Data de publicação
2011
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Navegador português nascido durante o século XV, em data incerta.
Ao serviço de D. João II efectuou algumas viagens de descobrimento, obedecendo ao propósito régio de exploração da costa africana e eventual encontro de uma passagem entre os Oceanos Atlântico e Índico.
Na sua juventude, Diogo Cão participou em acções de corso contra as embarcações castelhanas que se aventuravam na costa africana e, após a assinatura do Tratado de Alcáçovas-Toledo, em 1479, terá igualmente participado em missões de patrulhamento de forma a assegurar o cumprimento das suas cláusulas. De facto, mesmo após a assinatura deste Tratado, a exclusividade portuguesa no comércio e navegação da Costa Africana não estava totalmente salvaguardada, sendo disso exemplo a expedição do francês Eustache Delafosse. É no relato da apreensão da sua caravela, após uma refrega de artilharia, que encontramos as primeiras referências a Diogo Cão.
Uma das perspectivas historiográficas mais conhecida sobre as expedições de Diogo Cão é a defendida por Damião Peres. Segundo este historiador, o navegador realizou duas viagens ao largo do continente africano. Numa primeira, iniciada na Primavera de 1482, Diogo percorreu a área já conhecida até à Mina, de onde partiu depois para águas estranhas. Daí chegou ao Cabo do Paul, que uma vez dobrado permitiu a chegada, em Abril de 1483, à foz do Rio Poderoso, como foi designado na época (actual Rio Zaire), local onde fixou o primeiro padrão, denominado de São Jorge, e efectuou uma penetração para interior até Ielala, onde ainda se podem encontrar gravadas em rochedos inscrições que atestam a sua passagem pelo local. No seguimento da exploração da orla deparou-se com os estuários de diversos cursos fluviais e territórios costeiros até ter atingido, a 28 de Agosto do mesmo ano, o Cabo do Lobo, tendo aí fixado um segundo padrão, de nome Santo Agostinho. Chegado a este local, Diogo Cão regressou a Lisboa onde aportou em meados do mês de Março ou inícios de Abril de 1484, como se deduz da circunstância de ter recebido carta de cavaleiro, da parte de D. João II, no dia 8 de Abril do mesmo ano. Com ele desembarcaram na cidade portuguesa um grupo de escravos congoleses, para que adquirissem conhecimentos da língua portuguesa e pudessem revelar informações sobre o seu território de origem.
É, também, colocada a possibilidade de no seu retorno a Lisboa, Diogo Cão ter chegado, no dia 1 de Janeiro de 1484, à ilha de Ano Bom, tornando-se o seu descobridor. No século XVI, Valentim Fernandes, aceitando esse facto atribuiu ao referido território o nome de Ilha de Diogo Cão.
Na sua segunda viagem, iniciada em 1485, levou de volta a África os escravos nativos do Congo que tinha transportado para Lisboa, que deixou no estuário do rio Zaire, onde os trocou pelos homens portugueses que lá tinham ficado. Daí seguiu rumo ao Sul e a 18 de Janeiro de 1486 chegou ao Monte do Cabo Negro, onde fixou o padrão do Monte Negro, ao que se seguiu a ancoragem em Cape Cross (Cabo da Serra/Cruz), local em que também edificou padrão (padrão de Cape Cross). A viagem terá terminado na Serra Parda, último local assinalado no Insulário (Illustratum Insularium ou Livro das Ilhas - obra cartográfica produzida no ano de 1484) de Henricus Martellus Germanus (Heinrich Hammer - cartógrafo alemão que trabalhou em Florença entre os anos de 1480 e 1496).
Divergente é a perspectiva da investigadora Cármen Radulet, segundo a qual, Diogo Cão empreendeu três viagens, propondo datas diferentes das apontadas por Peres para a sua realização. Assim, a primeira terá decorrido entre 1481 e os últimos meses de 1482, altura em que chegou a Lisboa acompanhado de escravos indígenas congoleses. Terá partido novamente em finais do ano seguinte, chegando até à Angra de João de Lisboa. Na mesma expedição regressou ao Congo onde, não encontrando os portugueses que lá tinham ficado, capturou mais nativos. No regresso a Portugal descobriu a Ilha do Ano Bom e desembarcou na capital do Reino antes do dia 8 de Abril de 1484. Pelos alvarás régios desse dia e de 16 de Abril, D. João II premiou Diogo pelas descobertas feitas.
A última jornada terá sido iniciada no Outono de 1485, levando o navegador consigo os escravos congoleses que trocou pelos portugueses deixados em Ielala. Após chegar à Serra Parda, segundo o referido Insulário de Henricus Martellus, é provável que Diogo Cão tenha falecido. A esquadra portuguesa regressou ao Rio Congo onde embarcou a embaixada do rei local, e chegou a Portugal em finais de 1486 ou início de 1487.
Não obstante a incerteza no número de viagens realizadas por Diogo Cão e das suas respectivas datas, é inegável o contributo do navegador português para o reconhecimento da costa africana, em concreto para o projecto de encontrar a zona de comunicação entre as águas do Atlântico e do Índico.
Bibliografia:
PERES, Damião, História dos Descobrimentos, Porto, Vertente, 1994; RADULET, Carmen, A viagens de Diogo Cão: um problema ainda em aberto, Lisboa, Instituto de Investigação Científica Tropical, 1988; THOMAZ, Luís Filipe, "O projecto imperial joanino", in De Ceuta a Timor, s.l., Difel, 1994, pp. 149-168.
Ao serviço de D. João II efectuou algumas viagens de descobrimento, obedecendo ao propósito régio de exploração da costa africana e eventual encontro de uma passagem entre os Oceanos Atlântico e Índico.
Na sua juventude, Diogo Cão participou em acções de corso contra as embarcações castelhanas que se aventuravam na costa africana e, após a assinatura do Tratado de Alcáçovas-Toledo, em 1479, terá igualmente participado em missões de patrulhamento de forma a assegurar o cumprimento das suas cláusulas. De facto, mesmo após a assinatura deste Tratado, a exclusividade portuguesa no comércio e navegação da Costa Africana não estava totalmente salvaguardada, sendo disso exemplo a expedição do francês Eustache Delafosse. É no relato da apreensão da sua caravela, após uma refrega de artilharia, que encontramos as primeiras referências a Diogo Cão.
Uma das perspectivas historiográficas mais conhecida sobre as expedições de Diogo Cão é a defendida por Damião Peres. Segundo este historiador, o navegador realizou duas viagens ao largo do continente africano. Numa primeira, iniciada na Primavera de 1482, Diogo percorreu a área já conhecida até à Mina, de onde partiu depois para águas estranhas. Daí chegou ao Cabo do Paul, que uma vez dobrado permitiu a chegada, em Abril de 1483, à foz do Rio Poderoso, como foi designado na época (actual Rio Zaire), local onde fixou o primeiro padrão, denominado de São Jorge, e efectuou uma penetração para interior até Ielala, onde ainda se podem encontrar gravadas em rochedos inscrições que atestam a sua passagem pelo local. No seguimento da exploração da orla deparou-se com os estuários de diversos cursos fluviais e territórios costeiros até ter atingido, a 28 de Agosto do mesmo ano, o Cabo do Lobo, tendo aí fixado um segundo padrão, de nome Santo Agostinho. Chegado a este local, Diogo Cão regressou a Lisboa onde aportou em meados do mês de Março ou inícios de Abril de 1484, como se deduz da circunstância de ter recebido carta de cavaleiro, da parte de D. João II, no dia 8 de Abril do mesmo ano. Com ele desembarcaram na cidade portuguesa um grupo de escravos congoleses, para que adquirissem conhecimentos da língua portuguesa e pudessem revelar informações sobre o seu território de origem.
É, também, colocada a possibilidade de no seu retorno a Lisboa, Diogo Cão ter chegado, no dia 1 de Janeiro de 1484, à ilha de Ano Bom, tornando-se o seu descobridor. No século XVI, Valentim Fernandes, aceitando esse facto atribuiu ao referido território o nome de Ilha de Diogo Cão.
Na sua segunda viagem, iniciada em 1485, levou de volta a África os escravos nativos do Congo que tinha transportado para Lisboa, que deixou no estuário do rio Zaire, onde os trocou pelos homens portugueses que lá tinham ficado. Daí seguiu rumo ao Sul e a 18 de Janeiro de 1486 chegou ao Monte do Cabo Negro, onde fixou o padrão do Monte Negro, ao que se seguiu a ancoragem em Cape Cross (Cabo da Serra/Cruz), local em que também edificou padrão (padrão de Cape Cross). A viagem terá terminado na Serra Parda, último local assinalado no Insulário (Illustratum Insularium ou Livro das Ilhas - obra cartográfica produzida no ano de 1484) de Henricus Martellus Germanus (Heinrich Hammer - cartógrafo alemão que trabalhou em Florença entre os anos de 1480 e 1496).
Divergente é a perspectiva da investigadora Cármen Radulet, segundo a qual, Diogo Cão empreendeu três viagens, propondo datas diferentes das apontadas por Peres para a sua realização. Assim, a primeira terá decorrido entre 1481 e os últimos meses de 1482, altura em que chegou a Lisboa acompanhado de escravos indígenas congoleses. Terá partido novamente em finais do ano seguinte, chegando até à Angra de João de Lisboa. Na mesma expedição regressou ao Congo onde, não encontrando os portugueses que lá tinham ficado, capturou mais nativos. No regresso a Portugal descobriu a Ilha do Ano Bom e desembarcou na capital do Reino antes do dia 8 de Abril de 1484. Pelos alvarás régios desse dia e de 16 de Abril, D. João II premiou Diogo pelas descobertas feitas.
A última jornada terá sido iniciada no Outono de 1485, levando o navegador consigo os escravos congoleses que trocou pelos portugueses deixados em Ielala. Após chegar à Serra Parda, segundo o referido Insulário de Henricus Martellus, é provável que Diogo Cão tenha falecido. A esquadra portuguesa regressou ao Rio Congo onde embarcou a embaixada do rei local, e chegou a Portugal em finais de 1486 ou início de 1487.
Não obstante a incerteza no número de viagens realizadas por Diogo Cão e das suas respectivas datas, é inegável o contributo do navegador português para o reconhecimento da costa africana, em concreto para o projecto de encontrar a zona de comunicação entre as águas do Atlântico e do Índico.
Bibliografia:
PERES, Damião, História dos Descobrimentos, Porto, Vertente, 1994; RADULET, Carmen, A viagens de Diogo Cão: um problema ainda em aberto, Lisboa, Instituto de Investigação Científica Tropical, 1988; THOMAZ, Luís Filipe, "O projecto imperial joanino", in De Ceuta a Timor, s.l., Difel, 1994, pp. 149-168.