Data de publicação
2014
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Filho primogénito de D. João de Ataíde e de D. Brites da Silva, filha do 1º conde de Penela e camareira da infanta D. Joana, “A Excelente Senhora”, nasceu em data desconhecida. Herdou todos os bens da Casa de Atouguia, mas não o título condal, directamente do seu avô, D. Martinho de Ataíde, 2º conde de Atouguia, por ocasião do falecimento deste último em 1498. Apesar de seu pai ainda ser vivo a essa data, recaiu em D. Afonso a herança da Casa por D. João de Ataíde ter seguido vida religiosa. Recusando os apelos de seu pai para que também ele seguisse vida religiosa, D. Afonso opôs-se a que a sua irmã D. Isabel da Silva de Ataíde, que viria a casar-se em segundas núpcias com Simão Gonçalves da Câmara, “O Magnífico”, seguisse o exemplo do pai e tomasse votos eclesiásticos.
Devido ao facto de não ter herdado do seu avô o título de conde, D. Afonso de Ataíde procurou desde o início recuperar a ligação próxima à figura régia. Para alcançar este objectivo colocou-se directamente ao serviço do rei, por forma a recuperar influência. Assim, começou por acompanhar o Venturoso na sua deslocação a Castela, em 1498. Posteriormente, em 1502, partiu para Arzila onde serviu ao lado de D. João de Meneses, figura destacada do reinado manuelino, 1º conde de Tarouca e Prior do Crato. No rescaldo destas participações, recebeu confirmações e novas doações para a sua Casa, mas não a restauração do título de conde.
Na ocasião, D. Manuel I patrocinou o seu consórcio com D. Maria de Magalhães, filha de Fernão Lourenço da Mina, feitor da Casa da Índia e oficial de grande valia junto do rei, e de D. Filipa Caldeira. Pouco após o enlace, D. Afonso de Ataíde partiu com D. António de Noronha, escrivão da puridade, na fracassada jornada da Mamora de 1515. Já em 1516, encontrava-se em Safim a combater ao lado do capitão da praça, Nuno Fernandes de Ataíde, quando este faleceu, sendo o seu nome ventilado para a sucessão daquela praça. No entanto, não viria a assumir aquela capitania e no regresso ao Reino voltou a não ver confirmado o título de conde.
Com o início do reinado de D. João III e devido ao protagonismo que seu primo D. António de Ataíde, 1º conde da Castanheira, deteve, D. Afonso de Ataíde tendeu a primar pela ausência na corte. A circunstância de ter sido a D. António que foi atribuído um título condal, não deixaria a D. Afonso grandes esperanças de ver o seu título restaurado. Porém, na qualidade de representante da linhagem dos Ataídes, D. Afonso veio a ser consultado por D. João III sobre a problemática do abandono das praças norte-africanas, na década de 1530, desconhecendo-se, todavia, o seu parecer. Voluntariou-se ainda para socorrer Safim, em 1534, por ocasião do grande assédio a que a praça foi submetida, embora o rei o tenha dispensado de partir.
Até falecer, em 1555, D. Afonso de Ataíde permaneceu ausente da corte e da participação política, apesar de ter lançado as bases para a restauração do título condal à Casa de Atouguia, a qual viria a ocorrer já no reinado de D. Sebastião em favor do seu descendente, D. Luís de Ataíde. Para tal socorreu-se de uma estratégia matrimonial e reprodutiva para os seus descendentes que visava aproximá-los de figuras-chave do poder. Da mesma forma e tal como fizera consigo próprio, não hesitou em procurar aproveitar as oportunidades abertas pela Expansão. Assim, colocou alguns dos seus filhos ao serviço do rei, em Marrocos e na Índia, para criar condições para um futuro mais promissor aos interesses da Casa da Atouguia.
Bibliografia:
CRUZ, Maria Leonor Garcia da, “As controvérsias ao tempo de D. João III sobre a política portuguesa no Norte de África” in separata Mare Liberum, nsº 13-14, Junho 1997-Dezembro 1997, s.l., CNPCDP, s.d.; VILA-SANTA, Nuno, A Casa de Atouguia, os Últimos Avis e o Império: Dinâmicas entrecruzadas na carreira de D. Luís de Ataíde (1516-1581) , dissertação de doutoramento policopiada, Lisboa, FCSH-UNL, 2013
Devido ao facto de não ter herdado do seu avô o título de conde, D. Afonso de Ataíde procurou desde o início recuperar a ligação próxima à figura régia. Para alcançar este objectivo colocou-se directamente ao serviço do rei, por forma a recuperar influência. Assim, começou por acompanhar o Venturoso na sua deslocação a Castela, em 1498. Posteriormente, em 1502, partiu para Arzila onde serviu ao lado de D. João de Meneses, figura destacada do reinado manuelino, 1º conde de Tarouca e Prior do Crato. No rescaldo destas participações, recebeu confirmações e novas doações para a sua Casa, mas não a restauração do título de conde.
Na ocasião, D. Manuel I patrocinou o seu consórcio com D. Maria de Magalhães, filha de Fernão Lourenço da Mina, feitor da Casa da Índia e oficial de grande valia junto do rei, e de D. Filipa Caldeira. Pouco após o enlace, D. Afonso de Ataíde partiu com D. António de Noronha, escrivão da puridade, na fracassada jornada da Mamora de 1515. Já em 1516, encontrava-se em Safim a combater ao lado do capitão da praça, Nuno Fernandes de Ataíde, quando este faleceu, sendo o seu nome ventilado para a sucessão daquela praça. No entanto, não viria a assumir aquela capitania e no regresso ao Reino voltou a não ver confirmado o título de conde.
Com o início do reinado de D. João III e devido ao protagonismo que seu primo D. António de Ataíde, 1º conde da Castanheira, deteve, D. Afonso de Ataíde tendeu a primar pela ausência na corte. A circunstância de ter sido a D. António que foi atribuído um título condal, não deixaria a D. Afonso grandes esperanças de ver o seu título restaurado. Porém, na qualidade de representante da linhagem dos Ataídes, D. Afonso veio a ser consultado por D. João III sobre a problemática do abandono das praças norte-africanas, na década de 1530, desconhecendo-se, todavia, o seu parecer. Voluntariou-se ainda para socorrer Safim, em 1534, por ocasião do grande assédio a que a praça foi submetida, embora o rei o tenha dispensado de partir.
Até falecer, em 1555, D. Afonso de Ataíde permaneceu ausente da corte e da participação política, apesar de ter lançado as bases para a restauração do título condal à Casa de Atouguia, a qual viria a ocorrer já no reinado de D. Sebastião em favor do seu descendente, D. Luís de Ataíde. Para tal socorreu-se de uma estratégia matrimonial e reprodutiva para os seus descendentes que visava aproximá-los de figuras-chave do poder. Da mesma forma e tal como fizera consigo próprio, não hesitou em procurar aproveitar as oportunidades abertas pela Expansão. Assim, colocou alguns dos seus filhos ao serviço do rei, em Marrocos e na Índia, para criar condições para um futuro mais promissor aos interesses da Casa da Atouguia.
Bibliografia:
CRUZ, Maria Leonor Garcia da, “As controvérsias ao tempo de D. João III sobre a política portuguesa no Norte de África” in separata Mare Liberum, nsº 13-14, Junho 1997-Dezembro 1997, s.l., CNPCDP, s.d.; VILA-SANTA, Nuno, A Casa de Atouguia, os Últimos Avis e o Império: Dinâmicas entrecruzadas na carreira de D. Luís de Ataíde (1516-1581) , dissertação de doutoramento policopiada, Lisboa, FCSH-UNL, 2013