Data de publicação
2014
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Filho primogénito de Martim Gonçalves de Ataíde e de Mécia Vasques Coutinho, nasceu em data incerta, mas possivelmente ainda nos finais do século XIV. Apesar de por nascença lhe caber a herança da representação da antiga linhagem dos Ataídes, esteve exilado em Castela no final do século XIV devido ao posicionamento do seu pai em favor de João I de Castela. No entanto, regressou ao Reino com a sua mãe e irmãos por intercessão de Gonçalo Vasques Coutinho e de Beatriz Gonçalves de Moura. Tendo Mécia Vasques ingressado como aia dos quatros primeiros infantes filhos de D. João I e da rainha D. Filipa de Lencastre (D. Duarte, D. Pedro, D. Henrique e D. Isabel), a Álvaro Gonçalves de Ataíde foi confiada a governação da Casa do infante D. Pedro.

Já nessa qualidade, participou com aquele infante na tomada de Ceuta, em 1415, praça onde, aliás, assistiu ao falecimento do único fidalgo a perecer naquela conquista: o seu irmão Vasco Fernandes de Ataíde, já então governador da Casa do infante D. Henrique. Regressaria a Ceuta aquando do cerco de 1419 e já na sequência da sua participação no Concílio de Constança, em 1416 e de participação na guerra de Bósnia dirigida pelo Imperador Segismundo da Hungria. Medrando no serviço do infante D. Pedro teve papel destacado até ao final do reinado de D. João I, não marcando presença na jornada de Tânger de 1437. Já durante a menoridade de D. Afonso V foi nomeado como seu aio, pouco após se ter consorciado com D. Guiomar de Castro, irmã de D. Fernando de Castro, o fidalgo que sucedera na governança na Casa do infante D. Henrique por falecimento de seu irmão Vasco Fernandes de Ataíde.

Desempenhando relevante papel político durante o período da co-regência da rainha D. Leonor, viúva do rei D. Duarte, e do infante D. Pedro, bem como já durante a regência de D. Pedro, Álvaro Gonçalves de Ataíde foi complementando a sua estratégia de medrança cortesã com a configuração de um importante senhorio e o investimento na Expansão. Este último não poderá ser desconectado das relações que manteve com o infante D. Henrique. Assim, em 1447, patrocinou o envio de um navio à Guiné, cujo comando atribuiu a João de Castilha, apesar de a expedição se ter saldado num fracasso. Existe ainda referência de que teria estado nas Canárias em data anterior, embora desconhecida.

Com o final da regência do infante D. Pedro e a maioridade de D. Afonso V, foi premiado pelo Africano que lhe concedeu o título de 1º conde de Atouguia, em Dezembro de 1448, isto é, ainda antes da batalha de Alfarrobeira. Participando ao lado daquele monarca na referida batalha, Álvaro Gonçalves assegurou a continuidade de influência política da sua Casa, embora viesse a falecer pouco depois em Fevereiro de 1452. Encontra-se sepultado na Igreja de São Leonardo na Atouguia da Baleia.

Bibliografia:
ZURARA, Gomes Eanes, Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné, introdução, actualização de texto e notas de Reis Brasil, Mem Martins, Publicações Europa-América, s.d.; ZURARA, Gomes Eanes de, Crónica da tomada de Ceuta, introdução e notas de Reis Brasil, Mem Martins, Publicações Europa-América, 1992; GOMES, Saul António, D. Afonso V O Africano, s.d., Círculo de Leitores, 2006; MORENO, Humberto Baquero, A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e significado histórico, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1979-1980; VILA-SANTA, Nuno, A Casa de Atouguia, os Últimos Avis e o Império: Dinâmicas entrecruzadas na carreira de D. Luís de Ataíde (1516-1581), dissertação de doutoramento policopiada, Lisboa, FCSH-UNL, 2013.