Data de publicação
2009
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Filho de João Rodrigues e de Inês Silveira, Rui Gonçalves da Câmara herdou de seu pai a capitania de São Miguel, no ano de 1502. Quando o seu pai faleceu encontrava-se na corte. O acesso a este meio permitiu-lhe encetar um processo de ascensão social característico da lógica de corte subjacente a uma sociedade de Antigo Regime. Na base de tal processo esteve o matrimónio contraído com D. Filipa Coutinho.
Apenas começou a governar a ilha em 1504, devido à sua menoridade. Em 1508, eclodiu um conflito em São Miguel, conducente à apresentação de queixas a D. Manuel I por parte de Martim Bulhão Pato (contador) e Frei Bartolomeu (ouvidor eclesiástico). A sociedade local ficou então dividida: membros da ordem de Cristo e de Santiago apoiaram as reivindicações dos revoltosos e Rui Gonçalves da Câmara contou com o apoio da nobreza insular, oriunda de Vila Franca do Campo. Os motivos que levaram a este conflito permanecem desconhecidos.
Este conflito teve como corolário a chamada de Rui Gonçalves da Câmara à corte, em 1510, vindo a decisão real a ser claramente desfavorável às pretensões do nosso capitão: foi destituído do seu cargo, novamente atribuído ao seu tio. Na corte, contou com o apoio do monteiro-mor Jorge de Melo, com quem firmou um acordo matrimonial: se este conseguisse restituir-lhe a capitania, dar-se-ia o casamento entre o respectivo filho primogénito e a filha de Rui Gonçalves da Câmara. A influência de Jorge de Melo junto de D. Manuel I deu resultados positivos para os desideratos acalentados pelo Câmara: a 22 de Agosto de 1515 foi reconduzido na capitania de S. Miguel.
No entanto, as adversidades que marcaram indelevelmente a sua mundividência e praxis política não tinham ainda terminado. A 22 de Outubro de 1522, a ilha de S. Miguel foi abalada por um violento terramoto, levando à morte dos filhos do capitão, com a excepção de D. Manuel da Câmara. Seguiu-se um surto de peste, em Julho de 1523, somente contido em Maio de 1531. A resposta de Rui Gonçalves da Câmara ao flagelo consistiu em: ordens de evacuação e de isolamento das áreas contagiadas pela peste.
Enfrentou também novos focos de oposição política. Em Janeiro de 1524, homens do governo de Ponta Delgada revoltaram-se contra a sua autoridade, ocorrendo em paralelo uma sublevação de escravos mouros. Conseguiu resolver as duas situações, uma pelo diálogo e pela disponibilidade para fazer concessões, a outra com recurso à força.
Faleceu a 20 de Outubro de 1535.
Bibliografia:
GUERREIRO, Ana, «Rui Gonçalves da Câmara, 5º Capitão de S. Miguel», in, A Nobreza e a Expansão, Estudos Biográficos; coor. João Paulo Oliveira e Costa, Patrimonia Historica, Cascais, 2000, pp. 119-141.
Apenas começou a governar a ilha em 1504, devido à sua menoridade. Em 1508, eclodiu um conflito em São Miguel, conducente à apresentação de queixas a D. Manuel I por parte de Martim Bulhão Pato (contador) e Frei Bartolomeu (ouvidor eclesiástico). A sociedade local ficou então dividida: membros da ordem de Cristo e de Santiago apoiaram as reivindicações dos revoltosos e Rui Gonçalves da Câmara contou com o apoio da nobreza insular, oriunda de Vila Franca do Campo. Os motivos que levaram a este conflito permanecem desconhecidos.
Este conflito teve como corolário a chamada de Rui Gonçalves da Câmara à corte, em 1510, vindo a decisão real a ser claramente desfavorável às pretensões do nosso capitão: foi destituído do seu cargo, novamente atribuído ao seu tio. Na corte, contou com o apoio do monteiro-mor Jorge de Melo, com quem firmou um acordo matrimonial: se este conseguisse restituir-lhe a capitania, dar-se-ia o casamento entre o respectivo filho primogénito e a filha de Rui Gonçalves da Câmara. A influência de Jorge de Melo junto de D. Manuel I deu resultados positivos para os desideratos acalentados pelo Câmara: a 22 de Agosto de 1515 foi reconduzido na capitania de S. Miguel.
No entanto, as adversidades que marcaram indelevelmente a sua mundividência e praxis política não tinham ainda terminado. A 22 de Outubro de 1522, a ilha de S. Miguel foi abalada por um violento terramoto, levando à morte dos filhos do capitão, com a excepção de D. Manuel da Câmara. Seguiu-se um surto de peste, em Julho de 1523, somente contido em Maio de 1531. A resposta de Rui Gonçalves da Câmara ao flagelo consistiu em: ordens de evacuação e de isolamento das áreas contagiadas pela peste.
Enfrentou também novos focos de oposição política. Em Janeiro de 1524, homens do governo de Ponta Delgada revoltaram-se contra a sua autoridade, ocorrendo em paralelo uma sublevação de escravos mouros. Conseguiu resolver as duas situações, uma pelo diálogo e pela disponibilidade para fazer concessões, a outra com recurso à força.
Faleceu a 20 de Outubro de 1535.
Bibliografia:
GUERREIRO, Ana, «Rui Gonçalves da Câmara, 5º Capitão de S. Miguel», in, A Nobreza e a Expansão, Estudos Biográficos; coor. João Paulo Oliveira e Costa, Patrimonia Historica, Cascais, 2000, pp. 119-141.