Data de publicação
2009
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Elephas maximus, grande mamífero terrestre que vive em liberdade em partes da Índia (Bengala, Orissa, Kerala), em Ceilão, na Ásia do Sueste (Birmânia, Laos, Malásia) e na Insulíndia (Achém, Bornéu). Entre o elefante africano (Loxodonta africana) e o asiático, este distingue-se naturalmente daquele pela sua afabilidade e capacidade de aprendizagem, sendo os animais oriundos de Ceilão particularmente prezados. O elefante contava-se durante a Época Moderna entre os mais preciosos bens no chamado comércio das "mercadorias raras". Entre as funções do elefante nas sociedades asiáticas destaca-se a sua presença em cerimónias políticas e religiosas. Nos reinos hindus ou de forte tradição hindu, o elefante era encarado como um símbolo do poder régio na sua vertente sagrada. Aparecia, tal como ainda hoje aparece na festa de Perahera em Kandy (Sri Lanka), em grande aparato nas procissões rituais e triunfais. Era também prezado pelas suas qualidades guerreiras, sendo empregue nessa função às centenas nos sultanatos da Índia do Norte e no reino do Sião, e às dezenas na maioria das outras regiões mencionadas, onde muitas vezes os portugueses os enfrentavam em cercos e em batalhas campais. A grande maioria dos elefantes domesticados era usada para trabalhos pesados, nomeadamente em obras de construção e nas ribeiras dos portos, onde ajudavam a movimentar as naus e a transportar mercadorias. A despeito de nunca terem sido empregues pelos portugueses na guerra, eram por eles usados como animais de carga em Goa, Cochim, Colombo e outros lugares. Em certos contextos, eram também usados para a execução de condenados à morte. Nos países africanos, onde as presas dos elefantes são geralmente maiores, muitos animais eram caçados com o fim exclusivo de obter marfim. Nos países asiáticos, pelo contrário, onde as presas grandes são raras, esta prática era menos comum.
Era e ainda é difícil a criação de elefantes. As técnicas de captura iam desde armadilhas muito simples até aos enormes currais documentados para Ceilão, onde de uma só vez podiam ser apanhadas até uma centena de animais. Ainda no caso de Ceilão, existiam castas especializadas na captura, na domesticação e no manuseamento dos elefantes. A documentação indica que eram capturados animais de ambos os sexos e de todas as idades, sendo mais valiosos os maiores e aqueles dotados de prezas. Das florestas de Ceilão, do Kerala, de Bengala etc. os elefantes eram trazidos para os principais mercados de consumo, destacando-se os sultanatos indianos. A exportação de elefantes para a Europa, onde não passavam de objectos de admiração (mirabilia), foi despicienda, limitando-se a menos de uma animal por ano. Os preços variavam muito segundo o tamanho e as qualidades de cada animal, situando-se em média entre os 500-2000 cruzados nos principais portos indianos, o que significava um lucro de cerca de 100-300% face aos preços praticados nos portos de Ceilão, sendo o transporte marítimo dos elefantes um assunto oneroso e arriscado. Existiram em torno da captura, do comércio e da propriedade de elefantes variados monopólios régios, adoptados no caso de Ceilão pela coroa portuguesa, e mais tarde pela Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC).
O declínio do comércio de elefantes iniciou-se no século XVIII com a quebra dos grandes mercados de consumo da Índia do Norte, acentuando-se depois no século XIX. A memória de vários elefantes trazidos da Ásia por iniciativa de D. Manuel, D. João III e alguns dos seus sucessores mantém-se ainda hoje viva em muitos países europeus como Portugal, França, Inglaterra, Itália, Alemanha e Áustria.
Bibliografia:
LACH, Donald F., 'The Iconography of Asian Animals: Elephants', in Asia in the making of Europe, vol. II, parte 1, Chicago & Londres, 1970. SILVA, Chandra Richard de, "Peddling Trade, Elephants and Gems: Some Aspects of Sri Lanka's Trading Connections in the Indian Ocean in the 16th and Early 17th Centuries", in Asian Panorama: Essays in Asian History, Past and Present, ed. por K. M. de Silva, S. Kiribamune & C. R. de Silva, Nova Deli, 1990, pp. 287-302.
Era e ainda é difícil a criação de elefantes. As técnicas de captura iam desde armadilhas muito simples até aos enormes currais documentados para Ceilão, onde de uma só vez podiam ser apanhadas até uma centena de animais. Ainda no caso de Ceilão, existiam castas especializadas na captura, na domesticação e no manuseamento dos elefantes. A documentação indica que eram capturados animais de ambos os sexos e de todas as idades, sendo mais valiosos os maiores e aqueles dotados de prezas. Das florestas de Ceilão, do Kerala, de Bengala etc. os elefantes eram trazidos para os principais mercados de consumo, destacando-se os sultanatos indianos. A exportação de elefantes para a Europa, onde não passavam de objectos de admiração (mirabilia), foi despicienda, limitando-se a menos de uma animal por ano. Os preços variavam muito segundo o tamanho e as qualidades de cada animal, situando-se em média entre os 500-2000 cruzados nos principais portos indianos, o que significava um lucro de cerca de 100-300% face aos preços praticados nos portos de Ceilão, sendo o transporte marítimo dos elefantes um assunto oneroso e arriscado. Existiram em torno da captura, do comércio e da propriedade de elefantes variados monopólios régios, adoptados no caso de Ceilão pela coroa portuguesa, e mais tarde pela Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC).
O declínio do comércio de elefantes iniciou-se no século XVIII com a quebra dos grandes mercados de consumo da Índia do Norte, acentuando-se depois no século XIX. A memória de vários elefantes trazidos da Ásia por iniciativa de D. Manuel, D. João III e alguns dos seus sucessores mantém-se ainda hoje viva em muitos países europeus como Portugal, França, Inglaterra, Itália, Alemanha e Áustria.
Bibliografia:
LACH, Donald F., 'The Iconography of Asian Animals: Elephants', in Asia in the making of Europe, vol. II, parte 1, Chicago & Londres, 1970. SILVA, Chandra Richard de, "Peddling Trade, Elephants and Gems: Some Aspects of Sri Lanka's Trading Connections in the Indian Ocean in the 16th and Early 17th Centuries", in Asian Panorama: Essays in Asian History, Past and Present, ed. por K. M. de Silva, S. Kiribamune & C. R. de Silva, Nova Deli, 1990, pp. 287-302.
Autoria da imagem
Alexandra Pelúcia