Data de publicação
2009
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Localizado em pleno Oceano Atlântico Norte (entre 36o e 43º de latitude Norte e entre 25º e 31º de longitude Oeste), o arquipélago dos Açores faz parte da região da Macaronésia, juntamente com a Madeira, as Canárias, Cabo Verde e o Noroeste Africano.
Os Açores são compostos por nove ilhas que ocupam uma superfície de 2 329,67 km2, divididas em três grupos, todos eles com diversos ilhéus nas imediações costeiras. O oriental é formado pelas ilhas de Santa Maria (97 km2) e de São Miguel (747 km2). O central é composto pelas ilhas Terceira (397 km2), Graciosa (61 km2), São Jorge (238 km2), Faial (173 km2) e Pico (447 km2). O ocidental é constituído pelas ilhas das Flores (143 km2) e do Corvo (17 km2).
O conhecimento sobre a descoberta das ilhas ainda hoje suscita divergências. É admissível considerar que a longa tradição marítima da Europa e do Médio Oriente possa ter possibilitado, em tempos e circunstâncias diversas, a visualização das ilhas açorianas e, eventualmente, o seu desembarque. Entre outro tipo de documentação, refira-se a alusão aos Açores no Libro del Conoscimiento, escrito por um franciscano espanhol, entre 1345 a 1348 e o desenho, em diversos portulanos que compõem a cartografia do século XIV, de nove ilhas situadas numa área próxima à efectiva localização açoriana, embora representadas com uma orientação incorrecta. Serão as fontes cartográficas e documentais dos séculos XV e XVI a referir a descoberta portuguesa das ilhas açorianas, nomeadamente dos grupos oriental e central entre 1427 e 1431, quando o Infante D. Henrique ordena o lançamento de gado e aves domésticas nas ilhas de São Miguel e Santa Maria. Ora, este dado é que confere um novo significado à questão da descoberta das ilhas, pois é a dinâmica do reino de Portugal que integra os Açores no mapa europeu, não apenas numa óptica de identificação geográfica (como até então), mas num verdadeiro projecto de "humanização".
O povoamento insular dependeu de dois factores fundamentais. O primeiro é de ordem interna e prende-se com a localização geográfica do arquipélago, a acessibilidade e a potencialidade económica de cada uma das ilhas. O segundo é de ordem externa e relaciona-se com a dinâmica da expansão portuguesa no seu todo. Os prioritários interesses da coroa portuguesa na costa ocidental africana e as agitações políticas em consequência da morte do rei D. Duarte prorrogaram o povoamento açoriano, que apenas assumiria expressão consolidada na segunda metade do século XV (grupos oriental e central) e inícios do século XVI (grupo ocidental). Lentamente, as ilhas açorianas foram-se povoando e, em finais do século XVI, a população dos Açores já contabilizava 65 000 habitantes. Este quantitativo reflecte o êxito do processo colonizador. Da população portuguesa reinol (Algarve, Alentejo, Beira-Alta, Entre-Douro, Minho ) terão vindo homens e famílias, alguns deles já experimentados na vida insular da Madeira. Atraídas pelas novas da fertilidade açoriana, entusiasmadas pela ideia de enriquecimento, expectantes de uma revitalização social e /ou enlevadas por um espírito aventureiro, vieram gentes de níveis sociais diversos. Além do mais, o isolamento geográfico insular oferecia novas oportunidades para os que desejavam uma sociedade mais tolerante e, por isso, mouriscos e judeus também se sentiram impelidos a ir para os Açores. Todavia, a fragilidade do quadro demográfico nacional também gerou o incentivo régio à vinda de indivíduos de outras zonas da Europa renascentista, entre os quais se destacam alguns ingleses e, com maior ênfase, flamengos, fenómeno particularmente importante para o povoamento das ilhas do grupo central, que não a Terceira. Mas o voluntarismo de muitos povoadores não nos permite esquecer uma imigração coactiva, composta essencialmente por escravos e degredados, compulsivamente enviados para o arquipélago para o desempenho de actividades no sector primário e no circuito doméstico.
Face ao predomínio do povoamento continental, a sociedade açoriana organizou-se de acordo com o dominante modelo europeu, numa amálgama recheada de bispos, padres de paróquia, frades, freiras, escudeiros, cavaleiros, trabalhadores rurais, artífices, comerciantes, advogados, médicos, professores, criados, escravos A composição social insular espelhava, pois, a organização tripartida, herdeira da complexa pirâmide medieval (Clero, Nobreza e Povo).
Bibliografia:
AAVV, História dos Açores. Do descobrimento ao século XX, direcção científica de Artur Teodoro de Matos, Avelino de Freitas de Meneses e José Guilherme Reis Leite, Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura, 2008, três volumes. COSTA, Susana Goulart, Açores: Nove Ilhas, Uma História / Azores: Nine Islands, One History, Berkeley, University of California, 2008.
Os Açores são compostos por nove ilhas que ocupam uma superfície de 2 329,67 km2, divididas em três grupos, todos eles com diversos ilhéus nas imediações costeiras. O oriental é formado pelas ilhas de Santa Maria (97 km2) e de São Miguel (747 km2). O central é composto pelas ilhas Terceira (397 km2), Graciosa (61 km2), São Jorge (238 km2), Faial (173 km2) e Pico (447 km2). O ocidental é constituído pelas ilhas das Flores (143 km2) e do Corvo (17 km2).
O conhecimento sobre a descoberta das ilhas ainda hoje suscita divergências. É admissível considerar que a longa tradição marítima da Europa e do Médio Oriente possa ter possibilitado, em tempos e circunstâncias diversas, a visualização das ilhas açorianas e, eventualmente, o seu desembarque. Entre outro tipo de documentação, refira-se a alusão aos Açores no Libro del Conoscimiento, escrito por um franciscano espanhol, entre 1345 a 1348 e o desenho, em diversos portulanos que compõem a cartografia do século XIV, de nove ilhas situadas numa área próxima à efectiva localização açoriana, embora representadas com uma orientação incorrecta. Serão as fontes cartográficas e documentais dos séculos XV e XVI a referir a descoberta portuguesa das ilhas açorianas, nomeadamente dos grupos oriental e central entre 1427 e 1431, quando o Infante D. Henrique ordena o lançamento de gado e aves domésticas nas ilhas de São Miguel e Santa Maria. Ora, este dado é que confere um novo significado à questão da descoberta das ilhas, pois é a dinâmica do reino de Portugal que integra os Açores no mapa europeu, não apenas numa óptica de identificação geográfica (como até então), mas num verdadeiro projecto de "humanização".
O povoamento insular dependeu de dois factores fundamentais. O primeiro é de ordem interna e prende-se com a localização geográfica do arquipélago, a acessibilidade e a potencialidade económica de cada uma das ilhas. O segundo é de ordem externa e relaciona-se com a dinâmica da expansão portuguesa no seu todo. Os prioritários interesses da coroa portuguesa na costa ocidental africana e as agitações políticas em consequência da morte do rei D. Duarte prorrogaram o povoamento açoriano, que apenas assumiria expressão consolidada na segunda metade do século XV (grupos oriental e central) e inícios do século XVI (grupo ocidental). Lentamente, as ilhas açorianas foram-se povoando e, em finais do século XVI, a população dos Açores já contabilizava 65 000 habitantes. Este quantitativo reflecte o êxito do processo colonizador. Da população portuguesa reinol (Algarve, Alentejo, Beira-Alta, Entre-Douro, Minho ) terão vindo homens e famílias, alguns deles já experimentados na vida insular da Madeira. Atraídas pelas novas da fertilidade açoriana, entusiasmadas pela ideia de enriquecimento, expectantes de uma revitalização social e /ou enlevadas por um espírito aventureiro, vieram gentes de níveis sociais diversos. Além do mais, o isolamento geográfico insular oferecia novas oportunidades para os que desejavam uma sociedade mais tolerante e, por isso, mouriscos e judeus também se sentiram impelidos a ir para os Açores. Todavia, a fragilidade do quadro demográfico nacional também gerou o incentivo régio à vinda de indivíduos de outras zonas da Europa renascentista, entre os quais se destacam alguns ingleses e, com maior ênfase, flamengos, fenómeno particularmente importante para o povoamento das ilhas do grupo central, que não a Terceira. Mas o voluntarismo de muitos povoadores não nos permite esquecer uma imigração coactiva, composta essencialmente por escravos e degredados, compulsivamente enviados para o arquipélago para o desempenho de actividades no sector primário e no circuito doméstico.
Face ao predomínio do povoamento continental, a sociedade açoriana organizou-se de acordo com o dominante modelo europeu, numa amálgama recheada de bispos, padres de paróquia, frades, freiras, escudeiros, cavaleiros, trabalhadores rurais, artífices, comerciantes, advogados, médicos, professores, criados, escravos A composição social insular espelhava, pois, a organização tripartida, herdeira da complexa pirâmide medieval (Clero, Nobreza e Povo).
Bibliografia:
AAVV, História dos Açores. Do descobrimento ao século XX, direcção científica de Artur Teodoro de Matos, Avelino de Freitas de Meneses e José Guilherme Reis Leite, Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura, 2008, três volumes. COSTA, Susana Goulart, Açores: Nove Ilhas, Uma História / Azores: Nine Islands, One History, Berkeley, University of California, 2008.