Data de publicação
2009
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Cochim (Kochi), porto do Malabar, na costa ocidental indiana, foi uma das principais bases da presença portuguesa no Oriente e do abastecimento de especiarias da Carreira da Índia, durante as primeiras décadas do século XVI. Localiza-se em 9º 56' N, 76º 15' E. A costa do Malabar detinha um importante papel enquanto região produtora de especiarias como a pimenta. Os seus portos eram igualmente importantes escalas do comércio asiático de especiarias, assumindo um importante papel na distribuição das mesmas no Índico Ocidental.
Esta região era caracterizada pela disseminação de pequenos reinos hindus, entre os quais se encontrava o de Cochim, com origens no século XII. No entanto a cidade portuária de Cochim apenas se destacou, enquanto entreposto comercial de dimensão considerável, em meados do século XIV, após a ruína do porto de Cranganor. A cidade era marcada, neste período, pela sua diversidade, com a presença de comunidades judaicas e de cristãos nasranis, seguidores do rito sírio-malabar. Com o decorrer do século seguinte Cochim viu-se eclipsada pelo crescimento hegemónico da vizinha Calicute, que conseguiu alcançar uma posição dominante entre os portos do Malabar.
Terá sido a tentativa de subverter a hegemonia de Calicute que, em 1500, levou o rajá de Cochim a acolher favoravelmente a armada de Pedro Álvares Cabral. Esta armada fora enviada à Índia com o objectivo de firmar relações comerciais permanentes no Índico através da instalação de uma feitoria em Calicute. Este desígnio fora gorado pela oposição dos mercadores muçulmanos desta cidade que, com a conivência do soberano de Calicute - o Samorim - atacaram e destruíram a feitoria portuguesa.
A armada de Pedro Álvares Cabral acabou por rumar a Cochim, onde pode abastecer-se de especiarias e estabelecer relações comerciais duradouras com o soberano. Assim, quando levantou ferro deste porto, em Janeiro de 1501, a armada de Pedro Álvares Cabral deixou Gonçalo Gil Barbosa encarregue do cargo de primeiro feitor português na Índia, coadjuvado por Lourenço Moreno que assumia a posição de escrivão da feitoria.
Desta forma, apesar da oposição de Calicute, que procurou bloquear o afluxo de especiaria do interior do Malabar ao seu porto, Cochim passou a representar um importante elo de ligação dos Portugueses ao Malabar, desempenhando o papel de principal porto de carregamento de pimenta nas embarcações lusas. A armada de Vasco da Gama. que aportou à cidade em finais de 1502, reafirmou os acordos com o rajá, tendo Gonçalo Gil Barbosa sido substituído pelo novo feitor, Diogo Fernandes Correia.
À cooperação entre Cochim e os Portugueses não pode deixar de se opor o Samorim, que via a sua hegemonia sobre o comércio de especiarias posta em causa. Desta forma lançou, em Abril de 1503, uma ofensiva militar contra Cochim, que rapidamente sucumbiu perante o ataque, vendo-se os Portugueses obrigados a acompanhar o rajá na retirada para a segurança da ilha sagrada de Vaipim. A chegada, em Setembro desse ano, das armadas de Francisco e Afonso de Albuquerque permitiu recuperar o controlo da cidade, tendo sido decidida a construção de uma fortaleza e a instalação de uma guarnição portuguesa sob o comando de Duarte Pacheco Pereira. Junto desta fortaleza foi também erigida a primeira igreja construída pelos portugueses na Índia.
No entanto, os conflitos com as forças do Samorim mantiveram-se até ao final de 1504, quando os defensores luso-cochinenses puderam contar com o apoio da armada de Lopo Soares de Albergaria e derrotar decisivamente o inimigo. Os anos seguintes assistiram à estruturação da presença oficial portuguesa no Oriente. Com a chegada do primeiro vice-rei, D. Francisco de Almeida, em 1505, Cochim assumiu um papel central na administração do Estado Português da Índia.
Na armada do vice-rei chegaram a Cochim homens como Gaspar Pereira e António Real que, em conjunto com veteranos do comércio do Malabar como Lourenço Moreno e Duarte Barbosa, foram exemplos paradigmáticos das formas que a presença portuguesa no Oriente assumiu no primeiro quartel do século XVI. Associando o seu papel enquanto agentes da presença oficial portuguesa a uma adaptação às realidades político-económicas do Malabar inseriram-se na sociedade cochinense, sendo os seus interesses comerciais coincidentes com os dos mercadores e os do soberano local. Desta forma este "grupo de Cochim" protagonizou uma oposição concertada às políticas do governador Afonso de Albuquerque. Tal oposição, que começou a tomar forma desde a primeira conquista de Goa, em 1510, revelava visões antagónicas face à presença portuguesa no Índico. À política imperial de Albuquerque, que procurou assegurar, através de conquistas como a de Goa e de Malaca, o domínio sobre as redes comerciais do Índico, opôs-se o "grupo de Cochim", interessado exclusivamente no comércio de especiarias do Malabar, procurando assegurar a infiltração pacífica nas redes mercantis locais e defender os seus próprios interesses enquanto agentes deste comércio. A conquista e manutenção de praças como Goa e Malaca era vista como uma dispendiosa e desnecessária dispersão dos parcos meios do Estado da Índia que deviam, no seu entender, ser concentrados no Malabar. Este conflito degenerou em vários incidentes, que levaram a uma forte repressão do governador sobre os seus opositores, alguns dos quais foram presos e enviados de volta para o Reino. O próprio Albuquerque viu-se enfraquecido por estas disputas, tendo sido substituído, em 1515, por Lopo Soares de Albergaria, que mudou muito da sua orientação política.
No entanto, a disputa entre Cochim e Goa pela primazia no Estado Português da Índia manter-se-ia nas décadas seguintes. Cochim manteve uma forte centralidade na administração, com a sua feitoria a assumir um papel de articulação entre o Reino e as diversas feitorias e fortalezas do Oriente português. Era também nesta cidade que se localizavam as principais instituições como a Vedoria da Fazenda, criada em 1517 e encarregue da administração financeira, e a Casa da Matrícula, onde se registavam os efectivos militares das fortalezas portuguesas. A situação só mudou em 1530 quando, no governo de Nuno da Cunha, Goa assumiu plenamente a sua capitalidade no Estado da Índia. Cochim perdeu assim parte da sua importância administrativa, mas manteve a sua centralidade comercial não só enquanto porto de abastecimento de pimenta da Carreira da Índia, mas também enquanto entreposto do comércio inter-asiático, tendo os mercadores portugueses de Cochim estabelecido relações comerciais com outras comunidades mercantis portuguesas como as de Malaca, Ceilão, São Tomé de Meliapor, na costa do Coromandel, ou Ugulim, no Golfo de Bengala.
A ribeira de Cochim continuava igualmente a ter um papel fulcral ao nível da construção e reparação de navios. A presença portuguesa na cidade concentrava-se em torno da fortaleza e a alguma distância da cidade velha hindu, centro de poder do rajá, que era denominada Cochim de Cima. Nesta cidade, a que foram concedidos privilégios e direitos por D. João III em 15 de Março de 1527, concentrava-se a comunidade de origem portuguesa, os casados, que contava, entre meados do século XVI e a primeira metade do século seguinte, cerca de 300 a 500 pessoas, entre os quais algumas importantes famílias de mercadores. Era igualmente nesta parte da cidade, Cochim de Baixo, que se localizavam as principais instituições como a Câmara, o pelourinho e a Misericórdia.
Ao nível religioso, com a elevação de Goa a arquidiocese, Cochim ascendeu a diocese por bula 4 de Fevereiro de 1557, estendendo-se as suas fronteiras da costa do Malabar à Birmânia e de Cananor ao Ceilão. Verificaram-se no entanto conflitos com as comunidades judaicas e sírio-malabares, sobretudo após a instalação da Inquisição na cidade de Goa em 1560. Era igualmente notória a presença das ordens religiosas - Dominicanos, Franciscanos e Jesuítas - que tinham os seus conventos na cidade.
O século XVII assistiu a um progressivo declínio da cidade. O processo de carregamento da Carreira da Índia, que partia de Goa antes de aportar a Cochim onde se procedia ao seu abastecimento de pimenta, alterou-se a partir do primeiro quartel do século XVII. Desde 1611, numa tentativa de resistir à crescente ameaça neerlandesa, o carregamento tendeu a ser concentrado em Goa, sendo a pimenta transportada até essa cidade em pequenas embarcações nativas. No entanto a comunidade de mercadores casados da cidade manteve-se importante apesar de, na década de 1630 ter sofrido com a expulsão da comunidade mercantil portuguesa de Ugulim, no Golfo de Bengala, um dos seus principais parceiros comerciais.
No entanto, os constantes ataques neerlandeses à navegação portuguesa, e os momentos de bloqueio que estes impuseram ao porto de Cochim, durante este século, marcaram a decadência da cidade. Na segunda metade do século XVII, após a queda perante a VOC de várias praças da costa do Malabar e também do Ceilão, Cochim acabou por representar a última perda portuguesa no conflito com os neerlandeses, apenas tendo sido tomada em 7 de Janeiro de 1663, após um cerco de alguns meses.
Apesar desta data marcar o fim da presença oficial portuguesa em Cochim mantiveram-se até à actualidade traços desta mesma presença, através da permanência de uma comunidade católica, com origem nos casados portugueses. A esta comunidade encontra-se associado um crioulo luso-indiano, do qual apenas subsistem alguns, parcos, vestígios.
Bibliografia:
AMADO, Maria Teresa, "Cochim" in Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, vol. I, direcção de Luís de Albuquerque e Francisco Contente Domingues, pp. 252-253. CANAVARRO, Ana Rita, "Gonçalo Gil Barbosa" in Descobridores do Brasil - Exploradores do Atlântico e Construtores da Índia, João Paulo Oliveira e Costa (coord.), Lisboa, SHIP, 2000, pp. 255-278. GUERREIRO, Inácio e Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, "O «Grupo de Cochim» e a oposição a Afonso de Albuquerque", in STVDIA, Lisboa, nº51, 1992, pp. 119-144. ROSSA, Walter, Cidades indo-portuguesas: contribuições para o estudo do urbanismo português no Hindustão Ocidental, Lisboa, C.N.C.D.P., 1997. SANTOS, Catarina Madeira, "Goa é a chave de toda a Índia": Perfil político da capital do Estado da Índia (1505-1570), Lisboa, C.N.C.D.P., 1999. SUBRAHMANYAM, Sanjay, O Império Asiático Português, 1500-1700 - Uma História Política e Económica, Lisboa, Difel, 1995.
Esta região era caracterizada pela disseminação de pequenos reinos hindus, entre os quais se encontrava o de Cochim, com origens no século XII. No entanto a cidade portuária de Cochim apenas se destacou, enquanto entreposto comercial de dimensão considerável, em meados do século XIV, após a ruína do porto de Cranganor. A cidade era marcada, neste período, pela sua diversidade, com a presença de comunidades judaicas e de cristãos nasranis, seguidores do rito sírio-malabar. Com o decorrer do século seguinte Cochim viu-se eclipsada pelo crescimento hegemónico da vizinha Calicute, que conseguiu alcançar uma posição dominante entre os portos do Malabar.
Terá sido a tentativa de subverter a hegemonia de Calicute que, em 1500, levou o rajá de Cochim a acolher favoravelmente a armada de Pedro Álvares Cabral. Esta armada fora enviada à Índia com o objectivo de firmar relações comerciais permanentes no Índico através da instalação de uma feitoria em Calicute. Este desígnio fora gorado pela oposição dos mercadores muçulmanos desta cidade que, com a conivência do soberano de Calicute - o Samorim - atacaram e destruíram a feitoria portuguesa.
A armada de Pedro Álvares Cabral acabou por rumar a Cochim, onde pode abastecer-se de especiarias e estabelecer relações comerciais duradouras com o soberano. Assim, quando levantou ferro deste porto, em Janeiro de 1501, a armada de Pedro Álvares Cabral deixou Gonçalo Gil Barbosa encarregue do cargo de primeiro feitor português na Índia, coadjuvado por Lourenço Moreno que assumia a posição de escrivão da feitoria.
Desta forma, apesar da oposição de Calicute, que procurou bloquear o afluxo de especiaria do interior do Malabar ao seu porto, Cochim passou a representar um importante elo de ligação dos Portugueses ao Malabar, desempenhando o papel de principal porto de carregamento de pimenta nas embarcações lusas. A armada de Vasco da Gama. que aportou à cidade em finais de 1502, reafirmou os acordos com o rajá, tendo Gonçalo Gil Barbosa sido substituído pelo novo feitor, Diogo Fernandes Correia.
À cooperação entre Cochim e os Portugueses não pode deixar de se opor o Samorim, que via a sua hegemonia sobre o comércio de especiarias posta em causa. Desta forma lançou, em Abril de 1503, uma ofensiva militar contra Cochim, que rapidamente sucumbiu perante o ataque, vendo-se os Portugueses obrigados a acompanhar o rajá na retirada para a segurança da ilha sagrada de Vaipim. A chegada, em Setembro desse ano, das armadas de Francisco e Afonso de Albuquerque permitiu recuperar o controlo da cidade, tendo sido decidida a construção de uma fortaleza e a instalação de uma guarnição portuguesa sob o comando de Duarte Pacheco Pereira. Junto desta fortaleza foi também erigida a primeira igreja construída pelos portugueses na Índia.
No entanto, os conflitos com as forças do Samorim mantiveram-se até ao final de 1504, quando os defensores luso-cochinenses puderam contar com o apoio da armada de Lopo Soares de Albergaria e derrotar decisivamente o inimigo. Os anos seguintes assistiram à estruturação da presença oficial portuguesa no Oriente. Com a chegada do primeiro vice-rei, D. Francisco de Almeida, em 1505, Cochim assumiu um papel central na administração do Estado Português da Índia.
Na armada do vice-rei chegaram a Cochim homens como Gaspar Pereira e António Real que, em conjunto com veteranos do comércio do Malabar como Lourenço Moreno e Duarte Barbosa, foram exemplos paradigmáticos das formas que a presença portuguesa no Oriente assumiu no primeiro quartel do século XVI. Associando o seu papel enquanto agentes da presença oficial portuguesa a uma adaptação às realidades político-económicas do Malabar inseriram-se na sociedade cochinense, sendo os seus interesses comerciais coincidentes com os dos mercadores e os do soberano local. Desta forma este "grupo de Cochim" protagonizou uma oposição concertada às políticas do governador Afonso de Albuquerque. Tal oposição, que começou a tomar forma desde a primeira conquista de Goa, em 1510, revelava visões antagónicas face à presença portuguesa no Índico. À política imperial de Albuquerque, que procurou assegurar, através de conquistas como a de Goa e de Malaca, o domínio sobre as redes comerciais do Índico, opôs-se o "grupo de Cochim", interessado exclusivamente no comércio de especiarias do Malabar, procurando assegurar a infiltração pacífica nas redes mercantis locais e defender os seus próprios interesses enquanto agentes deste comércio. A conquista e manutenção de praças como Goa e Malaca era vista como uma dispendiosa e desnecessária dispersão dos parcos meios do Estado da Índia que deviam, no seu entender, ser concentrados no Malabar. Este conflito degenerou em vários incidentes, que levaram a uma forte repressão do governador sobre os seus opositores, alguns dos quais foram presos e enviados de volta para o Reino. O próprio Albuquerque viu-se enfraquecido por estas disputas, tendo sido substituído, em 1515, por Lopo Soares de Albergaria, que mudou muito da sua orientação política.
No entanto, a disputa entre Cochim e Goa pela primazia no Estado Português da Índia manter-se-ia nas décadas seguintes. Cochim manteve uma forte centralidade na administração, com a sua feitoria a assumir um papel de articulação entre o Reino e as diversas feitorias e fortalezas do Oriente português. Era também nesta cidade que se localizavam as principais instituições como a Vedoria da Fazenda, criada em 1517 e encarregue da administração financeira, e a Casa da Matrícula, onde se registavam os efectivos militares das fortalezas portuguesas. A situação só mudou em 1530 quando, no governo de Nuno da Cunha, Goa assumiu plenamente a sua capitalidade no Estado da Índia. Cochim perdeu assim parte da sua importância administrativa, mas manteve a sua centralidade comercial não só enquanto porto de abastecimento de pimenta da Carreira da Índia, mas também enquanto entreposto do comércio inter-asiático, tendo os mercadores portugueses de Cochim estabelecido relações comerciais com outras comunidades mercantis portuguesas como as de Malaca, Ceilão, São Tomé de Meliapor, na costa do Coromandel, ou Ugulim, no Golfo de Bengala.
A ribeira de Cochim continuava igualmente a ter um papel fulcral ao nível da construção e reparação de navios. A presença portuguesa na cidade concentrava-se em torno da fortaleza e a alguma distância da cidade velha hindu, centro de poder do rajá, que era denominada Cochim de Cima. Nesta cidade, a que foram concedidos privilégios e direitos por D. João III em 15 de Março de 1527, concentrava-se a comunidade de origem portuguesa, os casados, que contava, entre meados do século XVI e a primeira metade do século seguinte, cerca de 300 a 500 pessoas, entre os quais algumas importantes famílias de mercadores. Era igualmente nesta parte da cidade, Cochim de Baixo, que se localizavam as principais instituições como a Câmara, o pelourinho e a Misericórdia.
Ao nível religioso, com a elevação de Goa a arquidiocese, Cochim ascendeu a diocese por bula 4 de Fevereiro de 1557, estendendo-se as suas fronteiras da costa do Malabar à Birmânia e de Cananor ao Ceilão. Verificaram-se no entanto conflitos com as comunidades judaicas e sírio-malabares, sobretudo após a instalação da Inquisição na cidade de Goa em 1560. Era igualmente notória a presença das ordens religiosas - Dominicanos, Franciscanos e Jesuítas - que tinham os seus conventos na cidade.
O século XVII assistiu a um progressivo declínio da cidade. O processo de carregamento da Carreira da Índia, que partia de Goa antes de aportar a Cochim onde se procedia ao seu abastecimento de pimenta, alterou-se a partir do primeiro quartel do século XVII. Desde 1611, numa tentativa de resistir à crescente ameaça neerlandesa, o carregamento tendeu a ser concentrado em Goa, sendo a pimenta transportada até essa cidade em pequenas embarcações nativas. No entanto a comunidade de mercadores casados da cidade manteve-se importante apesar de, na década de 1630 ter sofrido com a expulsão da comunidade mercantil portuguesa de Ugulim, no Golfo de Bengala, um dos seus principais parceiros comerciais.
No entanto, os constantes ataques neerlandeses à navegação portuguesa, e os momentos de bloqueio que estes impuseram ao porto de Cochim, durante este século, marcaram a decadência da cidade. Na segunda metade do século XVII, após a queda perante a VOC de várias praças da costa do Malabar e também do Ceilão, Cochim acabou por representar a última perda portuguesa no conflito com os neerlandeses, apenas tendo sido tomada em 7 de Janeiro de 1663, após um cerco de alguns meses.
Apesar desta data marcar o fim da presença oficial portuguesa em Cochim mantiveram-se até à actualidade traços desta mesma presença, através da permanência de uma comunidade católica, com origem nos casados portugueses. A esta comunidade encontra-se associado um crioulo luso-indiano, do qual apenas subsistem alguns, parcos, vestígios.
Bibliografia:
AMADO, Maria Teresa, "Cochim" in Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, vol. I, direcção de Luís de Albuquerque e Francisco Contente Domingues, pp. 252-253. CANAVARRO, Ana Rita, "Gonçalo Gil Barbosa" in Descobridores do Brasil - Exploradores do Atlântico e Construtores da Índia, João Paulo Oliveira e Costa (coord.), Lisboa, SHIP, 2000, pp. 255-278. GUERREIRO, Inácio e Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, "O «Grupo de Cochim» e a oposição a Afonso de Albuquerque", in STVDIA, Lisboa, nº51, 1992, pp. 119-144. ROSSA, Walter, Cidades indo-portuguesas: contribuições para o estudo do urbanismo português no Hindustão Ocidental, Lisboa, C.N.C.D.P., 1997. SANTOS, Catarina Madeira, "Goa é a chave de toda a Índia": Perfil político da capital do Estado da Índia (1505-1570), Lisboa, C.N.C.D.P., 1999. SUBRAHMANYAM, Sanjay, O Império Asiático Português, 1500-1700 - Uma História Política e Económica, Lisboa, Difel, 1995.