Data de publicação
2009
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Período
Área Geográfica
Governador da Índia (1588-1591).

Filho de Cristóvão de Sousa, 7º senhor de Baião, e de D. Maria de Albuquerque, Manuel de Sousa Coutinho, natural da aldeia de Arneiros, na diocese da Lamego, foi primogénito daquela união. No entanto, viria a ser o segundo filho do casal, Fernão Martins de Sousa, a herdar o senhorio de Baião. Aportado à Índia em data desconhecida, sabe-se que era capitão de Colombo, em 1581, tendo, no âmbito do governo interino de Fernão Teles de Meneses, jurado D. Filipe I como rei de Portugal. Em 1587, durante o vice-reinado de D. Duarte de Meneses, teve acção decisiva na quebra do cerco de Colombo por Raju, rei de Sitawaka, que logo debandou informado da sua presença. Nas comemorações que se fizeram daquela vitória em Goa, em Maio de 1588, esteve ao lado do vice-rei D. Duarte de Meneses e de D. Paulo Pereira de Lima, o responsável pelo saque de Johor em 1587. Falecido D. Duarte de Meneses, a 4 de Maio de 1588, foram abertas as vias da sucessão, nas quais primeiramente surgiu o nome de Matias de Albuquerque, então estante no Reino. Apenas na segunda via de sucessão Manuel de Sousa Coutinho apareceu indigitado governador da Índia. Jurado governador nas mãos do capitão de Goa, Manuel de Sousa Coutinho desde logo contou com a oposição de D. Paulo de Lima Pereira que tinha acalentado a esperança de suceder a D. Duarte de Meneses. Como tal não aconteceu, decidiu embarcar para Portugal, em Janeiro de 1589, vindo a falecer durante a viagem na costa da Cafraria. Após ter despachado as naus carregadas de especiarias para o Reino, nos inícios daquele ano, Manuel de Sousa Coutinho decidiu enviar uma armada de 20 navios e 900 homens à costa oriental africana, cujo comando atribuiu ao seu irmão Tomé de Sousa Coutinho, pois sabia que o turco Mir Alibec, tinha saído de Meca no Verão do ano anterior, com o intuito de estabelecer a ordem turca nas praças da região. Já no ano de 1586, Mir Alibec havia percorrido aquela costa e conseguido impor a suserania turca em todas as praças, com excepção de Melinde, que se manteve fiel aos Portugueses, facto que motivou a ida de uma esquadra portuguesa à região para restabelecer os interesses do Estado da Índia. Justamente devido aos estragos que a expedição de Martim Afonso de Melo à região havia causado, em 1586, alguns soberanos locais escreveram a Mir Alibec para se vingarem dos Portugueses. Uma vez aportado em Melinde, em Fevereiro de 1589, Tomé de Sousa Coutinho recebeu informações precisas sobre a armada turca por via do capitão daquela costa, Mateus Mendes de Vasconcelos. Com informações detalhadas, Tomé de Sousa Coutinho partiu para Mombaça onde derrotou a armada turca de Mir Alibec, aliando-se ao Muzimba das fontes portuguesas, que então lutava contra os muçulmanos. Pouco depois e à custa de mortes de reis colaboradores dos muçulmanos, o irmão do governador logrou repor a vassalagem e os tributos daqueles príncipes à Coroa portuguesa, facto que lhe viria a granjear grandes aplausos em Goa no final daquele ano. Mir Alibec, feito prisioneiro, foi levado à presença do governador que o enviou para o Reino, onde, acabou por se converter ao Cristianismo e falecer.

Em inícios de 1590, o governador encontrava-se empenhado em despachar as especiarias na armada para o Reino, expedindo ainda naus de combate contra a rainha de Olaha e uma outra armada encarregue de ir buscar a Chaul um embaixador mogol, mas que no caminho se defrontou com uma esquadra malabar. A 15 de Maio de 1591, após três anos de governação, Manuel de Sousa Coutinho entregou o poder ao vice-rei Matias de Albuquerque. Embarcado para o Reino, em Cochim, faleceu na sequência de um naufrágio, já em Fevereiro de 1592, juntamente com os seus três filhos, resultantes da sua união com D. Maria Hespanholim, filha de Diogo da Silva, capitão de Damão. Naquela ocasião apenas sobreviveu uma filha sua, que se havia casado com o capitão de Baçaim.

A governação de Manuel de Sousa Coutinho, marcada pela expedição do irmão à costa oriental africana, foi retratada como bastante positiva, apesar das parcas informações que Diogo do Couto nos transmite acerca deste governo, por se ter perdido o original corresponde à década undécima. Ainda assim, Manuel de Sousa Coutinho foi acusado de esbanjamento de fundos da Coroa, facto que motivou a intenção régia de lhe realizar uma devassa e sequestro dos seus bens. Contudo, tal não viria a suceder por morte do governador.

Bibiliografia:
COUTO, Diogo do, Da Ásia, XI, 1-12, Lisboa, Livraria San Carlos, 1974. SOUSA, Manuel de Faria e, Ásia Portuguesa, tradução de Maria Vitória Garcia Santos Ferreira, vol. V, Parte 1, cap. VII, Porto, Livraria Civilização, 1947. ZÚQUETE, Afonso, Tratado de Todos os Vice-Reis e Governadores da Índia, Lisboa, Editorial Enciclopédia, 1962.