Data de publicação
2009
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Conjurado da Restauração, embaixador em Londres e Haia e plenipotenciário no Congresso de Munster.
Nasceu por volta de 1585 em Condeixa ou Pedrógão Grande. Filho de Manuel Fernandes de Almeida e António de Andrade, era neto de Belchior de Andrade, cavaleiro fidalgo. Casou com D. Ana Leitão Coutinho de quem teve apenas uma filha, Antónia de Andrade, que viria a casar com Francisco Machado de Brito, tesoureiro da Casa da Índia.
Educado no Colégio de S. Pedro, concluiu o bacharelato em 1611 e licenciou-se e doutorou-se em Leis, na Universidade de Direito de Coimbra, no ano de 1618, tendo sido admitido um ano antes no Colégio de S. Paulo.
Desempenhou os cargos de Lente de leitura (até 1616) e de Instituta (até 1626). Neste ano, assumiu o lugar de desembargador da Casa da Suplicação e, dois anos mais tarde, da Casa dos Agravos. Foi oficial da chancelaria régia e cavaleiro da Ordem de Cristo, de cuja ordem recebeu a comenda de S. Martinho de Freixedas. Adquiriu outras mercês, como a administração em sua vida de uma capela na igreja de S. Pedro de Óbidos, um lugar de freira para uma descendente por si nomeada e uma pensão anual de vinte mil réis para um neto com o hábito de Cristo.
Foi o orador oficial no acto de juramento e coroação de D. João IV, a 15 de Dezembro de 1640, o que o nomeou como desembargador supranumerário do Desembargo do Paço, pouco antes de partir para Londres.
De facto, foi designado como embaixador português (juntamente com D. Antão de Almada) na primeira missão da nova Coroa à capital britânica, missão que desempenhou entre 1641-42. Esta visou alcançar o reconhecimento do Reino Unido do movimento restaurador e a consequente legitimação do monarca português e da sua dinastia. A pressão espanhola junta da corte britânica procurando evitar que a missão portuguesa fosse recebida, adiou em cerca de um mês a recepção de Carlos I aos embaixadores portugueses. Após longas negociações foi acordado um tratado de paz e comércio em Janeiro de 1642, que garantiu vários privilégios comerciais aos mercadores britânicos. A importância deste entendimento acabou por ser relativa, dado que apesar do reino britânico reconhecer a mudança da situação política portuguesa, tal facto não significava a sua aceitação do movimento restaurador, fugindo assim a um comprometimento objectivo de modo a evitar antagonismos com a monarquia hispânica, com quem tinha um acordo de paz desde 1630.
Regressado desta missão em 1642, Andrade de Leitão foi designado pouco tempo depois como embaixador extraordinário em Haia, para onde parte a 20 de Março daquele ano. Ali permaneceu até 1643, tendo como principal objectivo lutar pela restituição de Luanda e S. Tomé, ocupadas pelos Neerlandeses em 1641. Estes rebateram as intenções portuguesas com o argumento de que a ratificação do tratado luso-neerlandês de 1641 não tinha chegado àqueles territórios africanos aquando da sua conquista, sendo os dois países ainda inimigos. O enviado português pugnou de igual modo pela entrega do Maranhão, também tomada pelos Neerlandeses e apresentou várias reclamações contra a VOC. As suas pretensões não foram alcançadas junto do poder neerlandês que, em 1643, declarou oficialmente que as suas conquistas tinham sido legítimas e não infringiam o tratado entre os dois países.
No ano seguinte partiu para o Congresso de Munster como ministro plenipotenciário do Reino português (juntamente com o Dr. Luís Pereira de Castro), local onde decorreram as negociações de paz entre as principais potências europeias, no contexto da Guerra dos 30 Anos. Trabalhou durante três anos pela integração do Reino português no acordo negociado, o que não veio a conseguir, dado que o Tratado de Vestefália de 1648, resultado prático dos Congressos de Munster e Onsbruck, não incluiu a Coroa portuguesa.
Morreu em Lisboa, a 17 de Março de 1655, sendo enterrado na Igreja de S. Domingos.
Bibliografia:
FARIA, Ana Maria Homem Leal, O Tempo dos Diplomatas - estudo sobre o processo de formação da diplomacia moderna portuguesa e o seu contributo na tomada de decisão política (1640/1 - 1736/50), tese de doutoramento em História Moderna apresentada à Faculdade de Letras da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2004. MACHADO, Digo Barbosa, Biblioteca Lusitana, II, Lisboa, pp. 104-106; PRESTAGE, Edgar, A embaixada de Francisco de Andrade de Leitão à Holanda, 1642-1644, Porto, 1923. Ministros Portugueses nas cortes estrangeiras no reinado de D. João IV e a sua correspondência, Porto, Tip. da Empresa Literária e Tipográfica, 1915. SANTOS, Carlos Ary dos, "Francisco de Andrade Leitão. Um Diplomata Restaurador da Independência", in A Diplomacia na História de Portugal. Actas de Colóquio, Lisboa, 1990.
Nasceu por volta de 1585 em Condeixa ou Pedrógão Grande. Filho de Manuel Fernandes de Almeida e António de Andrade, era neto de Belchior de Andrade, cavaleiro fidalgo. Casou com D. Ana Leitão Coutinho de quem teve apenas uma filha, Antónia de Andrade, que viria a casar com Francisco Machado de Brito, tesoureiro da Casa da Índia.
Educado no Colégio de S. Pedro, concluiu o bacharelato em 1611 e licenciou-se e doutorou-se em Leis, na Universidade de Direito de Coimbra, no ano de 1618, tendo sido admitido um ano antes no Colégio de S. Paulo.
Desempenhou os cargos de Lente de leitura (até 1616) e de Instituta (até 1626). Neste ano, assumiu o lugar de desembargador da Casa da Suplicação e, dois anos mais tarde, da Casa dos Agravos. Foi oficial da chancelaria régia e cavaleiro da Ordem de Cristo, de cuja ordem recebeu a comenda de S. Martinho de Freixedas. Adquiriu outras mercês, como a administração em sua vida de uma capela na igreja de S. Pedro de Óbidos, um lugar de freira para uma descendente por si nomeada e uma pensão anual de vinte mil réis para um neto com o hábito de Cristo.
Foi o orador oficial no acto de juramento e coroação de D. João IV, a 15 de Dezembro de 1640, o que o nomeou como desembargador supranumerário do Desembargo do Paço, pouco antes de partir para Londres.
De facto, foi designado como embaixador português (juntamente com D. Antão de Almada) na primeira missão da nova Coroa à capital britânica, missão que desempenhou entre 1641-42. Esta visou alcançar o reconhecimento do Reino Unido do movimento restaurador e a consequente legitimação do monarca português e da sua dinastia. A pressão espanhola junta da corte britânica procurando evitar que a missão portuguesa fosse recebida, adiou em cerca de um mês a recepção de Carlos I aos embaixadores portugueses. Após longas negociações foi acordado um tratado de paz e comércio em Janeiro de 1642, que garantiu vários privilégios comerciais aos mercadores britânicos. A importância deste entendimento acabou por ser relativa, dado que apesar do reino britânico reconhecer a mudança da situação política portuguesa, tal facto não significava a sua aceitação do movimento restaurador, fugindo assim a um comprometimento objectivo de modo a evitar antagonismos com a monarquia hispânica, com quem tinha um acordo de paz desde 1630.
Regressado desta missão em 1642, Andrade de Leitão foi designado pouco tempo depois como embaixador extraordinário em Haia, para onde parte a 20 de Março daquele ano. Ali permaneceu até 1643, tendo como principal objectivo lutar pela restituição de Luanda e S. Tomé, ocupadas pelos Neerlandeses em 1641. Estes rebateram as intenções portuguesas com o argumento de que a ratificação do tratado luso-neerlandês de 1641 não tinha chegado àqueles territórios africanos aquando da sua conquista, sendo os dois países ainda inimigos. O enviado português pugnou de igual modo pela entrega do Maranhão, também tomada pelos Neerlandeses e apresentou várias reclamações contra a VOC. As suas pretensões não foram alcançadas junto do poder neerlandês que, em 1643, declarou oficialmente que as suas conquistas tinham sido legítimas e não infringiam o tratado entre os dois países.
No ano seguinte partiu para o Congresso de Munster como ministro plenipotenciário do Reino português (juntamente com o Dr. Luís Pereira de Castro), local onde decorreram as negociações de paz entre as principais potências europeias, no contexto da Guerra dos 30 Anos. Trabalhou durante três anos pela integração do Reino português no acordo negociado, o que não veio a conseguir, dado que o Tratado de Vestefália de 1648, resultado prático dos Congressos de Munster e Onsbruck, não incluiu a Coroa portuguesa.
Morreu em Lisboa, a 17 de Março de 1655, sendo enterrado na Igreja de S. Domingos.
Bibliografia:
FARIA, Ana Maria Homem Leal, O Tempo dos Diplomatas - estudo sobre o processo de formação da diplomacia moderna portuguesa e o seu contributo na tomada de decisão política (1640/1 - 1736/50), tese de doutoramento em História Moderna apresentada à Faculdade de Letras da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2004. MACHADO, Digo Barbosa, Biblioteca Lusitana, II, Lisboa, pp. 104-106; PRESTAGE, Edgar, A embaixada de Francisco de Andrade de Leitão à Holanda, 1642-1644, Porto, 1923. Ministros Portugueses nas cortes estrangeiras no reinado de D. João IV e a sua correspondência, Porto, Tip. da Empresa Literária e Tipográfica, 1915. SANTOS, Carlos Ary dos, "Francisco de Andrade Leitão. Um Diplomata Restaurador da Independência", in A Diplomacia na História de Portugal. Actas de Colóquio, Lisboa, 1990.