Data de publicação
2009
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1º Marquês e grande alcaide de Montemor-o-Novo, governador da fronteira do Entre o Tejo e Guadiana, senhor de Viana do Alentejo e condestável de Portugal, nasceu por volta do ano de 1431 em Vila Viçosa.
Filho segundo de D. Fernando, 3º conde de Arraiolos (e futuro 2º duque de Bragança), e de D. Joana de Castro, D. João era, por via paterna, bisneto de D. João I e de D. Nuno Álvares Pereira e neto de D. Afonso, o 1º duque de Bragança.
Pouco se sabe sobre a sua infância, mas em 1447, com 16 anos, há notícia da sua presença em Ceuta, acompanhando o pai que, nessa altura, era o capitão da praça portuguesa.
Voltou a Ceuta em 1452 com o pai que se aí se deslocou para tentar convencer o infante D. Fernando, que queria passar a Ceuta como fronteiro, a regressar ao Reino.
Seguindo, tal como o pai e o irmão D. Fernando a carreira militar, em 1458 participou na conquista de Alcácer-Ceguer. Sobre a sua presença apenas ficou registado nas crónicas que partiu a 30 de Setembro de Setúbal na nau de D. Afonso V.
Em 1460, a morte do marquês de Valença, seu tio, e a ascensão de seu pai, D. Fernando a herdeiro presuntivo do ducado de Bragança possibilitaram-lhe um bom consórcio. A noiva escolhida foi D. Isabel de Noronha, filha bastarda de D. Pedro de Noronha, arcebispo de Lisboa, e de Branca Dias. O casamento foi acordado em 25 de Julho de 1460. Sendo sobrinha de D. Constança, a duquesa de Bragança, D. Isabel recebeu um grande reforço de dote, 12 000 dobras. Desta união não houve descendência.
No fim do ano de 1463 D. João voltaria a Marrocos acompanhando o Rei naquilo que foi mais uma tentativa de escalamento de Tânger. As más condições de navegação entre Silves e Ceuta, e a sobrevivência à tempestade de homens cujas naus se perderam foi tida como milagre e os Bragança, foram em camisas e descalços, à igreja de Santa Maria de África em romaria. Não se sabe se D. João terá acompanhado o irmão, D. Fernando, na sua entrada na serra de Benamir, contudo, D. João estava presente quando D. Afonso V se dirigiu a Gibraltar a fim de se encontrar com Henrique IV, de Castela.
De regresso ao Reino, em 15 de Janeiro de 1465, o duque e duquesa de Bragança, assim como o seu irmão, o conde de Guimarães, fizeram-lhe doação da alcaidaria de Montemor-o-Novo e das vilas do Cadaval e Peral. No mesmo ano D. Afonso V fez-lhe mercê do senhorio da vila do Redondo.
Em Março de 1471, estando já quase pronta a armada que deveria seguir para a conquista de Arzila, doze naus portuguesas, que vinham da Flandres carregadas de mercadorias, foram assaltadas, no Canal de Inglaterra, pelo corsário inglês Phoecumbrix (sobrinho do Conde de Warwick, que à data governava Inglaterra em nome de Henrique IV). Como resposta a este assalto, D. Afonso V declarou-lhes guerra e propôs que se enviasse uma armada contra os Ingleses (talvez mesmo a reservada a Arzila), capitaneada por D. João. No entanto, em Junho desse ano, o Conde de Warwick e o seu rei foram assassinados por Eduardo IV, possibilitando assim a D. Afonso V a prossecução da conquista de Arzila em 1471. Expedição da qual D. João foi nomeado condestável.
Após a conquista de Arzila, estando o rei ainda nesta praça, recebeu notícia de que os habitantes de Tânger, receando ser o próximo alvo dos Portugueses, haviam abandonado a cidade. D. João foi enviado pelo rei a Tânger a fim de verificar a veracidade desta notícia e de ocupar a cidade no caso a mesma se confirmasse. D. João entrou em Tânger a 28 de Agosto de 1471 e esteve no governo da praça até esta ser entregue a Rui de Melo, conde de Olivença, aquando do regresso do monarca ao Reino.
D. João foi recompensado pela sua prestação em Arzila e Tânger com a concessão do título de 1º marquês de Montemor-o-Novo. Não se sabe a data de criação do marquesado, mas a 15 Abril 1473 quando foi nomeado fronteiro de Entre o Tejo e Guadiana, na menoridade do duque de Viseu, já era marquês. E a 25 do mesmo mês foi elevado a condestável de Portugal, cargo que já havia pertencido ao seu bisavô, D. Nuno Álvares Pereira.
A última participação militar de D. João no reinado de D. Afonso V ocorreu durante a Guerra Peninsular. Apesar de o chefe de linhagem, D. Fernando, o 2º duque de Bragança, se ter manifestado contra as pretensões afonsinas ao trono castelhano, a Casa de Bragança participou em força na batalha de Toro. Não foi o duque, por já ser um homem de mais de setenta anos, mas foram os filhos. Apesar de ser D. João o condestável, foi D. Fernando, duque de Guimarães quem exerceu o cargo, por ser o primogénito e representar a linhagem. D. João, assim como seu irmão D. Afonso, foi capitão de uma parte da hoste.
Com a subida de D. João II ao trono, a relação entre a nobreza e o Rei deteriorou-se muito. Nas cortes de Évora, em 1481, o rei obrigou os detentores de fortalezas a devolvê-las a fim de se confirmarem as doações das mesmas. O 3º duque de Bragança insurgiu-se contra esta medida. Segundo os cronistas, enviou um escudeiro seu a Vila Viçosa procurar os documentos que comprovassem todos os privilégios que detinha. Nesta busca diz-se que o escudeiro encontrou cartas que provavam que o duque e os seus irmãos conspiravam com os Reis Católicos contra D. João II. Ao marquês de Montemor eram feitas acusações mais graves de traição (teria dito que o monarca português havia auxiliado o reino de Granada na guerra contra Castela, que tinha mandado envenenar o pai, que estava a preparar a guerra contra Castela) tudo a troco do mestrado de Santiago em Castela.
Ao ser informado da prisão do irmão, D. Fernando, 3º duque de Bragança, no final de Maio de 1483, D. João, que se encontrava em Alcáçovas, procurou ainda resistir e ficar em Portel, mas o alcaide Nuno Pereira não o recebeu. O marquês partiu então para a terra de Campos em Castela e daí seguiu com a Marquesa para Sevilha onde foi recebido pelos Reis Católicos. D. Fernando, foi julgado e condenado à morte em praça pública. Foi executado no dia 20 de Junho desse ano. Quanto a D. João, apesar de se encontrar em Sevilha, D. João II mandou-o julgar à revelia. Foi acusado do crime de lesa-majestade, condenado à morte e executado em efígie em 12 de Setembro de 1483, em Abrantes.
Durante a sua estadia em Castela auxiliou ainda os Reis Católicos participando na guerra contra o reino de Granada.
Morreu a 30 de Abril de 1484 em Sevilha sem deixar descendentes. Está enterrado no Mosteiro de Santa Paula das Religiosas Jerónimas de Sevilha, cuja igreja foi mandada construir por D. Isabel sua mulher.
Bibliografia:
CUNHA, Mafalda Soares da, Linhagem, Parentesco e Poder. A Casa de Bragança (1384-1433), Lisboa, Fundação da Casa de Bragança, 1990. SALGADO, Anastácia Mestrinho, O Marquês de Montemor e a Sua Vida Pública, Lisboa, Edições Cosmos, 1997. SOUSA, António Caetano de, História Genealógica da Casa Real Portuguesa, tomo V, nova edição revista por M. Lopes de Almeida e César Pegado, Coimbra, Atlântida Livraria Editora, 1948.
Filho segundo de D. Fernando, 3º conde de Arraiolos (e futuro 2º duque de Bragança), e de D. Joana de Castro, D. João era, por via paterna, bisneto de D. João I e de D. Nuno Álvares Pereira e neto de D. Afonso, o 1º duque de Bragança.
Pouco se sabe sobre a sua infância, mas em 1447, com 16 anos, há notícia da sua presença em Ceuta, acompanhando o pai que, nessa altura, era o capitão da praça portuguesa.
Voltou a Ceuta em 1452 com o pai que se aí se deslocou para tentar convencer o infante D. Fernando, que queria passar a Ceuta como fronteiro, a regressar ao Reino.
Seguindo, tal como o pai e o irmão D. Fernando a carreira militar, em 1458 participou na conquista de Alcácer-Ceguer. Sobre a sua presença apenas ficou registado nas crónicas que partiu a 30 de Setembro de Setúbal na nau de D. Afonso V.
Em 1460, a morte do marquês de Valença, seu tio, e a ascensão de seu pai, D. Fernando a herdeiro presuntivo do ducado de Bragança possibilitaram-lhe um bom consórcio. A noiva escolhida foi D. Isabel de Noronha, filha bastarda de D. Pedro de Noronha, arcebispo de Lisboa, e de Branca Dias. O casamento foi acordado em 25 de Julho de 1460. Sendo sobrinha de D. Constança, a duquesa de Bragança, D. Isabel recebeu um grande reforço de dote, 12 000 dobras. Desta união não houve descendência.
No fim do ano de 1463 D. João voltaria a Marrocos acompanhando o Rei naquilo que foi mais uma tentativa de escalamento de Tânger. As más condições de navegação entre Silves e Ceuta, e a sobrevivência à tempestade de homens cujas naus se perderam foi tida como milagre e os Bragança, foram em camisas e descalços, à igreja de Santa Maria de África em romaria. Não se sabe se D. João terá acompanhado o irmão, D. Fernando, na sua entrada na serra de Benamir, contudo, D. João estava presente quando D. Afonso V se dirigiu a Gibraltar a fim de se encontrar com Henrique IV, de Castela.
De regresso ao Reino, em 15 de Janeiro de 1465, o duque e duquesa de Bragança, assim como o seu irmão, o conde de Guimarães, fizeram-lhe doação da alcaidaria de Montemor-o-Novo e das vilas do Cadaval e Peral. No mesmo ano D. Afonso V fez-lhe mercê do senhorio da vila do Redondo.
Em Março de 1471, estando já quase pronta a armada que deveria seguir para a conquista de Arzila, doze naus portuguesas, que vinham da Flandres carregadas de mercadorias, foram assaltadas, no Canal de Inglaterra, pelo corsário inglês Phoecumbrix (sobrinho do Conde de Warwick, que à data governava Inglaterra em nome de Henrique IV). Como resposta a este assalto, D. Afonso V declarou-lhes guerra e propôs que se enviasse uma armada contra os Ingleses (talvez mesmo a reservada a Arzila), capitaneada por D. João. No entanto, em Junho desse ano, o Conde de Warwick e o seu rei foram assassinados por Eduardo IV, possibilitando assim a D. Afonso V a prossecução da conquista de Arzila em 1471. Expedição da qual D. João foi nomeado condestável.
Após a conquista de Arzila, estando o rei ainda nesta praça, recebeu notícia de que os habitantes de Tânger, receando ser o próximo alvo dos Portugueses, haviam abandonado a cidade. D. João foi enviado pelo rei a Tânger a fim de verificar a veracidade desta notícia e de ocupar a cidade no caso a mesma se confirmasse. D. João entrou em Tânger a 28 de Agosto de 1471 e esteve no governo da praça até esta ser entregue a Rui de Melo, conde de Olivença, aquando do regresso do monarca ao Reino.
D. João foi recompensado pela sua prestação em Arzila e Tânger com a concessão do título de 1º marquês de Montemor-o-Novo. Não se sabe a data de criação do marquesado, mas a 15 Abril 1473 quando foi nomeado fronteiro de Entre o Tejo e Guadiana, na menoridade do duque de Viseu, já era marquês. E a 25 do mesmo mês foi elevado a condestável de Portugal, cargo que já havia pertencido ao seu bisavô, D. Nuno Álvares Pereira.
A última participação militar de D. João no reinado de D. Afonso V ocorreu durante a Guerra Peninsular. Apesar de o chefe de linhagem, D. Fernando, o 2º duque de Bragança, se ter manifestado contra as pretensões afonsinas ao trono castelhano, a Casa de Bragança participou em força na batalha de Toro. Não foi o duque, por já ser um homem de mais de setenta anos, mas foram os filhos. Apesar de ser D. João o condestável, foi D. Fernando, duque de Guimarães quem exerceu o cargo, por ser o primogénito e representar a linhagem. D. João, assim como seu irmão D. Afonso, foi capitão de uma parte da hoste.
Com a subida de D. João II ao trono, a relação entre a nobreza e o Rei deteriorou-se muito. Nas cortes de Évora, em 1481, o rei obrigou os detentores de fortalezas a devolvê-las a fim de se confirmarem as doações das mesmas. O 3º duque de Bragança insurgiu-se contra esta medida. Segundo os cronistas, enviou um escudeiro seu a Vila Viçosa procurar os documentos que comprovassem todos os privilégios que detinha. Nesta busca diz-se que o escudeiro encontrou cartas que provavam que o duque e os seus irmãos conspiravam com os Reis Católicos contra D. João II. Ao marquês de Montemor eram feitas acusações mais graves de traição (teria dito que o monarca português havia auxiliado o reino de Granada na guerra contra Castela, que tinha mandado envenenar o pai, que estava a preparar a guerra contra Castela) tudo a troco do mestrado de Santiago em Castela.
Ao ser informado da prisão do irmão, D. Fernando, 3º duque de Bragança, no final de Maio de 1483, D. João, que se encontrava em Alcáçovas, procurou ainda resistir e ficar em Portel, mas o alcaide Nuno Pereira não o recebeu. O marquês partiu então para a terra de Campos em Castela e daí seguiu com a Marquesa para Sevilha onde foi recebido pelos Reis Católicos. D. Fernando, foi julgado e condenado à morte em praça pública. Foi executado no dia 20 de Junho desse ano. Quanto a D. João, apesar de se encontrar em Sevilha, D. João II mandou-o julgar à revelia. Foi acusado do crime de lesa-majestade, condenado à morte e executado em efígie em 12 de Setembro de 1483, em Abrantes.
Durante a sua estadia em Castela auxiliou ainda os Reis Católicos participando na guerra contra o reino de Granada.
Morreu a 30 de Abril de 1484 em Sevilha sem deixar descendentes. Está enterrado no Mosteiro de Santa Paula das Religiosas Jerónimas de Sevilha, cuja igreja foi mandada construir por D. Isabel sua mulher.
Bibliografia:
CUNHA, Mafalda Soares da, Linhagem, Parentesco e Poder. A Casa de Bragança (1384-1433), Lisboa, Fundação da Casa de Bragança, 1990. SALGADO, Anastácia Mestrinho, O Marquês de Montemor e a Sua Vida Pública, Lisboa, Edições Cosmos, 1997. SOUSA, António Caetano de, História Genealógica da Casa Real Portuguesa, tomo V, nova edição revista por M. Lopes de Almeida e César Pegado, Coimbra, Atlântida Livraria Editora, 1948.