Data de publicação
2009
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Nome atribuído aos convertidos ao Islão e que optavam por se colocar ao serviço de uma autoridade política muçulmana. Eram também designados como arrenegados.
O fenómeno dos renegados era já conhecido dos Portugueses desde as conquistas norte-africanas, no século XV, em que era comum a deserção de soldados para o campo oposto. Porém, nem todos se convertiam à fé islâmica, tornando-se apenas mercenários ao serviço de um rei muçulmano - a documentação coeva dá-lhes o nome de alevantados, por vezes confundindo-os com os renegados propriamente ditos. Numa passagem da sétima Década, Diogo do Couto chama-lhes chatins (termo que remete para negociante pouco honesto, mercenário). Muitos futuros renegados portugueses na Ásia começaram por aprender árabe em Marrocos, através de missões de informação e troca de mensagens que lhe eram incumbidas, e através do contacto com escravos e cativos, intérpretes e mercadores muçulmanos. É provável que tenham começado a proliferar de maneira significativa pela Ásia a partir da década de 1520.
Em termos geográficos, as regiões a leste do Cabo Camorim eram o local ideal para o refúgio da maioria dos renegados portugueses, devido à fraca presença do Estado da Índia nessas regiões. Estas abrigavam comunidades portuguesas que, embora bem estruturadas, viviam no limiar da marginalidade. Destas faziam parte uma multiplicidade de mercadores privados, aventureiros, desertores, alevantados e mercenários, muitos deles convertidos ao Islão. Existem fontes que indicam para 1627, entre o Bengala e Macassar, um número de 5000 renegados portugueses ao serviço de potentados asiáticos, embora provavelmente referindo-se tanto a renegados como mercenários.
São várias as razões que levariam um português a renunciar à sua lealdade política e à sua crença religiosa. Muitos renegavam por serem acusados de um crime ou estarem em risco de o serem. Os raros fidalgos e pessoas de condição social superior de que há conhecimento que renegaram fizeram-no por razões criminais. Temos o caso de Gonçalo Vaz Coutinho, um fidalgo preso em Goa na década de 1540 sob a acusação de assassinato, mas que conseguiu escapar da cidade. Coutinho é referido na Peregrinação de Fernão Mendes Pinto como um homem poderoso, bem relacionado, dono de várias propriedades em Goa.
Outros mudavam de campo por opção, geralmente com o objectivo de alcançarem as suas ambições políticas e económicas. Apesar de os renegados terem origens sociais muito diversas, os soldados comuns, marinheiros e remadores eram mais susceptíveis à deserção - eram quem mais facilmente passava fome nos cercos e nas campanhas, além de serem mal pagos - procurando assim melhor sorte no lado do inimigo. Existia uma certa atracção pelo Islão, reforçada pelo prestígio da civilização e da sociedade muçulmanas e pelo conhecimento das vantagens materiais e de ascensão social que esta oferecia a quem se lhe entregasse de forma voluntária e sincera. Havia a noção de que quem desertasse era recompensado pelas autoridades muçulmanas com bons salários, benefícios e, com um pouco de sorte, posições de autoridade. No que a isto diz respeito, temos mais uma vez o exemplo de Gonçalo Vaz Coutinho que, depois de se tornar um pirata por conta própria, servindo-se de uma pequena armada para atacar e pilhar navios muçulmanos no Golfo de Bengala, regressou a Goa em 1542, vendeu os seus pertences e, levando a mulher e os filhos, fugiu para Bijapur, onde se converteu ao Islão e se tornou capitão da cavalaria do Adil Shah.
A própria religião muçulmana era vista pelos renegados como uma crença simples, próxima do indivíduo, vazia de rituais e dogmas complicados, o que contrastava com a doutrina católica. Para os cativos a conversão era igualmente uma forma de rapidamente obterem a alforria.
Alguns renegados tinham uma filiação cultural anterior com o Islão, sendo muitos deles originários do Norte de África e tendo progenitores muçulmanos. O acto de renegar seria para eles uma espécie de retorno à fé ancestral. Há igualmente conhecimento de alguns cristãos-novos que se converteram ao Islão, face à impossibilidade de retornarem ao judaísmo. A adesão ao Islão era, de resto, considerada um delito de menor gravidade aos olhos da Inquisição.
De um modo geral, os renegados ofereciam serviços militares a outras potências. Na Ásia, os Europeus e os Turcos eram especialmente procurados pelos potentados muçulmanos locais devido aos seus conhecimentos de artilharia. O emprego de mercenários europeus, concretamente portugueses, pelos soberanos muçulmanos não implicava, porém, obrigatoriedade de conversão. Tal como o Império Otomano ou os Safávidas da Pérsia, que utilizavam mercenários de várias origens, os sultanatos indianos de Guzerate, Bijapur ou Ahmadnagar, o Império Mogol ou os sultanatos da Insulíndia recrutavam este tipo de mão-de-obra devido essencialmente às suas competências militares. Esta prática tinha para os soberanos muçulmanos diversas vantagens, nomeadamente os conhecimentos técnicos superiores destes soldados, a sua maior lealdade (por não estarem ligados a um clã local) e por não constituírem um perigo para as elites do reino. Assim, o facto de entrarem ao serviço de um soberano apenas motivados pela necessidade de fugir a um processo judicial ou de melhorar as condições de vida não justificava a conversão destes alevantados.
No campo de batalha, os renegados serviam muitas vezes como lugar-tenentes dos comandantes militares, agrupando os mercenários estrangeiros e dando-lhes as ordens de combate. Os renegados serviam também de agentes duplos, principalmente durante os cercos, utilizando os contactos de que ainda dispunham entre os Portugueses para transmitir informações ao seu senhor sobre os pontos fracos a atacar. Noutras ocasiões, forneciam aos Portugueses informações falsas sobre um suposto plano de ataque do inimigo. Os renegados eram igualmente utilizados na "guerra psicológica": incitavam os soldados portugueses a desertarem para o seu lado, revelando-lhes as benesses que poderiam obter se o fizessem. Isto demonstra também que os contactos entre os renegados e a sua sociedade de origem nem sempre desapareciam. Temos o exemplo de Gonçalo Vaz Coutinho, que manteve o contacto com o seu sobrinho António de Sousa, capitão de Chaul, para que este em 1546 pedisse a D. João de Castro um salvo-conduto para o tio vir à cidade.
Em todo o caso, o acto de renegar era uma porta aberta à duplicidade: havia sempre a hipótese de retornarem ao serviço dos Portugueses quando a oportunidade surgisse, não passando a conversão religiosa de um mero disfarce. Foi o caso de João Machado, um degredado deixado por Pedro Álvares Cabral na África Oriental que depois terá entrado ao serviço de Yusuf Adil Khan (Idalcão). Desde que se tornou chefe dos firangiyan (mercenários estrangeiros, "francos") do sultão de Bijapur, Machado demonstrara desejo de voltar para junto dos Portugueses, informando mesmo secretamente Afonso de Albuquerque das manobras estratégicas do inimigo. Em 1511, desertou para o lado português juntamente com outros compatriotas, aproveitando o desespero dos portugueses durante o cerco a Goa, o que contribuiu para lhe restaurar a credibilidade perdida.
Muitos renegados acabavam efectivamente por regressar ao seio da sociedade cristã, trazendo com eles enormes mais-valias. Existem muitos casos de ex-renegados que foram utilizados pela Coroa como informadores, mensageiros e intérpretes, sobretudo em relação ao mundo muçulmano. Apesar das ordens de D. Manuel para que os ex-renegados fossem tratados com brandura, Afonso de Albuquerque considerava esta política propícia à deserção e castigou severamente os renegados refugiados em Goa, antes da conquista desta cidade.
Em tempos de guerra e de paz, os renegados eram os intermediários ideais entre os portugueses e os asiáticos, servindo como mensageiros entre o Estado Português da Índia e os potentados vizinhos, e como intérpretes durante as negociações diplomáticas. Muitos destes intérpretes tornavam-se mesmo verdadeiros conselheiros políticos dos soberanos muçulmanos, como foi o caso de Fernão Rodrigues Caldeira, que trabalhou na corte de Golconda ao serviço do sultão Muhammad Quli Qutb Shah.
A adopção de determinadas características da cultura muçulmana era um dos sinais visíveis da presença de um renegado. O uso de vestes muçulmanas, por exemplo, podia ser um desses sinais, embora muitos mercenários europeus - cristãos - também as usassem. Já a circuncisão, uma das marcas corporais de um convertido ao Islão, nem sempre era feita, dependendo esta prática da posição social do convertido e da duração da conversão. Temos igualmente exemplos de renegados, como João Machado e Gonçalo Vaz Coutinho, que se casaram com mulheres muçulmanas e (no segundo caso) deixaram descendência.
As fontes da época, nomeadamente as obras de Gaspar Correia, João de Barros e Diogo do Couto, revelam uma atitude de ambiguidade em relação aos renegados: se por um lado os condenam por serem traidores à sua fé e ao seu rei, por outro mostram algum fascínio pela sua afirmação numa sociedade que adoptaram de livre escolha.
Bibliografia:
COUTO, Dejanirah, "Quelques observations, sur les renégats portugais en Asie au XVIe siécle", in Mare Liberum. Revista de História dos Mares, Número 16, Dezembro 1998, pp.157-185. CRUZ, Maria Augusta Lima, "Exiles and renegades in early sixteenth century Portuguese India", in The Indian Economic and Social History Review, v.23, no.3, 1986, pp. 249-262. SUBRAHMANYAM, Sanjay, O Império Asiático Português, 1500-1700: Uma História Política e Económica, Lisboa, Difel, 1995, pp.351-361.
O fenómeno dos renegados era já conhecido dos Portugueses desde as conquistas norte-africanas, no século XV, em que era comum a deserção de soldados para o campo oposto. Porém, nem todos se convertiam à fé islâmica, tornando-se apenas mercenários ao serviço de um rei muçulmano - a documentação coeva dá-lhes o nome de alevantados, por vezes confundindo-os com os renegados propriamente ditos. Numa passagem da sétima Década, Diogo do Couto chama-lhes chatins (termo que remete para negociante pouco honesto, mercenário). Muitos futuros renegados portugueses na Ásia começaram por aprender árabe em Marrocos, através de missões de informação e troca de mensagens que lhe eram incumbidas, e através do contacto com escravos e cativos, intérpretes e mercadores muçulmanos. É provável que tenham começado a proliferar de maneira significativa pela Ásia a partir da década de 1520.
Em termos geográficos, as regiões a leste do Cabo Camorim eram o local ideal para o refúgio da maioria dos renegados portugueses, devido à fraca presença do Estado da Índia nessas regiões. Estas abrigavam comunidades portuguesas que, embora bem estruturadas, viviam no limiar da marginalidade. Destas faziam parte uma multiplicidade de mercadores privados, aventureiros, desertores, alevantados e mercenários, muitos deles convertidos ao Islão. Existem fontes que indicam para 1627, entre o Bengala e Macassar, um número de 5000 renegados portugueses ao serviço de potentados asiáticos, embora provavelmente referindo-se tanto a renegados como mercenários.
São várias as razões que levariam um português a renunciar à sua lealdade política e à sua crença religiosa. Muitos renegavam por serem acusados de um crime ou estarem em risco de o serem. Os raros fidalgos e pessoas de condição social superior de que há conhecimento que renegaram fizeram-no por razões criminais. Temos o caso de Gonçalo Vaz Coutinho, um fidalgo preso em Goa na década de 1540 sob a acusação de assassinato, mas que conseguiu escapar da cidade. Coutinho é referido na Peregrinação de Fernão Mendes Pinto como um homem poderoso, bem relacionado, dono de várias propriedades em Goa.
Outros mudavam de campo por opção, geralmente com o objectivo de alcançarem as suas ambições políticas e económicas. Apesar de os renegados terem origens sociais muito diversas, os soldados comuns, marinheiros e remadores eram mais susceptíveis à deserção - eram quem mais facilmente passava fome nos cercos e nas campanhas, além de serem mal pagos - procurando assim melhor sorte no lado do inimigo. Existia uma certa atracção pelo Islão, reforçada pelo prestígio da civilização e da sociedade muçulmanas e pelo conhecimento das vantagens materiais e de ascensão social que esta oferecia a quem se lhe entregasse de forma voluntária e sincera. Havia a noção de que quem desertasse era recompensado pelas autoridades muçulmanas com bons salários, benefícios e, com um pouco de sorte, posições de autoridade. No que a isto diz respeito, temos mais uma vez o exemplo de Gonçalo Vaz Coutinho que, depois de se tornar um pirata por conta própria, servindo-se de uma pequena armada para atacar e pilhar navios muçulmanos no Golfo de Bengala, regressou a Goa em 1542, vendeu os seus pertences e, levando a mulher e os filhos, fugiu para Bijapur, onde se converteu ao Islão e se tornou capitão da cavalaria do Adil Shah.
A própria religião muçulmana era vista pelos renegados como uma crença simples, próxima do indivíduo, vazia de rituais e dogmas complicados, o que contrastava com a doutrina católica. Para os cativos a conversão era igualmente uma forma de rapidamente obterem a alforria.
Alguns renegados tinham uma filiação cultural anterior com o Islão, sendo muitos deles originários do Norte de África e tendo progenitores muçulmanos. O acto de renegar seria para eles uma espécie de retorno à fé ancestral. Há igualmente conhecimento de alguns cristãos-novos que se converteram ao Islão, face à impossibilidade de retornarem ao judaísmo. A adesão ao Islão era, de resto, considerada um delito de menor gravidade aos olhos da Inquisição.
De um modo geral, os renegados ofereciam serviços militares a outras potências. Na Ásia, os Europeus e os Turcos eram especialmente procurados pelos potentados muçulmanos locais devido aos seus conhecimentos de artilharia. O emprego de mercenários europeus, concretamente portugueses, pelos soberanos muçulmanos não implicava, porém, obrigatoriedade de conversão. Tal como o Império Otomano ou os Safávidas da Pérsia, que utilizavam mercenários de várias origens, os sultanatos indianos de Guzerate, Bijapur ou Ahmadnagar, o Império Mogol ou os sultanatos da Insulíndia recrutavam este tipo de mão-de-obra devido essencialmente às suas competências militares. Esta prática tinha para os soberanos muçulmanos diversas vantagens, nomeadamente os conhecimentos técnicos superiores destes soldados, a sua maior lealdade (por não estarem ligados a um clã local) e por não constituírem um perigo para as elites do reino. Assim, o facto de entrarem ao serviço de um soberano apenas motivados pela necessidade de fugir a um processo judicial ou de melhorar as condições de vida não justificava a conversão destes alevantados.
No campo de batalha, os renegados serviam muitas vezes como lugar-tenentes dos comandantes militares, agrupando os mercenários estrangeiros e dando-lhes as ordens de combate. Os renegados serviam também de agentes duplos, principalmente durante os cercos, utilizando os contactos de que ainda dispunham entre os Portugueses para transmitir informações ao seu senhor sobre os pontos fracos a atacar. Noutras ocasiões, forneciam aos Portugueses informações falsas sobre um suposto plano de ataque do inimigo. Os renegados eram igualmente utilizados na "guerra psicológica": incitavam os soldados portugueses a desertarem para o seu lado, revelando-lhes as benesses que poderiam obter se o fizessem. Isto demonstra também que os contactos entre os renegados e a sua sociedade de origem nem sempre desapareciam. Temos o exemplo de Gonçalo Vaz Coutinho, que manteve o contacto com o seu sobrinho António de Sousa, capitão de Chaul, para que este em 1546 pedisse a D. João de Castro um salvo-conduto para o tio vir à cidade.
Em todo o caso, o acto de renegar era uma porta aberta à duplicidade: havia sempre a hipótese de retornarem ao serviço dos Portugueses quando a oportunidade surgisse, não passando a conversão religiosa de um mero disfarce. Foi o caso de João Machado, um degredado deixado por Pedro Álvares Cabral na África Oriental que depois terá entrado ao serviço de Yusuf Adil Khan (Idalcão). Desde que se tornou chefe dos firangiyan (mercenários estrangeiros, "francos") do sultão de Bijapur, Machado demonstrara desejo de voltar para junto dos Portugueses, informando mesmo secretamente Afonso de Albuquerque das manobras estratégicas do inimigo. Em 1511, desertou para o lado português juntamente com outros compatriotas, aproveitando o desespero dos portugueses durante o cerco a Goa, o que contribuiu para lhe restaurar a credibilidade perdida.
Muitos renegados acabavam efectivamente por regressar ao seio da sociedade cristã, trazendo com eles enormes mais-valias. Existem muitos casos de ex-renegados que foram utilizados pela Coroa como informadores, mensageiros e intérpretes, sobretudo em relação ao mundo muçulmano. Apesar das ordens de D. Manuel para que os ex-renegados fossem tratados com brandura, Afonso de Albuquerque considerava esta política propícia à deserção e castigou severamente os renegados refugiados em Goa, antes da conquista desta cidade.
Em tempos de guerra e de paz, os renegados eram os intermediários ideais entre os portugueses e os asiáticos, servindo como mensageiros entre o Estado Português da Índia e os potentados vizinhos, e como intérpretes durante as negociações diplomáticas. Muitos destes intérpretes tornavam-se mesmo verdadeiros conselheiros políticos dos soberanos muçulmanos, como foi o caso de Fernão Rodrigues Caldeira, que trabalhou na corte de Golconda ao serviço do sultão Muhammad Quli Qutb Shah.
A adopção de determinadas características da cultura muçulmana era um dos sinais visíveis da presença de um renegado. O uso de vestes muçulmanas, por exemplo, podia ser um desses sinais, embora muitos mercenários europeus - cristãos - também as usassem. Já a circuncisão, uma das marcas corporais de um convertido ao Islão, nem sempre era feita, dependendo esta prática da posição social do convertido e da duração da conversão. Temos igualmente exemplos de renegados, como João Machado e Gonçalo Vaz Coutinho, que se casaram com mulheres muçulmanas e (no segundo caso) deixaram descendência.
As fontes da época, nomeadamente as obras de Gaspar Correia, João de Barros e Diogo do Couto, revelam uma atitude de ambiguidade em relação aos renegados: se por um lado os condenam por serem traidores à sua fé e ao seu rei, por outro mostram algum fascínio pela sua afirmação numa sociedade que adoptaram de livre escolha.
Bibliografia:
COUTO, Dejanirah, "Quelques observations, sur les renégats portugais en Asie au XVIe siécle", in Mare Liberum. Revista de História dos Mares, Número 16, Dezembro 1998, pp.157-185. CRUZ, Maria Augusta Lima, "Exiles and renegades in early sixteenth century Portuguese India", in The Indian Economic and Social History Review, v.23, no.3, 1986, pp. 249-262. SUBRAHMANYAM, Sanjay, O Império Asiático Português, 1500-1700: Uma História Política e Económica, Lisboa, Difel, 1995, pp.351-361.