Data de publicação
2009
Categorias
2.º bispo de Cabo Verde.
Em Setembro de 1538 foi apresentado como bispo de Cabo Verde D. João Parvi, membro do cabido da prestigiada sé de Évora, onde era arcediago do bago e cónego magistral, tendo sido o eclesiástico a oficiar nesta cátedra. Era contemporâneo de D. Martinho de Portugal, enviado régio a Roma a fim de criar as dioceses de Angra, Cabo Verde, S. Tomé e Goa, facto que pode ter sido relevante na sua escolha. Era de origem francesa, natural da diocese de Baiona e tinha por nome comum João Petit, tendo sido naturalizado por mercê de D. João III. Esteve integrado no núcleo humanista de Évora de que também fizeram parte nomes como D. Francisco de Melo, mestre André de Resende e Nicolau Clenardo. Foi confirmado pela cúria romana em 23 de Setembro de 1538. Começou a conferir ordens sacras em 19 de Outubro deste mesmo ano, pelo que deve ter sido sagrado na dignidade episcopal por este período. Demorou a ir residir ao bispado e há notícias da sua permanência em Évora até Janeiro de 1545. Em Setembro deste ano elaborou testamento, no qual deixou por seu herdeiro Reginaldo Parvi, seu sobrinho. Neste documento afirma estar de partida para a ilha de Santiago de Cabo Verde, onde deve ter chegado em finais de 1545, tornando-se o primeiro bispo residente. Viria a falecer na cidade da Ribeira Grande em 29 de Dezembro de 1546, com apenas cerca de um ano de episcopado. O padroado régio estava ciente do arranque frágil dos bispados atlânticos insulares e, enquanto D. João Parvi não foi residir o rei nomeou um visitador do arquipélago, que devia exercer igualmente o posto de lugar-tenente do vigário-geral e ouvidor do eclesiástico em Cabo Verde. Foi designado Afonso Martins, beneficiado ida igreja da cidade da Ribeira Grande que, entre outras acções fiscalizadoras que terá desenvolvido, se deslocou à ilha do Fogo a pedido da elite local a fim de fazer visitação à igreja de S. Filipe na vila com o mesmo nome. Cerca de 120 anos mais tarde Manuel Severim de Faria, em tom apologético, refere-se a D. João Parvi como um sacrificado ao serviço da igreja, afirmando que faleceu rapidamente depois de chegar devido ao fervor com que se dedicava à actividade pastoral, não tendo sequer observado o devido resguardo de saúde de alguns meses a que o clima local obrigava os reinóis. Diz textualmente que «expirou estando crismando, afrontado com o trabalho de muita gente». Ainda em Portugal, em 1538, fez chegar à Inquisição de Lisboa uma carta sobre os abusos dos cristãos-novos nas ilhas de Cabo Verde, pelo que deve ter trocado correspondência com as autoridades civis e eclesiásticas locais. D. João Parvi deu início à organização das estruturas diocesanas, nomeadamente ao cabido, conforme o prescrevia a bula de criação do bispado de Cabo Verde. Deixou um foro ao cabido para lhe dizer missas por sua alma. Foi sepultado na igreja de Nossa Sr.ª do Rosário da Ribeira Grande.
Bibliografia:
Anónimo (1784), Notícia Corográfica e Cronológica do Bispado de Cabo Verde, edição e notas de António Carreira, Lisboa, Instituto Caboverdeano do Livro, 1985. ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, nova ed.preparada e dirigida por Damião Peres, vol. II, Porto-Lisboa, Livraria Civilização, 1968, pp. 685. PAIVA, José Pedro, Os Bispos de Portugal e do Império, 1495-1777, Coimbra, Imprensa da Universidade, 2006. REMA, Henrique Pinto, "Diocese de Cabo Verde", História Religiosa de Portugal, dir. de Carlos Azevedo, Lisboa, Círculo de Leitores, 2001, vol. II, A-C, pp. 280-284. SANTOS, Maria Emília Madeira; SOARES, Maria João, "Igreja, Missionação e Sociedade", História Geral de Cabo Verde, vol. II, coord. de Maria Emília Madeira Santos, Lisboa-Praia, IICT-INCCV, 1995, pp. 382-383. SOUSA, António Caetano de, Catálogo dos bispos das igrejas de Cabo Verde, S. Tomé e Angola in Colleçam dos documentos, estatutos e memórias da Academia real da História Portugueza que neste anno de 1722 se compuzerão e se imprimirão por ordem dos seus censores, Lisboa, Pascoal da Sylva, 1722.
Em Setembro de 1538 foi apresentado como bispo de Cabo Verde D. João Parvi, membro do cabido da prestigiada sé de Évora, onde era arcediago do bago e cónego magistral, tendo sido o eclesiástico a oficiar nesta cátedra. Era contemporâneo de D. Martinho de Portugal, enviado régio a Roma a fim de criar as dioceses de Angra, Cabo Verde, S. Tomé e Goa, facto que pode ter sido relevante na sua escolha. Era de origem francesa, natural da diocese de Baiona e tinha por nome comum João Petit, tendo sido naturalizado por mercê de D. João III. Esteve integrado no núcleo humanista de Évora de que também fizeram parte nomes como D. Francisco de Melo, mestre André de Resende e Nicolau Clenardo. Foi confirmado pela cúria romana em 23 de Setembro de 1538. Começou a conferir ordens sacras em 19 de Outubro deste mesmo ano, pelo que deve ter sido sagrado na dignidade episcopal por este período. Demorou a ir residir ao bispado e há notícias da sua permanência em Évora até Janeiro de 1545. Em Setembro deste ano elaborou testamento, no qual deixou por seu herdeiro Reginaldo Parvi, seu sobrinho. Neste documento afirma estar de partida para a ilha de Santiago de Cabo Verde, onde deve ter chegado em finais de 1545, tornando-se o primeiro bispo residente. Viria a falecer na cidade da Ribeira Grande em 29 de Dezembro de 1546, com apenas cerca de um ano de episcopado. O padroado régio estava ciente do arranque frágil dos bispados atlânticos insulares e, enquanto D. João Parvi não foi residir o rei nomeou um visitador do arquipélago, que devia exercer igualmente o posto de lugar-tenente do vigário-geral e ouvidor do eclesiástico em Cabo Verde. Foi designado Afonso Martins, beneficiado ida igreja da cidade da Ribeira Grande que, entre outras acções fiscalizadoras que terá desenvolvido, se deslocou à ilha do Fogo a pedido da elite local a fim de fazer visitação à igreja de S. Filipe na vila com o mesmo nome. Cerca de 120 anos mais tarde Manuel Severim de Faria, em tom apologético, refere-se a D. João Parvi como um sacrificado ao serviço da igreja, afirmando que faleceu rapidamente depois de chegar devido ao fervor com que se dedicava à actividade pastoral, não tendo sequer observado o devido resguardo de saúde de alguns meses a que o clima local obrigava os reinóis. Diz textualmente que «expirou estando crismando, afrontado com o trabalho de muita gente». Ainda em Portugal, em 1538, fez chegar à Inquisição de Lisboa uma carta sobre os abusos dos cristãos-novos nas ilhas de Cabo Verde, pelo que deve ter trocado correspondência com as autoridades civis e eclesiásticas locais. D. João Parvi deu início à organização das estruturas diocesanas, nomeadamente ao cabido, conforme o prescrevia a bula de criação do bispado de Cabo Verde. Deixou um foro ao cabido para lhe dizer missas por sua alma. Foi sepultado na igreja de Nossa Sr.ª do Rosário da Ribeira Grande.
Bibliografia:
Anónimo (1784), Notícia Corográfica e Cronológica do Bispado de Cabo Verde, edição e notas de António Carreira, Lisboa, Instituto Caboverdeano do Livro, 1985. ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, nova ed.preparada e dirigida por Damião Peres, vol. II, Porto-Lisboa, Livraria Civilização, 1968, pp. 685. PAIVA, José Pedro, Os Bispos de Portugal e do Império, 1495-1777, Coimbra, Imprensa da Universidade, 2006. REMA, Henrique Pinto, "Diocese de Cabo Verde", História Religiosa de Portugal, dir. de Carlos Azevedo, Lisboa, Círculo de Leitores, 2001, vol. II, A-C, pp. 280-284. SANTOS, Maria Emília Madeira; SOARES, Maria João, "Igreja, Missionação e Sociedade", História Geral de Cabo Verde, vol. II, coord. de Maria Emília Madeira Santos, Lisboa-Praia, IICT-INCCV, 1995, pp. 382-383. SOUSA, António Caetano de, Catálogo dos bispos das igrejas de Cabo Verde, S. Tomé e Angola in Colleçam dos documentos, estatutos e memórias da Academia real da História Portugueza que neste anno de 1722 se compuzerão e se imprimirão por ordem dos seus censores, Lisboa, Pascoal da Sylva, 1722.