Data de publicação
2009
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Conde de Vila Real, 2º capitão de Ceuta.

Terceiro filho de D. Afonso, conde de Noroña y Gijón (bastardo de D. Henrique II de Castela) e de D. Isabel (bastarda de D. Fernando, rei de Portugal), não se sabe ao certo a sua data de nascimento mas supõe-se que terá nascido nos primeiros anos da década de 1400. Ao contrário do seu irmão D. João de Noronha, que foi armado cavaleiro na conquista de Ceuta, em 1415, D. Fernando de Noronha não participou nesta empresa por ser muito jovem.

Netos de reis, D. Fernando e os seus irmãos assumiram grande destaque na sociedade portuguesa: D. Pedro de Noronha foi arcebispo de Lisboa; D. João de Noronha combateu ao lado do infante D. Duarte na conquista de Ceuta; D. Sancho de Noronha, o conde de Odemira, foi capitão de Ceuta; e D. Constança de Noronha foi a segunda mulher do duque de Bragança, D. Afonso.

Em 1418-19, Fernando foi pela primeira vez a Ceuta, acompanhando o irmão D. João no socorro à praça que se encontrava cercada. D. João permaneceu em Ceuta cerca de um ano, tendo sido gravemente ferido. Morreu em Almodôvar, pouco depois, sem descendência.

Com a morte do irmão, D. Fernando passou a ser o varão mais velho da família (com excepção do primogénito, D. Pedro, que tinha seguido a carreira eclesiástica), cujo casamento deveria ser bem planeado. Em meados de 1427 concertou-se o seu casamento com D. Beatriz de Meneses, filha e herdeira de D. Pedro de Meneses, o primeiro capitão de Ceuta, e da sua primeira mulher, D. Margarida de Miranda. O mediador deste casamento foi o infante D. Duarte, sendo que genro e sogro eram ambos homens da sua Casa. D. Pedro de Meneses, apesar de ter casado quatro vezes, apenas teve filhas legítimas. D. Beatriz e o seu marido herdariam o título, as propriedades e a capitania de Ceuta. A D. Fernando de Noronha, este casamento trouxe-lhe fortuna e legitimidade, pois, apesar de ser neto de reis era-o por via bastarda, e não possuía qualquer título. D. Pedro de Meneses era o único membro da nobreza titulada da época que não era membro da família real. O contrato de casamento, confirmado por D. João I em 1430, continha uma cláusula que obrigava a que os herdeiros desta união se chamassem Meneses e não Noronha. A cerimónia decorreu em Ceuta, onde D. Fernando permaneceu cerca de um ano tendo depois regressado ao Reino com a sua mulher.

Em 1428, ano em que já surge como membro do conselho do rei e camareiro-mor do infante D. Duarte, foi encarregado pelo rei D. João I, seu tio, de acompanhar até Portugal D. Leonor de Aragão, que havia casado com o herdeiro do trono.

Nesse mesmo ano, comandou uma armada portuguesa que desbaratou, na costa da Andaluzia, corsários que ameaçavam a segurança de Ceuta. Nesta armada seguia também D. Fernando de Castro, governador da casa do infante D. Henrique. Em 1434, D. Pedro de Meneses, veio pela segunda vez, desde que assumira o cargo de capitão de Ceuta, ao Reino, onde foi agraciado pelo rei D. Duarte, com o título de conde de Viana (que anteriormente havia pertencido ao seu pai). O título de conde de Vila Real passou a pertencer a D. Fernando de Noronha, o herdeiro do capitão.

Em 1437, D. Fernando foi um dos nobres que acompanhou os infantes D. Fernando e D. Henrique na tentativa de conquista de Tânger (onde ficaria preso o infante D. Fernando). Durante o curso da campanha militar, chegou a notícia de que D. Pedro de Meneses tinha morrido. De imediato seguiu para a praça o seu filho, D. Duarte de Meneses, que assumiu as funções de capitão interino, até que o cunhado pudesse deslocar-se para Ceuta. Após o desastre de Tânger, D. Fernando regressou ao Reino. Foi nomeado governador de Ceuta por carta de 18 de Outubro de 1437, tomando este governo das mãos do seu cunhado D. Duarte de Meneses, em princípios de 1438. D. Fernando partiu para Ceuta com instruções do monarca para suspender a guerra contra os mouros e limitar-se apenas a acções defensivas, para que o infante D. Fernando não sofresse represálias.

Em Setembro desse mesmo ano morreu o rei D. Duarte. Apesar de não ser um dos grandes membros da oposição à regência (como o foram o seu irmão, D. Pedro de Noronha, arcebispo de Lisboa, e o duque D. Afonso) D. Fernando de Noronha não partilhava a opinião do infante D. Pedro sobre a devolução de Ceuta, em troca do infante D. Fernando que se encontrava na cidade de Fez em cativeiro. O facto de o capitão de Ceuta ser contrário à entrega da cidade colocava graves problemas nas negociações entre o regente D. Pedro e os embaixadores do reino de Fez. Foi, por isso, acordado que o governador da casa do infante D. Henrique, D. Fernando de Castro, e o seu filho, D. Álvaro, iriam para Ceuta, onde tomariam a chave da cidade das mãos de D. Fernando, e a entregariam aos mouros quando o infante D. Fernando já se encontrasse em Arzila.

Esse plano falhou pois a frota em que D. Fernando de Castro seguia para Ceuta foi atacada ao largo do cabo de São Vicente por uma armada genovesa, provocando a morte do governador. O infante D. Fernando morreu pouco depois, no ano de 1443, em Fez.

Nas querelas entre a rainha viúva e o infante D. Pedro, D. Fernando de Noronha, apesar de neutro, foi um dos nobres que mais auxiliou D. Leonor, enviando jóias e dinheiro para Toledo, onde esta se encontrava no ano de 1444.

D. Fernando de Noronha morreu em Ceuta, no início de 1445. Pela sua morte foi eleito governador interino António Pacheco. Em Outubro desse mesmo ano foi nomeado para capitão de Ceuta o conde de Arraiolos, D. Fernando.

Teve dois filhos, D. Pedro de Meneses, sucessor da casa, que tomou o apelido do avô, e D. João de Noronha.

Está enterrado no convento de São Francisco em Santarém, junto ao seu avô, o rei D. Fernando.

Bibliografia:
MASCARENHAS, Jerónimo, Historia de la Ciudad de Ceuta: sus sucessos militares y políticos, dir. de Afonso de Dornelas, Lisboa, Academia das Sciencias, 1918. SILVEIRA, Luís Lobo da; Sousa, António Caetano de; Noronha, António de; Bem, Tomás Caetano de; Título da Família de Noronhas. TEIXEIRA, André Pinto de Sousa Dias, «Uma linhagem ao serviço da "ideia imperial manuelina": Noronhas e Meneses de Vila Real, em Marrocos e na Índia», A Alta Nobreza e a Fundação do Estado da Índia. Actas do Colóquio Internacional, ed. João Paulo Oliveira e Costa e Vítor Luís Gaspar Rodrigues, Lisboa, CHAM/IICT, 2004.