Data de publicação
2009
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1.Ilha no Oceano Atlântico Sul, a 1,950 Km a Oeste da costa sudoeste de África. Existem várias versões sobre a sua descoberta. De acordo com a mais conhecida, foi descoberta pela primeira vez por João da Nova em 1502, mas tem sido defendido que quem a descobriu na verdade foi D. Estevão da Gama, em 1503. Ambos eram capitães portugueses que regressavam da Índia pela rota marítima descoberta por Vasco da Gama em 1498. Por estar bem abastecida de àgua potável, a ilha viria a revelar-se um porto de escala muito conveniente para as naus da Carreira da Índia que fazia a viagem de regresso, que começaram a parar regularmente neste porto na segunda década do século XVI. Os fortes ventos Alísios de sudeste que prevaleciam nessa área impediam os navios que se dirigiam a sul, na viagem de ida, de fazer o mesmo. O facto de a ilha ser remota e pouco atractiva em termos económicos preservou-a de uma colonização permanente pelos portugueses, que se contentaram em utilizá-la como um porto de escala a meio do oceano. Estes foram responsáveis pela introdução de gado e árvores de fruto na ilha, o que aumentou as reservas de comida disponível durante a estadia (existia já bastante peixe para ser pescado). Os viajantes Jan Huygen van Linschoten (holandês) e François Pyrard de Laval (francês) deixaram descrições impressionantes de como a curta estada em Santa Helena era desejada pela tripulação e pelos passageiros, geralmente exaustos pela difícil passagem pelo Cabo da Boa Esperança. 2. Em 1588, o navegador inglês Thomas Cavendish parou em Santa Helena no decurso da sua viagem de circum-navegação de 1586-1588, pondo fim a um período em que os portugueses tinham tido acesso exclusivo à ilha. Este facto esteve provavelmente por trás da proibição temporária de as naus da Carreira da Índia pararem na ilha nos próximos anos, decisão que deverá igualmente ser percepcionada à luz dos acontecimentos da Guerra Anglo-Espanhola de 1585-1604, durante a qual os corsários ingleses representavam um desafio sem precedentes ao poder marítimo ibérico (de relembrar que os portugueses viveram sob jugo espanhol de 1580 a 1640). No entanto, a medida depressa foi levantada e a paragem em Santa Helena passou inclusivamente a ser obrigatória, com a intenção de a transformar num local de encontro para as embarcações que faziam a viagem de regresso. Após se terem encontrado na ilha, as embarcações prosseguiriam para Lisboa juntas, um meio de se protegerem contra corsários ingleses. Pela mesma altura, os holandeses e os ingleses começaram a competir com os portugueses, viajando regularmente para a Ásia pela rota do Cabo, um processo que levou pouco depois à fundação da Companhia das Índias Orientais Inglesa (1600), e da companhia holandesa, a Vereenigde Oost-Indische Compagnie, conhecida como VOC (1602). Tal como os seus predecessores, os ingleses e os holandeses habituaram-se a parar em Santa Helena na sua viagem de regresso. Os encontros eram inevitáveis e, após um encontro tenso entre portugueses e holandeses em 1597, vários conflitos violentos despoletaram em 1600 e 1602, o último dos quais resultou na captura de um galeão português, o Santiago, por dois navios holandeses. Este incidente levou a que se retomasse a proibição de que navios portugueses parassem na ilha, o que nem sempre era fácil de fazer cumprir. A medida foi suspendida por um curto período de tempo, no rescaldo das tréguas entre a Espanha e a Holanda de 609-1621, mas foi retomada imediatamente dois anos depois, dado que as tréguas provaram serem sem efeito longe da Europa. No entanto, os navios portugueses continuaram a parar na ilha, embora provavelmente não com muita regularidade. Tiveram lugar mais incidentes violentos, na forma de uma batalha entre frotas portuguesas e anglo-holandesas em 1613, e dois conflitos em 1625, que resultaram na perda dos navios holandeses Witte Leeuw, em 1613, e Middelburgh (1625). Pode-se, portanto, concluir que a retirada portuguesa de Santa Helena na primeira metade do século XVII não foi completa. Mas não se pode negar que o perigo de encontros desagradáveis conseguiu diminuir a regularidade com que paravam na ilha no século XVI.
Bibliografia:
DISNEY, Anthony, "The Portuguese and Saint Helena", in Portos, Escalas e Ilhéus no Relacionamento entre o Ocidente e o Oriente, Avelino de Freitas Meneses (ed.), vol. I, Lisboa, 2001. MURTEIRA, André, "Combates luso-neerlandeses em Santa Helena, 1597-1625", in Anais de História de Além-Mar, Vol.7, December, 2006. VIDAGO, João, "Ilha de Santa Helena, Ilha dos Amores, escala da Carreira da Índia, 1502-1625", in Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, July-December, 1976.
Traduzido do Inglês por: Dominique Faria
Bibliografia:
DISNEY, Anthony, "The Portuguese and Saint Helena", in Portos, Escalas e Ilhéus no Relacionamento entre o Ocidente e o Oriente, Avelino de Freitas Meneses (ed.), vol. I, Lisboa, 2001. MURTEIRA, André, "Combates luso-neerlandeses em Santa Helena, 1597-1625", in Anais de História de Além-Mar, Vol.7, December, 2006. VIDAGO, João, "Ilha de Santa Helena, Ilha dos Amores, escala da Carreira da Índia, 1502-1625", in Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, July-December, 1976.
Traduzido do Inglês por: Dominique Faria