Data de publicação
2013
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Autora de uma das poucas memórias de cativos de que há notícia em Portugal, simultaneamente, uma interessante descrição de Marrocos, ao tempo de Mawlay Isma‛il e de Mawlay Ahmad al-Dhahabi, nos primórdios do século XVIII. Apenas parcialmente publicada, em meados do século XIX, com o título Marrocos - Viagem e captiveiro de uma dama portugueza, n'este Imperio, em tempo del-Rei D. João V,, prevê-se que, dentro em breve, esta obra conheça uma edição integral.
D. Filipa de Vasconcelos, sobre a qual muito pouco se sabe para além daquilo que a própria regista nas suas memórias, terá nascido cerca de 1686, em Alcácer do Sal, e ainda vivia, em Faro, em 1744. Filha de Manuel Pais Cubelos de Vasconcelos, natural de Alvito, e de Leonor de Medina y Guzmán, de Jerez de la Frontera, tendo vivido uma infância despreocupada nas margens do Sado, entre a casa de seus pais e o Convento de Nossa Senhora de Aracoeli, viu as suas aventuras terem início, precocemente, com a morte de seu pai. Após este funesto episódio, partilhando a sorte de uma família sem grandes recursos financeiros, fixou-se em Lisboa, onde se encontrava quando faleceu D. Pedro II, em 1706. Então, vê-se constrangida, pela situação familiar e pela pressão de parentes e amigos, a contrair matrimónio com um oficial espanhol que, integrando as forças de Carlos, Arquiduque de Áustria, pretendente ao trono de Espanha, acompanhará pouco depois até Alicante. Alguns meses depois, perante o avanço das forças de Filipe de Anjou, o futuro Filipe V, deixa Alicante e refugia-se em Ibiza, onde toma conhecimento da derrota sofrida pelos apoiantes do pretendente Habsburgo em Almança e, por outro lado, da morte do seu marido. Ao tempo, viúva, aceitará o pedido de casamento de João Baptista Julião, natural de Valência, corsário, o qual acompanhará nas suas viagens pelo Mediterrâneo Ocidental até que, tendo este obtido licença do Arquiduque de Áustria, voltou para Portugal, fixando-se em Alcácer do Sal. Alguns anos mais tarde, em 1718, agora na companhia do marido e de dois filhos, Ana de Vasconcelos e Manuel Julião de Vasconcelos, abandonando de novo a terra que a viu nascer, embarcou em Lisboa com destino a Espanha. Contudo, novamente vítima da má fortuna, naufragou na costa marroquina, algures entre o rio Lucos e o rio Cebu. Aí será feita cativa e, posteriormente, levada para Mequinez, onde irá permanecer durante largos anos. Em 1729, foi resgatada por religiosos da Ordem da Santíssima Trindade para a Redenção dos Cativos. De regresso ao Reino, passou por Lisboa, Olhão, Cádis, até que, não sabemos por quanto tempo, se fixou em Faro, onde escreveu as suas memórias, a pedido de D. Inácio de Santa Teresa, bispo do Algarve, em 1744.
Bibliografia:
VASCONCELOS, D. Filipa de, "Marrocos - Viagem e captiveiro de uma dama portugueza, n'este Imperio, em tempo del-Rei D. João V", in Archivo Pittoresco: Semanario Illustrado, vol. III, 1860, pp. 11-13, 19-20, 46-47, 58-59 e 66-68.
D. Filipa de Vasconcelos, sobre a qual muito pouco se sabe para além daquilo que a própria regista nas suas memórias, terá nascido cerca de 1686, em Alcácer do Sal, e ainda vivia, em Faro, em 1744. Filha de Manuel Pais Cubelos de Vasconcelos, natural de Alvito, e de Leonor de Medina y Guzmán, de Jerez de la Frontera, tendo vivido uma infância despreocupada nas margens do Sado, entre a casa de seus pais e o Convento de Nossa Senhora de Aracoeli, viu as suas aventuras terem início, precocemente, com a morte de seu pai. Após este funesto episódio, partilhando a sorte de uma família sem grandes recursos financeiros, fixou-se em Lisboa, onde se encontrava quando faleceu D. Pedro II, em 1706. Então, vê-se constrangida, pela situação familiar e pela pressão de parentes e amigos, a contrair matrimónio com um oficial espanhol que, integrando as forças de Carlos, Arquiduque de Áustria, pretendente ao trono de Espanha, acompanhará pouco depois até Alicante. Alguns meses depois, perante o avanço das forças de Filipe de Anjou, o futuro Filipe V, deixa Alicante e refugia-se em Ibiza, onde toma conhecimento da derrota sofrida pelos apoiantes do pretendente Habsburgo em Almança e, por outro lado, da morte do seu marido. Ao tempo, viúva, aceitará o pedido de casamento de João Baptista Julião, natural de Valência, corsário, o qual acompanhará nas suas viagens pelo Mediterrâneo Ocidental até que, tendo este obtido licença do Arquiduque de Áustria, voltou para Portugal, fixando-se em Alcácer do Sal. Alguns anos mais tarde, em 1718, agora na companhia do marido e de dois filhos, Ana de Vasconcelos e Manuel Julião de Vasconcelos, abandonando de novo a terra que a viu nascer, embarcou em Lisboa com destino a Espanha. Contudo, novamente vítima da má fortuna, naufragou na costa marroquina, algures entre o rio Lucos e o rio Cebu. Aí será feita cativa e, posteriormente, levada para Mequinez, onde irá permanecer durante largos anos. Em 1729, foi resgatada por religiosos da Ordem da Santíssima Trindade para a Redenção dos Cativos. De regresso ao Reino, passou por Lisboa, Olhão, Cádis, até que, não sabemos por quanto tempo, se fixou em Faro, onde escreveu as suas memórias, a pedido de D. Inácio de Santa Teresa, bispo do Algarve, em 1744.
Bibliografia:
VASCONCELOS, D. Filipa de, "Marrocos - Viagem e captiveiro de uma dama portugueza, n'este Imperio, em tempo del-Rei D. João V", in Archivo Pittoresco: Semanario Illustrado, vol. III, 1860, pp. 11-13, 19-20, 46-47, 58-59 e 66-68.