Data de publicação
2009
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Chamam-se «diários de bordo» aos textos em que os pilotos de uma nau ou caravela iam dia-a-dia apontando as derrotas seguidas, as alturas do Sol ou das estrelas que tomavam (quando as tomavam), a declinação da agulha (caso a observassem) e todas as restantes observações que supunham terem interesse para a navegação, como a vista de certas aves, as cores do mar, a obserevação de cardumes que se consideravam indicadores da área em que o navio se encontrava, etc. Todos estes elementos eram escritos de forma muito sucinta e de modo directo, sendo muito raras as considerações interpretativas ou de crítica. Exceptuam-se, bem entendido, os chamados «Roteiros» de D. João de Castro. Eles são efectivamente, «diários de bordo», mas o seu autor, com uma cultura e, sobretudo, com uma curiosidade muito superior ao piloto corrente, não se limita à anotação seca, embora precisa do que lhe ia sendo dado observar. De resto, só dispomos de compilações de «diários» para viagens efectuadas no final do século XVI. Mas o exemplo vinha desde o da viagem de Vasco da Gama, supostamente escrito (e com boas razões) por Álvaro Velho, que é conhecido errada por «roteiro», mas é, de facto um diário (embora acompanhe as incursões em terra do futuro almirante). No Livro de Marinharia, de Bernardo Fernandes, existem resumo de «diários de bordo» da primeira metade do século XVI, mas com um pequeno número de informações de interesse. DO final deste século e do inicio do século imediato conserva-se uma dúzia de diários de navegação escritos por famosos pilotos da época, reunidos em dois códices pertencentes à Academia das Ciências de Lisboa e ao Arquivo Histórico Militar. Foram publicados por Quirino da Fonseca e Humberto Leitão.

Artigo originalmente publicado no Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, dir. Luís de Albuquerque, e reproduzido por cortesia do Círculo de Leitores