Data de publicação
2012
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Filho primogénito de D. Afonso de Noronha (vice-rei da Índia entre 1550 e 1554) e de D. Maria de Eça, era sobrinho, pelo lado paterno, de D. Pedro de Meneses, 3º marquês de Vila Real e, pelo lado materno, de António de Miranda, senhor do concelho de Serém e da Macieira. Deverá ter nascido no início da década de 1530. Aquando da nomeação do seu pai para a capitania de Ceuta, em 1538, é provável que o tenha acompanhado, iniciando a sua carreira de armas naquela praça, ao lado do primo D. Antão de Noronha (futuro capitão de Ormuz, entre 1556 e 1559, e vice-rei da Índia, entre 1564 e 1568). Em 1545, participou ao lado do pai no bem-sucedido ataque a Tetuão. No entanto, desde o início parece ter existido por parte de D. Afonso uma preferência pelo primo D. Antão, que foi o nomeado para coadjuvar D. Maria de Eça na capitania em 1547-48, quando D. Afonso de Noronha foi chamado ao Reino por D. João III. Só em 1549-1550, D. Fernando foi capitão interino de Ceuta e por o pai se encontrar no Seinal. Quando em 1550, o Piedoso nomeou D. Afonso como vice-rei da Índia, D. Fernando partiu com o pai e o primo D. Antão, provavelmente nomeado como capitão-mor do mar da Índia. Porém, logo em inícios de 1551, a propósito da nomeação do capitão-mor do Mar Vermelho, ter-se-á oposto à nomeação inicial de D. Jerónimo de Castelo Branco, feita pelo seu pai, dispondo-se a enfrentar aquele fidalgo em duelo. Em 1551, acompanhou o vice-rei na expedição ao Ceilão, de onde regressou prematuramente, doente, e agravado com aquele, tendo D. Antão procurado apaziguar os seus ânimos. Já em 1552, foi nomeado para preparar a carga das naus, embora a sua nomeação viesse a ser ultrapassada pela de Francisco Barreto, pouco depois. O inequívoco desejo de protagonismo que evidenciou, por ser filho do vice-rei da Índia, só foi atendido quando o pai o nomeou, em Fevereiro de 1554, para a capitania-mor do Golfo Pérsico. Uma vez mais acompanhado pelo primo D. Antão e com ordem expressa de nada fazer sem o conselho do primo, D. Fernando de Meneses logrou destroçar a armada turca de Seydi Ali Reis que tencionava sair do Golfo Pérsico. A vitória que alcançou e que o cobriu de glória, foi festejada em Goa pelo pai e pelo novo vice-rei D. Pedro Mascarenhas.
Ao regressar ao Reino com D. Afonso, em 1555, e não acompanhado do primo D. Antão, D. Fernando viu confirmado pelo rei o direito a herdar tudo o que pertencia ao pai quando este falecesse. Posteriormente, em Março-Abril de 1557, foi nomeado capitão de Ceuta, sendo o seu mandato marcado por dificuldades militares e políticas. Uma vez chegado à capitania, D. Fernando solicitou, em Setembro de 1557, reforços e mantimentos, possivelmente prevendo o ataque a que cidade esteve sujeita no ano seguinte, o qual só foi rechaçado com ajudas vindas de Tânger. No entanto, as constantes ameaças de intervenção turca em Tetuão e as negociações com o Xerife de Marrocos, para o resgate de cativos, foram os factos que mais marcaram a sua governação. Tendo partido com ordens de contenção de despesas e sem autorização de recorrer aos dinheiros da Misericórdia de Ceuta para financiar resgates, Meneses, procurando agradar à regente D. Catarina nesta questão, viu-se envolvido em polémicas. Em 1559 foi acusado de desviar fundos da Misericórdia para os resgates e para gastos pessoais. Não tendo a regente mandado apurar o caso como ele desejava, D. Fernando ausentou-se da capitania em 1561, em protesto e em momento de ameaça militar, alegadamente temendo pela vida. O pai escrevera à regente os motivos da sua partida, mas D. Catarina, irada com a situação, nomeou D. Afonso de Noronha para ir a Ceuta pôr termo à ameaça turca. Uma vez ali chegado, este conteve a instabilidade causada pelo alcaide de Tetuão, que pedia socorro contra o cerco do Xerife, e sugeriu à rainha o envio do filho para conquistar aquela cidade. D. Fernando regressou à cidade, mas não chegou a comandar nenhuma expedição de conquista de Tetuão. O seu regresso só fora possível graças à intervenção do secretário Pedro de Alcáçova Carneiro junto de D. Catarina. Em 1562, D. Fernando voltou a ausentar-se da cidade devido às Cortes do final desse ano, embora viesse a exercer a capitania até 1564, ano da chegada do novo capitão, D. Pedro da Cunha. Só em 1562, D. Fernando logrou limpar o seu nome das polémicas em que se viu envolvido, ao vencer uma armada turca e derrotar uma investida moura.
Tornando-se figura próxima do cardeal-infante D. Henrique e de D. Sebastião, alcançou a nomeação para conselheiro régio em 1567, tendo à data do falecimento do seu pai, em 1573, herdado a comenda de São João da Castanheira. Deverá ter falecido antes da batalha de Alcácer-Quibir pois a última referência que se lhe conhece data de 1574, momento em que o seu nome surge indicado na participação de um ataque a Larache. A sua comenda e a tença de 100 mil reis foram herdadas pela sua segunda esposa, D. Antónia de Mendonça, filha de Manuel de Melo Coutinho, vedor da princesa D. Maria, esposa de Filipe II. Do seu anterior casamento com D. Maria de Vilhena, filha de Manuel Teles, senhor de Unhão, também não resultara qualquer descendência.
Bibliografia:
BRAGA, Isabel, BRAGA, Paulo Drumond, «Ceuta Portuguesa (1415-1656)», Ceuta, Instituto Ceutíes, 1998; COUTO, Diogo do, «Da Ásia», VII, ii-v, Lisboa, Livraria San Carlos, 1974; FRANCA, Alejando Correa, «Historia de la mui nobre y fidelíssima ciudad de Ceuta», edição de Maria Carmen del Camino, transcrição de Maria Polores Morillo e introdução de Carlos Posac Mon, Ceuta, Ciudad Autónoma de Ceuta (Consejaría de Educación y Cultura), s.d.; VILA-SANTA, Nuno, «D. Afonso de Noronha, Vice-Rei da Índia: Perspectivas Políticas do Reino e do Império em meados de Quinhentos», Lisboa, CHAM, 2011.
Ao regressar ao Reino com D. Afonso, em 1555, e não acompanhado do primo D. Antão, D. Fernando viu confirmado pelo rei o direito a herdar tudo o que pertencia ao pai quando este falecesse. Posteriormente, em Março-Abril de 1557, foi nomeado capitão de Ceuta, sendo o seu mandato marcado por dificuldades militares e políticas. Uma vez chegado à capitania, D. Fernando solicitou, em Setembro de 1557, reforços e mantimentos, possivelmente prevendo o ataque a que cidade esteve sujeita no ano seguinte, o qual só foi rechaçado com ajudas vindas de Tânger. No entanto, as constantes ameaças de intervenção turca em Tetuão e as negociações com o Xerife de Marrocos, para o resgate de cativos, foram os factos que mais marcaram a sua governação. Tendo partido com ordens de contenção de despesas e sem autorização de recorrer aos dinheiros da Misericórdia de Ceuta para financiar resgates, Meneses, procurando agradar à regente D. Catarina nesta questão, viu-se envolvido em polémicas. Em 1559 foi acusado de desviar fundos da Misericórdia para os resgates e para gastos pessoais. Não tendo a regente mandado apurar o caso como ele desejava, D. Fernando ausentou-se da capitania em 1561, em protesto e em momento de ameaça militar, alegadamente temendo pela vida. O pai escrevera à regente os motivos da sua partida, mas D. Catarina, irada com a situação, nomeou D. Afonso de Noronha para ir a Ceuta pôr termo à ameaça turca. Uma vez ali chegado, este conteve a instabilidade causada pelo alcaide de Tetuão, que pedia socorro contra o cerco do Xerife, e sugeriu à rainha o envio do filho para conquistar aquela cidade. D. Fernando regressou à cidade, mas não chegou a comandar nenhuma expedição de conquista de Tetuão. O seu regresso só fora possível graças à intervenção do secretário Pedro de Alcáçova Carneiro junto de D. Catarina. Em 1562, D. Fernando voltou a ausentar-se da cidade devido às Cortes do final desse ano, embora viesse a exercer a capitania até 1564, ano da chegada do novo capitão, D. Pedro da Cunha. Só em 1562, D. Fernando logrou limpar o seu nome das polémicas em que se viu envolvido, ao vencer uma armada turca e derrotar uma investida moura.
Tornando-se figura próxima do cardeal-infante D. Henrique e de D. Sebastião, alcançou a nomeação para conselheiro régio em 1567, tendo à data do falecimento do seu pai, em 1573, herdado a comenda de São João da Castanheira. Deverá ter falecido antes da batalha de Alcácer-Quibir pois a última referência que se lhe conhece data de 1574, momento em que o seu nome surge indicado na participação de um ataque a Larache. A sua comenda e a tença de 100 mil reis foram herdadas pela sua segunda esposa, D. Antónia de Mendonça, filha de Manuel de Melo Coutinho, vedor da princesa D. Maria, esposa de Filipe II. Do seu anterior casamento com D. Maria de Vilhena, filha de Manuel Teles, senhor de Unhão, também não resultara qualquer descendência.
Bibliografia:
BRAGA, Isabel, BRAGA, Paulo Drumond, «Ceuta Portuguesa (1415-1656)», Ceuta, Instituto Ceutíes, 1998; COUTO, Diogo do, «Da Ásia», VII, ii-v, Lisboa, Livraria San Carlos, 1974; FRANCA, Alejando Correa, «Historia de la mui nobre y fidelíssima ciudad de Ceuta», edição de Maria Carmen del Camino, transcrição de Maria Polores Morillo e introdução de Carlos Posac Mon, Ceuta, Ciudad Autónoma de Ceuta (Consejaría de Educación y Cultura), s.d.; VILA-SANTA, Nuno, «D. Afonso de Noronha, Vice-Rei da Índia: Perspectivas Políticas do Reino e do Império em meados de Quinhentos», Lisboa, CHAM, 2011.