Data de publicação
2009
Categorias
Entradas associadas
O termo surge em português desde 1255 e permanece até ao século XVIII para identificar diversos tipos de navios, que tão pouco têm muitas características em comum. As primeiras caravelas eram embarcações ligeiras empregues na faina da pesca (caravela pescareza), no transporte fluvial ou de cabotagem, e num conjunto diversificado de actividades marítimas que requeressem embarcações ligeiras.
Pelos finais da década de 1430, a avaliar pelo testemunho da Crónica de Guiné de Gomes Eanes de Zurara, foram empregues caravelas latinas nas viagens de exploração marítima ao longo da costa ocidental africana. Estas embarcações tornar-se-iam emblemáticas dos próprios Descobrimentos, tendo protagonizado o ciclo de viagens que se concluiu com Bartolomeu Dias e a verificação empírica da existência de uma ligação marítima entre o Atlântico e o Índico. Aceita-se que estas caravelas tinham velas latinas em dois mastros, e eram de porte superior às barcas das primeiras viagens henriquinas. Assim, à caravela é permitido melhorar as condições de progressão em mares desconhecidos por lhes ser mais fácil praticar a navegação à bolina - em relação aos navios de pano redondo -, uma solução de recurso mas a única possível face à presença de ventos dominantes contrários ao sentido da progressão do navio, quando se ignoravam os condicionalismos físicos de navegação; por outro lado, por serem de maior porte, é possível que a utilização de caravelas se devesse também à possibilidade de aumentar a autonomia das viagens, permitindo o embarque de maior quantidade de mantimentos, apesar de as tripulações recorrerem sempre que possível ao reabastecimento em ilhas e pontos da costa favoráveis.
Com a entrada no Índico, tornou-se porém patente que a fragilidade e dimensões destes navios não os tornava adequados para a navegação transoceânica. Segundo Gaspar Correia, os navegadores que regressam da viagem de 1487-1488 dão conta ao rei D. João II dos "mares grossos" que tinham encontrado e da impossibilidade de progredir com aquelas embarcações.
Estas caravelas latinas de dois mastros teriam cerca de 50 tonéis de capacidade; terão chegado aos 80, talvez 100, as de três mastros (sempre com pano latino) que terão surgido e pelos finais de Quatrocentos. Umas e outras continuarão durante muito mais tempo a servir na navegação para os arquipélagos atlânticos e para o Brasil, onde a sua ligeireza as tornava aconselháveis para o transporte de bens de valor pouco volumosos - como o ouro da Guiné -, enquanto a sua velocidade lhes permitia escaparem-se com facilidade a navios corsários. Por esse motivo foram também empregues no século XVII no comércio com o Brasil, navegando a meia carga para se tornarem ainda mais ligeiras.
Pelos finais de Quatrocentos surgiu um outro tipo de caravela que terá um papel importante na navegação oceânica do século XVI: a caravela redonda era assim chamada porque arvorava três mastros com pano latino, e à proa um quarto com pano redondo. Pelos finais da centúria tinha tipicamente 150 a 180 tonéis, e era um navio de apoio às grandes naus e galeões que faziam a Carreira da Índia, artilhado e com linhas finas que, a par do aparelho vélico, lhe garantiam superiores capacidades de navegação e manobra. Era especialmente adequada a missões militares navais: assim se compreende que estas caravelas (seguramente redondas) tenham aparecido na armada de Pedro Álvares Cabral, dado que tinha acabado de se verificar a inadequação da pequena caravela latina de dois mastros. A esta nova caravela, também chamada caravela armada ou caravela de armada, calhavam bem as acções de guerra que se pensava poderem vir a ser necessárias, como efectivamente foram.
Bibliografia DOMINGUES, Francisco Contente, Arqueologia Naval Portuguesa (séculos XV e XVI). História, conceito, bibliografia, Lisboa, Edições Culturais da Marinha, 2003. IDEM, Navios Portugueses dos Séculos XV e XVI, Vila do Conde, Câmara Municipal, 2007.
Pelos finais da década de 1430, a avaliar pelo testemunho da Crónica de Guiné de Gomes Eanes de Zurara, foram empregues caravelas latinas nas viagens de exploração marítima ao longo da costa ocidental africana. Estas embarcações tornar-se-iam emblemáticas dos próprios Descobrimentos, tendo protagonizado o ciclo de viagens que se concluiu com Bartolomeu Dias e a verificação empírica da existência de uma ligação marítima entre o Atlântico e o Índico. Aceita-se que estas caravelas tinham velas latinas em dois mastros, e eram de porte superior às barcas das primeiras viagens henriquinas. Assim, à caravela é permitido melhorar as condições de progressão em mares desconhecidos por lhes ser mais fácil praticar a navegação à bolina - em relação aos navios de pano redondo -, uma solução de recurso mas a única possível face à presença de ventos dominantes contrários ao sentido da progressão do navio, quando se ignoravam os condicionalismos físicos de navegação; por outro lado, por serem de maior porte, é possível que a utilização de caravelas se devesse também à possibilidade de aumentar a autonomia das viagens, permitindo o embarque de maior quantidade de mantimentos, apesar de as tripulações recorrerem sempre que possível ao reabastecimento em ilhas e pontos da costa favoráveis.
Com a entrada no Índico, tornou-se porém patente que a fragilidade e dimensões destes navios não os tornava adequados para a navegação transoceânica. Segundo Gaspar Correia, os navegadores que regressam da viagem de 1487-1488 dão conta ao rei D. João II dos "mares grossos" que tinham encontrado e da impossibilidade de progredir com aquelas embarcações.
Estas caravelas latinas de dois mastros teriam cerca de 50 tonéis de capacidade; terão chegado aos 80, talvez 100, as de três mastros (sempre com pano latino) que terão surgido e pelos finais de Quatrocentos. Umas e outras continuarão durante muito mais tempo a servir na navegação para os arquipélagos atlânticos e para o Brasil, onde a sua ligeireza as tornava aconselháveis para o transporte de bens de valor pouco volumosos - como o ouro da Guiné -, enquanto a sua velocidade lhes permitia escaparem-se com facilidade a navios corsários. Por esse motivo foram também empregues no século XVII no comércio com o Brasil, navegando a meia carga para se tornarem ainda mais ligeiras.
Pelos finais de Quatrocentos surgiu um outro tipo de caravela que terá um papel importante na navegação oceânica do século XVI: a caravela redonda era assim chamada porque arvorava três mastros com pano latino, e à proa um quarto com pano redondo. Pelos finais da centúria tinha tipicamente 150 a 180 tonéis, e era um navio de apoio às grandes naus e galeões que faziam a Carreira da Índia, artilhado e com linhas finas que, a par do aparelho vélico, lhe garantiam superiores capacidades de navegação e manobra. Era especialmente adequada a missões militares navais: assim se compreende que estas caravelas (seguramente redondas) tenham aparecido na armada de Pedro Álvares Cabral, dado que tinha acabado de se verificar a inadequação da pequena caravela latina de dois mastros. A esta nova caravela, também chamada caravela armada ou caravela de armada, calhavam bem as acções de guerra que se pensava poderem vir a ser necessárias, como efectivamente foram.
Bibliografia DOMINGUES, Francisco Contente, Arqueologia Naval Portuguesa (séculos XV e XVI). História, conceito, bibliografia, Lisboa, Edições Culturais da Marinha, 2003. IDEM, Navios Portugueses dos Séculos XV e XVI, Vila do Conde, Câmara Municipal, 2007.