Data de publicação
2009
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Embora alguns autores tenham pretendido que a constelação Cruzeiro do Sul foi conhecida antes, ela só aparece pela primeira vez referenciada na carta que o espanhol mestre João, físico e astrólogo de D. Manuel I, escreveu do Brasil ao rei, no ano 1500. Todavia, ele não se deu logo conta de que a constelação podia ser aproveitada para a determinação de latitudes, pois não faz a isso a mais leve referência. O regimento, ou conjunto de regras estabelecidas nesse sentido, parece só ter sido encontrado pelos pilotos Pêro Anes e João de Lisboa, anteriormente a 1508, pois foi neste ano que o primeiro deles morreu em combate; é o que dá a entender o pequeno «Tratado da agulha de marear», de João de Lisboa. O regimento, nesta sua primeira fase, aconselha os pilotos a recorrerem de preferência às alturas meridianas da estrela chamada do «pé do Cruzeiro» (=537; Crucis), de que fixa correctamente a distância polar em 30º; alternativamente, porém, o texto de João de Lisboa já aceita que se pudessem tomar as alturas meridianas das três outras estrelas mais brilhantes da constelação, de que indica os valores daquela coordenada astronómica. Só alguns anos mais tarde o regimento passou a contemplar outras posições da estrela =537; Crucis no seu movimento diurno aparente, mas de início apontando valores claramente errados para as correcções que deviam ser introduzidas às alturas da estrela tomadas nas novas posições extrameridianas.
Artigo originalmente publicado no Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, dir. Luís de Albuquerque, e reproduzido por cortesia do Círculo de Leitores
Artigo originalmente publicado no Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, dir. Luís de Albuquerque, e reproduzido por cortesia do Círculo de Leitores