Data de publicação
2009
Categorias
Período
Área Geográfica
16.º bispo de Cabo Verde.

Nasceu c. de 1683 e era franciscano da província da Soledade. Foi apresentado em 1742 e confirmado e sagrado em 1743. Fez entrada solene na diocese no sábado de Ramos de 1744. Recebeu uma série de acrescentamentos financeiros que nada mais eram que promessas dado que se destinavam a ser pagos na alfândega de Santiago onde existiam muitos poucos rendimentos fiscais, que para além disso eram distribuídos por rateio entre oficiais seculares e eclesiásticos. D. Fr. João de Moreira só conseguiu angariar 6 padres reinóis para o acompanhar. O cabido acolheu muito bem o bispo, dado que desde 1731 que não se encontrava nenhum prelado residente que pudesse dar ordens sacras ou apresentar os filhos da terra para as paróquias ou para os postos do cabido e que estes já não tinham influência nos circuitos cortesãos para alcançar carta de apresentação. Depois de uma série de pressões de prelados anteriores e também do cabido que mantinha um clérigo reinól como procurador em Lisboa em 1743 as côngruas foram finalmente aumentadas depois da última actualização datar de 1609. A desordem era tal que se havia perdido registo de quanto auferiam os párocos. Se não havia dinheiro para pagar ao clero muito menos existia para reparar e prover de ornamentos e paramentos as igrejas, muitas das quais estavam a céu aberto e nem sequer tinham espécies consagradas. Nas ilhas do Barlavento, os vigários conluiavam-se com os feitores e apropriavam-se de todos os dixímos do comércio a título de côngrua. Os capitulares reinóis quase todos se haviam ausentado, pelo que se requereu ao bispo que averiguasse se os ausentes tinham perdido direito às côngruas e que em caso afirmativo aplicasse o dinheiro no reparo das igrejas. Alguns padres da terra continuavam a não revelar qualquer respeito pela hierarquia do ordinário e mesmo quando saíam sentenciados em suspensão pelo ordinário continuavam a exercer. O grande recurso da diocese continuavam a ser os missionários franciscanos que assistiam nas paróquias e que se financiavam com o trato nos Rios de Guiné, auxiliando o clero local nas paróquias nos momentos mais solenes do calendário litúrgico como a Quaresma e a Semana Santa, além de oficiaram na catedral, pregarem na cidade da Ribeira Grande e ensinarem aos ordinandos. D. Fr. João de Moreira viria a falecer em 1747.

Bibliografia:
ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, nova ed.preparada e dirigida por Damião Peres, vol. II, Porto-Lisboa, Livraria Civilização, 1968, pp. 687 Anónimo (1784), Notícia Corográfica e Cronológica do Bispado de Cabo Verde, … edição e notas de António Carreira, Lisboa, Instituto Caboverdeano do Livro, 1985. PAIVA, José Pedro, Os Bispos de Portugal e do Império, 1495-1777, Coimbra, Imprensa da Universidade, 2006. REMA, Henrique Pinto, "Diocese de Cabo Verde", História Religiosa de Portugal, dir. de Carlos Azevedo, Lisboa, Círculo de Leitores, 2001, vol. II, A-C, pp. 280-284. SOARES, Maria João, "A Igreja em tempo de mudança política, social e cultural", História Geral de Cabo Verde, vol. III, coord. de Maria Emília Madeira Santos, Lisboa-Praia, IICT-INIPPC, 2002, pp. 390-393.