Data de publicação
2009
Categorias
Período
Área Geográfica
As origens familiares e sociais de Gaspar de Lemos são desconhecidas. Entra no registo histórico aquando da sua nomeação para capitão da nau de mantimentos da armada de Pedro Álvares Cabral. A ausência de informação em relação ao seu passado denuncia a sua fraca posição social, pelo que a sua escolha para capitão terá sido considerada por outros critérios que não a nobreza de sangue. Parte com a armada cabralina de Lisboa rumo ao Brasil a 9 de Março de 1500, onde chega a 22 de Maio do mesmo ano.

Após o descobrimento do Brasil, Gaspar de Lemos, ou por ordens de Pedro Álvares Cabral, ou por instruções de D. Manuel I, regressa a Lisboa a fim de relatar a boa nova, transportando consigo várias cartas destinadas ao rei, assim como objectos provenientes das terras recém-descobertas. Após reconhecer uma pequena porção da costa americana ruma a Lisboa, onde chega em Junho do mesmo ano.

Após a sua chegada ao reino no verão de 1500, o nome de Gaspar de Lemos desaparece do registo histórico, só reaparecendo mais tarde, entre 1536 e 1537, na Índia, ao serviço de Martim de Afonso de Sousa. Contudo, a informação disponível não permite nem averiguar, nem refutar, a hipótese de se tratar do mesmo homem que capitaneou a nau de mantimentos em 1500, ou apenas um seu homónimo. Ainda assim, em 1536, este homem parte em auxílio de Cochim e, mais tarde nesse ano, lidera 30 espingardeiros contra o Samorim de Calicut. Já em 1537, navega pelo Índico como capitão numa armada liderada por Martim Afonso de Sousa.

Para além desta menção, o nome Gaspar de Lemos surge novamente na Chancelaria de D. João III. Contudo, a informação a ele associada não permite a elaboração de qualquer hipótese concreta.

O relativo anonimato de Gaspar de Lemos, assim como a sua aparente falta de importância social, poderão ser enganadoras. Por um lado, não tendo qualquer antecedente digno de nota, foi escolhido para capitão na armada de Pedro Álvares Cabral, sendo que o principal critério de escolha para tal posição era a nobreza de sangue. Por outro lado, a natureza furtiva da sua missão, particularmente considerando a necessidade de secretismo imposta por D. Manuel I, demonstra que apesar da sua condição social, Gaspar de Lemos seria um homem da estrita confiança do monarca.

Bibliografia:
SANTANA, Célia; Gaspar de Lemos, in Descobridores do Brasil. Exploradores do Atlântico e Construtores do Estado da Índia, coord. João Paulo Oliveira e Costa, Lisboa, Sociedade Histórica da Independência de Portugal, pp. 209-214.