmo bispo, também impresso em 1606, sendo ambas as obras saídas do labor do agostiniano Frei António de Gouveia.
Além de algumas dezenas de fascículos ligados a provas académicas, deu à estampa algumas obras ligadas aos agostinianos (como a Regula Diui Augustini [...] de 1608), aos beneditinos (como a Benedictina Lusitana, Tomo I, 1644), apologia católica ( Defensio fidei catholicae [...] de Francisco Suarez, impresso em 1613) e espiritualidade, livros litúrgicos, alguns sermões e algumas obras encomiásticas ou literárias.
Bibliografia:
GONÇALVES, José Jorge David de Freitas, A imprensa em Coimbra no século XVII, dissertação de doutoramento apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, 2010, p. 14-20; Anexos, p. 3-60.