Data de publicação
2013
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Sasaxy é o rei de Fetu, reino vizinho de São Jorge da Mina, que é baptizado em 24 de Julho de 1503, adoptando então o nome de D.João.
Diogo Lopes de Alvarenga, acabado de se tornar feitor de Axém, em carta ao rei, datada da Mina, 18 de Agosto de 1503, relata o seu baptismo e dos seus súbditos.
O vigário da Mina, de que ignoramos o nome ou qualquer outra referência, mas de que na carta são feitas menções laudatórias, e o próprio Diogo de Alvarenga, são enviados pelo capitão da Mina - o quinto, Fernão Lopes Correia, ou já o sexto, Diogo Lopes de Sequeira? - ao rei para o baptizarem. O acontecimento dever-se-ia, segundo esta mesma carta, ao capitão que “por boa astúcia teve maneira para o fazer cristão”.
Chegou a procissão a Afuto, a capital do reino, com a cruz levantada, indo até onde estava o rei, que recebeu a água do baptismo e, conforme a dita fonte, se converteu à fé e logo com ele seis cavaleiros, os principais do lugar.
No dia de Santiago, o rei, pela manhã, mandou fazer na praça uma casa de oração - na hora e, consequentemente, precária - em que lhe dissessem missa e, tanto que foi acabada, o vigário baptizou todos os principais, cerca de trezentos, e duas mulheres e um filho do rei. E depois quiseram receber o baptismo mais de mil pessoas.
Os nomes católicos são adoptados por ocasião do baptismo. O rei e o seu filho, que de seguida foi para o castelo de São Jorge da Mina, tomam respectivamente os nomes de D.João e D.Manuel, o falecido e o coevo monarcas portugueses.
Na praça, no local da casa de oração, o vigário e Alvarenga “concertaram” uma ermida – a de Santiago de Afuto -, com seu altar e cruz, à qual o rei “tem muito acatamento, que se não pode mais dizer." Alvarenga sugere ao rei de Portugal que diligencie junto do capitão da Mina para que na ermida seja, de 15 em 15 dias, cantada e dita missa, e que seja provida de um clérigo.
Trata-se, vinte e um anos depois do estabelecimento dos portugueses na Mina, da primeira conversão e baptismo de que existe relato, mas da comunidade "convertida" do reino de Fetu e da sua igreja de Santiago não ecoaram mais quaisquer informações.
Encontramos antes, pelo contrário, sete anos depois, em 1510, uma grave perturbação em que está envolvido o rei de Fetu, perturbação da qual parece ter sido alma danada um negro cristão, o comerciante João Serrão. Seria ainda Sasaxy o rei? Ainda quatro anos depois, em Carta de Gonçalo Milheiro a el-Rey, de 7 de Outubro de 1514 (CC. I-16-30), se afirma que o plano então preparado por João Serrão e pelo rei de Fetu visava o extermínio dos portugueses e dos seus protegidos da Aldeia e a declaração de guerra a toda a região.
Bibliografia:
“Carta de Diogo de Alvarenga, feitor de Axem, a El-rei, datada da Mina, 18 de Agosto de 1503”, ANTT - CC-I-4-32. Transcrita in Monumenta Missionaria Africana, África Ocidenta l, v.I, p.190-193, doc.52
J. BATO'ORA BALLONG-WEN-MEWUDA, São Jorge da Mina, 1482-1637: la vie d'un comptoir portugais en Afrique occidentale, 2v., Paris, 1993
Diogo Lopes de Alvarenga, acabado de se tornar feitor de Axém, em carta ao rei, datada da Mina, 18 de Agosto de 1503, relata o seu baptismo e dos seus súbditos.
O vigário da Mina, de que ignoramos o nome ou qualquer outra referência, mas de que na carta são feitas menções laudatórias, e o próprio Diogo de Alvarenga, são enviados pelo capitão da Mina - o quinto, Fernão Lopes Correia, ou já o sexto, Diogo Lopes de Sequeira? - ao rei para o baptizarem. O acontecimento dever-se-ia, segundo esta mesma carta, ao capitão que “por boa astúcia teve maneira para o fazer cristão”.
Chegou a procissão a Afuto, a capital do reino, com a cruz levantada, indo até onde estava o rei, que recebeu a água do baptismo e, conforme a dita fonte, se converteu à fé e logo com ele seis cavaleiros, os principais do lugar.
No dia de Santiago, o rei, pela manhã, mandou fazer na praça uma casa de oração - na hora e, consequentemente, precária - em que lhe dissessem missa e, tanto que foi acabada, o vigário baptizou todos os principais, cerca de trezentos, e duas mulheres e um filho do rei. E depois quiseram receber o baptismo mais de mil pessoas.
Os nomes católicos são adoptados por ocasião do baptismo. O rei e o seu filho, que de seguida foi para o castelo de São Jorge da Mina, tomam respectivamente os nomes de D.João e D.Manuel, o falecido e o coevo monarcas portugueses.
Na praça, no local da casa de oração, o vigário e Alvarenga “concertaram” uma ermida – a de Santiago de Afuto -, com seu altar e cruz, à qual o rei “tem muito acatamento, que se não pode mais dizer." Alvarenga sugere ao rei de Portugal que diligencie junto do capitão da Mina para que na ermida seja, de 15 em 15 dias, cantada e dita missa, e que seja provida de um clérigo.
Trata-se, vinte e um anos depois do estabelecimento dos portugueses na Mina, da primeira conversão e baptismo de que existe relato, mas da comunidade "convertida" do reino de Fetu e da sua igreja de Santiago não ecoaram mais quaisquer informações.
Encontramos antes, pelo contrário, sete anos depois, em 1510, uma grave perturbação em que está envolvido o rei de Fetu, perturbação da qual parece ter sido alma danada um negro cristão, o comerciante João Serrão. Seria ainda Sasaxy o rei? Ainda quatro anos depois, em Carta de Gonçalo Milheiro a el-Rey, de 7 de Outubro de 1514 (CC. I-16-30), se afirma que o plano então preparado por João Serrão e pelo rei de Fetu visava o extermínio dos portugueses e dos seus protegidos da Aldeia e a declaração de guerra a toda a região.
Bibliografia:
“Carta de Diogo de Alvarenga, feitor de Axem, a El-rei, datada da Mina, 18 de Agosto de 1503”, ANTT - CC-I-4-32. Transcrita in Monumenta Missionaria Africana, África Ocidenta l, v.I, p.190-193, doc.52
J. BATO'ORA BALLONG-WEN-MEWUDA, São Jorge da Mina, 1482-1637: la vie d'un comptoir portugais en Afrique occidentale, 2v., Paris, 1993