Data de publicação
2010
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Os Portugueses são mencionados pela primeira vez em Flandres no início do século XIII. No entanto, apenas a partir do fim do século XIV foram estabelecidas relações directas e contínuas. Apesar da existência de uma conjuntura politica e militar difícil entre a Flandres, a França, a Inglaterra e Portugal, foi assinado um tratado de comércio em 1389 e foram acordados privilégios à "nação" portuguesa em 1411 e em 1438, privilégios esses que foram, a partir de então, regularmente renovados. A comunidade portuguesa teve assim dois cônsules elegidos para a dirigir e para fazer o julgamento de casos civis entre Portugueses. Por outro lado, o feitor do rei de Portugal em Bruges só é mencionado a partir de 1416.
Se cerca de 1400, parece haver algum equilibrado entre o comércio dos Portugueses que se deslocavam a Flandres e o dos Flamengos que se deslocavam a Portugal, esta actividade passou rapidamente a estar em grande parte nas mãos dos Portugueses, sobretudo de Lisboa e Porto. Nestas trocas, Portugal exportava antigamente vinho e óleo, mas sobretudo os chamados "fruits de carême", figos e uvas passas, trazidos por frotas. A exploração das ilhas da Madeira permitiram a exportação de madeira de Teixo, mencionada a partir de 1459, depois de açúcar, de que há testemunho a partir de 1468. No que diz respeito a África, vê-se marfim a partir de 1465. Para além destes produtos principais, deve-se indicar também a cortiça, utilizada para as bóias das redes de pesca e também um género de sapato que se usavam quando se saia à rua. Os comerciantes portugueses utilizavam para este comércio os navios dos seus compatriotas, mas também os de Castelhanos, de Genoveses, de Bretões, de Holandeses e até de Hanseáticos.
Quando os seus produtos chegavam aos portos de Bruges, sobretudo a L'Écluse, os comerciantes tinham de pagar uma taxa, depois tinham de passar pelos "hôteliers" que agiam como intermediário e que eram especializados no comércio com Portugal: tratava-se ou de habitantes originários de Bruges, ou de Portugueses que tinham obtido o direito de burguesia em Bruges.
A par com os comerciantes independentes, encontrava-se o feitor do rei de Portugal, que constituía um entrave ao comércio livre, sobretudo no que diz respeito aos objectos abrangidos pelo monopólio real.
Segundo as suas cartas de quitação, a realeza portuguesa procurava material de guerra (armamento defensivo e ofensivo, nomeadamente artilharia), objectos de luxo para o família real, peles, seda, lençois, telas, tapeçarias, mobiliários, livros de horas, e até mesmo pergaminho para o cronista Zurara; a seguir apareceram, em 1471, fio de latão folhas de Flandres utilizados nas trocas com a África negra. O feitor zelava cuidadosamente pela defesa do monopólio real: gatos dalgalia, malageta e toda outra espeçiaria e alicornes, como se pode ver pela acção judicial de 1470 que dizia respeito ao marfim importado por contrabando.
No final do século XV, as dificuldades políticas na Flandres, com a revolta contra Maximilien entre 1482 e 1492, juntamente com o assoreamento do Zwin, o braço de mar que ligava o porto de L'Écluse ao de Damme e depois, através de canais, a Bruges, levaram os Portugueses a abandonar esta cidade, no seguimento, aliás, dos pedidos de Maximilien feitos em 1488 e 1488. Voltaram em 1493, graças à promessa de vastos privilégios e de residência própria, oferecida pela municipalidade (localizada em Ridderstraat). Apesar de tudo, o centro de gravidade do comércio tinha-se deslocado para Anvers, onde a nação portuguesa se instalou definitivamente em 1510-1511, precedida pela feitoria real em 1499. Como havia sucedido em Bruges, a nação portuguesa recebeu a casa da municipalidade de Anvers (localizada no Kipdorp, perto da Bolsa). Os comerciantes mantiveram os mesmos privilégios e costumes que tinham em Bruges, e sabe-se que, para além dos dois cônsules, havia também um secretário e um tesoureiro. Como em Bruges, o número de Portugueses que lá residiam de modo permanente era muito reduzido, entre uma e duas dúzias, acabando por aumentar de modo significativo depois de 1550, com a imigração dos Marranos. As relações entre os comerciantes portugueses e o feitor real foram melhores em Anvers do que em Bruges; eles estavam aliás também na casa oferecida pela cidade, Huis van Portingael ou Casa de Portugal.
Como durante o século XV, os comerciantes utilizaram outros transportadores para além dos portugueses: essencialmente castelhanos até 1530, Bretões entre 1530 e 1540, depois Holandeses. Em 1550, devido à pirataria francesa, o imperador Carlos V promulgou um edital sobre a navegação entre a Holanda e o Sul, que deveria ser organizado em comboio.
No que diz respeito ao comércio propriamente dito, as companhias deixaram de ser formadas apenas durante a duração de uma navegação ou de uma chegada a Bruges. Houve associações muito maiores, entre Portugueses, com Castelhanos, Flamengos - que tinham nomeadamente investido no açúcar da Madeira -, Alemães, Italianos, et cujos centros eram Lisboa, Anvers, Medina del Campo ou Lyon. Quanto aos produtos, o próprio açúcar não vinha apenas da Madeira, mas também das ilhas Canárias, de São Tomé, do Brasil. O monopólio incidia sobre a pimenta da Guiné e as especiarias das Índias. A feitoria foi suprimida em 1548, no seguimento de uma bancarrota, mas os comerciantes só deixaram Anvers em 1647.
Se cerca de 1400, parece haver algum equilibrado entre o comércio dos Portugueses que se deslocavam a Flandres e o dos Flamengos que se deslocavam a Portugal, esta actividade passou rapidamente a estar em grande parte nas mãos dos Portugueses, sobretudo de Lisboa e Porto. Nestas trocas, Portugal exportava antigamente vinho e óleo, mas sobretudo os chamados "fruits de carême", figos e uvas passas, trazidos por frotas. A exploração das ilhas da Madeira permitiram a exportação de madeira de Teixo, mencionada a partir de 1459, depois de açúcar, de que há testemunho a partir de 1468. No que diz respeito a África, vê-se marfim a partir de 1465. Para além destes produtos principais, deve-se indicar também a cortiça, utilizada para as bóias das redes de pesca e também um género de sapato que se usavam quando se saia à rua. Os comerciantes portugueses utilizavam para este comércio os navios dos seus compatriotas, mas também os de Castelhanos, de Genoveses, de Bretões, de Holandeses e até de Hanseáticos.
Quando os seus produtos chegavam aos portos de Bruges, sobretudo a L'Écluse, os comerciantes tinham de pagar uma taxa, depois tinham de passar pelos "hôteliers" que agiam como intermediário e que eram especializados no comércio com Portugal: tratava-se ou de habitantes originários de Bruges, ou de Portugueses que tinham obtido o direito de burguesia em Bruges.
A par com os comerciantes independentes, encontrava-se o feitor do rei de Portugal, que constituía um entrave ao comércio livre, sobretudo no que diz respeito aos objectos abrangidos pelo monopólio real.
Segundo as suas cartas de quitação, a realeza portuguesa procurava material de guerra (armamento defensivo e ofensivo, nomeadamente artilharia), objectos de luxo para o família real, peles, seda, lençois, telas, tapeçarias, mobiliários, livros de horas, e até mesmo pergaminho para o cronista Zurara; a seguir apareceram, em 1471, fio de latão folhas de Flandres utilizados nas trocas com a África negra. O feitor zelava cuidadosamente pela defesa do monopólio real: gatos dalgalia, malageta e toda outra espeçiaria e alicornes, como se pode ver pela acção judicial de 1470 que dizia respeito ao marfim importado por contrabando.
No final do século XV, as dificuldades políticas na Flandres, com a revolta contra Maximilien entre 1482 e 1492, juntamente com o assoreamento do Zwin, o braço de mar que ligava o porto de L'Écluse ao de Damme e depois, através de canais, a Bruges, levaram os Portugueses a abandonar esta cidade, no seguimento, aliás, dos pedidos de Maximilien feitos em 1488 e 1488. Voltaram em 1493, graças à promessa de vastos privilégios e de residência própria, oferecida pela municipalidade (localizada em Ridderstraat). Apesar de tudo, o centro de gravidade do comércio tinha-se deslocado para Anvers, onde a nação portuguesa se instalou definitivamente em 1510-1511, precedida pela feitoria real em 1499. Como havia sucedido em Bruges, a nação portuguesa recebeu a casa da municipalidade de Anvers (localizada no Kipdorp, perto da Bolsa). Os comerciantes mantiveram os mesmos privilégios e costumes que tinham em Bruges, e sabe-se que, para além dos dois cônsules, havia também um secretário e um tesoureiro. Como em Bruges, o número de Portugueses que lá residiam de modo permanente era muito reduzido, entre uma e duas dúzias, acabando por aumentar de modo significativo depois de 1550, com a imigração dos Marranos. As relações entre os comerciantes portugueses e o feitor real foram melhores em Anvers do que em Bruges; eles estavam aliás também na casa oferecida pela cidade, Huis van Portingael ou Casa de Portugal.
Como durante o século XV, os comerciantes utilizaram outros transportadores para além dos portugueses: essencialmente castelhanos até 1530, Bretões entre 1530 e 1540, depois Holandeses. Em 1550, devido à pirataria francesa, o imperador Carlos V promulgou um edital sobre a navegação entre a Holanda e o Sul, que deveria ser organizado em comboio.
No que diz respeito ao comércio propriamente dito, as companhias deixaram de ser formadas apenas durante a duração de uma navegação ou de uma chegada a Bruges. Houve associações muito maiores, entre Portugueses, com Castelhanos, Flamengos - que tinham nomeadamente investido no açúcar da Madeira -, Alemães, Italianos, et cujos centros eram Lisboa, Anvers, Medina del Campo ou Lyon. Quanto aos produtos, o próprio açúcar não vinha apenas da Madeira, mas também das ilhas Canárias, de São Tomé, do Brasil. O monopólio incidia sobre a pimenta da Guiné e as especiarias das Índias. A feitoria foi suprimida em 1548, no seguimento de uma bancarrota, mas os comerciantes só deixaram Anvers em 1647.