Data de publicação
2009
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Instrumento para a determinação de alturas de astros e de objectos terrestres, conhecidos desde a Idade Média; mas o quadrante medieval, tal como vem descrito em alguns textos, incluía escalas altimétricas, para resolver alguns problemas de distancias entre pontos inacessíveis de terrenos e outras operações semelhantes, e ainda, a partir do inicio do século XIV, também um cursor que podia ser de tipo que permitisse, nomeadamente, calcular a declinação solar em dado dia. Este tipo de quadrante encontra-se descrito no tratado que ao instrumento dedicou Roberto Anglès e a escala altimétrica ainda aparece nos desenhos que do quadrante nos dá o cartógrafo Diogo Ribeiro em vários dos seus planisférios. O quadrante náutico dispensava estes acessórios, sendo até surpreendente que um cartógrafo ligado à actividade náutica, ao iniciar-se o segundo quartel do século XVI ainda insistisse em representar um modelo certamente ultrapassado. Para os fins que os pilotos dele se serviam, bastava com efeito, moldar o quadrante em metal, ou, preferentemente, em madeira, montar-lhes as duas pínulas de pontaria e o fio-de-prumo que, suspenso do vértice do ângulo recto, havia de marcar na graduação do quarto de círculo periférico o ângulo de altura ou de distância zenital da linha de pontaria, consoante o sentido crescente da graduação. Diogo Gomes, reportando-se à viagem que fez por volta de 1462, já alude à utilização de um quadrante em náutica; o velho navegador, que ditava as suas memórias a Martim Behaim, afirma ter observado com o quadrante a «altura do pólo árctico» (certamente a da Estrela Polar, uma das suas passagens meridianas), marcando o lugar de observação na tábua do instrumento. Este modo de proceder constituiu a primeira fase da navegação astronómica, baseada numa declinação de alturas; foi também dessa prática que se passou em náutica a determinar a latitude do lugar ocupado pelo observador, primeiro passo dado no sentido da náutica moderna. O quadrante náutico continuou a ser usado até ao século XVIII, tendo os seus construtores do final de Quinhentos e durante os anos de Seiscentos procurado introduzir-lhe aperfeiçoamentos. Citarei aqui apenas a ideia do padre Francisco da Costa, que foi a de dotar o quadrante de uma escala composta, no género do «nónio» descrito por Pedro Nunes em De Crepusculis; o professor jesuíta do Colégio de Santo Antão chamava ao instrumento assim aperfeiçoado o «quadrante dos quadrantes».
Bibliografia:
Libros del Saber de Astronomia, vol. III¸ Libro del Quadrante, Madrid, 1865; TANNERY, Jules, Le Traité du Quadrant de Maître Robert Anglès, Paris, 1897; VALLICROSA, J. M. Millás, Estudios sobre Historia de la Ciencia Española, Barcelona, 1949.
Artigo originalmente publicado no Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, dir. Luís de Albuquerque, e reproduzido por cortesia do Círculo de Leitores
Bibliografia:
Libros del Saber de Astronomia, vol. III¸ Libro del Quadrante, Madrid, 1865; TANNERY, Jules, Le Traité du Quadrant de Maître Robert Anglès, Paris, 1897; VALLICROSA, J. M. Millás, Estudios sobre Historia de la Ciencia Española, Barcelona, 1949.
Artigo originalmente publicado no Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, dir. Luís de Albuquerque, e reproduzido por cortesia do Círculo de Leitores