Data de publicação
2009
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Período
1º conde de Vila Pouca de Aguiar: governador da Índia (1639-1640).

Nascido cerca de 1600, D. António Teles de Meneses foi o quinto filho de Rui Teles de Meneses (c. 1560-1616), 8º senhor de Unhão, e de D. Mariana da Silveira. Os variados destinos dos seus irmãos comprovam bem a rota de ascensão de alguns membros da linhagem de D. António, em meados do século XVII: o primogénito D. Fernão Teles de Meneses (1586-1651) foi titulado, em 1630, por D. Filipe III como 1º conde de Unhão, consorciando-se com D. Francisca de Távora e Castro, filha do anterior vice-rei da Índia, D. Martim Afonso de Castro; Vasco da Silveira foi doutor em Cânones por Coimbra e prior da Colegiada de Ourém; Manuel Teles de Meneses foi governador do Castelo de Viana; D. Maria de Castro casou-se com o 1º conde de Aveiras, D. João da Silva Telo de Meneses, o último vice-rei da Índia nomeado por D. Filipe III. Este cunhado de D. António não só lhe sucedeu como fez jurar D. João IV em todo o Estado da Índia após a Restauração de 1640. Tal como D. António iria ser feito marquês, também D. João da Silva Telo de Meneses esteve para o ser, mas nenhum o foi devido à morte de ambos. D. António consorciou-se duas vezes, mas não teve qualquer descendência legítima. A primeira esposa, D. Maria de Castelo Branco, era a filha herdeira de D. Jorge de Castelo Branco, que fora capitão de Ormuz, e de D. Maria de Mendonça. Casou, em segundas núpcias, com a sua prima D. Helena de Castro, filha de Álvaro da Silveira, cavaleiro da Ordem de Cristo, e de D. Ana de Castro. Apenas teve um filho, ilegítimo, de D. Maria Landrove, D. Aires Teles de Meneses. Este viria a unir-se a D. Joana Maria de Castro que foi a 2º condessa de Vila Pouca de Aguiar.

Desconhece-se a data da primeira partida de D. António Teles de Meneses e Silva para a Índia, sabendo-se apenas que da primeira vez foi capitão de Diu e general das armadas de alto bordo. A sua segunda deslocação à Índia ocorreu com a nomeação do vice-rei Pedro da Silva, em 1635. Partiu com a incumbência de o fazer chegar ao Oriente. Uma vez aí chegado, foi o fidalgo que mais se destacou durante aquele mal sucedido governo. Nos anos de 1636 e 1637 enfrentou de forma sucessiva e bem sucedida armadas neerlandesas, excepto numa ocasião em que os capitães da sua armada se negaram a combater. Em 1638-39 foi nomeado pelo vice-rei Pedro da Silva para acudir à morte do general de Damão e foi o responsável pela assinatura das pazes com o Grão-Mogol. Por fim, com a morte de Pedro da Silva, a 24 de Junho de 1639, encontrou-se nomeado governador da Índia, pela segunda via de sucessão, visto que na primeira tinha saído o nome do recém-chegado arcebispo de Goa, o franciscano D. Frei Francisco dos Mártires. Como se encontrava ausente na sua missão em Damão, foi este último que governou a Índia Portuguesa até à sua chegada a Goa. O arcebispo sabendo da proximidade do cerco coligado do Achém e dos Neerlandeses a Malaca, logo se empenhou em enviar um novo socorro à cidade, visto que o socorro de Pedro da Silva havia sido insuficiente, pois fora dividido em função dos acontecimentos em Damão. Porém, quando D. António Teles de Meneses e Silva chegou, a 30 de Outubro de 1639, a barra de Goa encontrava-se bloqueada pela VOC. Após colocar o inimigo em debandada, o governador empenhou-se no socorro a prestar a Malaca. Mas a chegada do seu sucessor, em Setembro de 1640, D. João da Silva Telo de Meneses, 1º conde de Aveiras, impediu-o de prosseguir o seu intento cuja responsabilidade passou ao seu cunhado.

Embarcado para o Reino, em 1640, apoiou D. João IV que o integrou no Conselho de Estado e no Conselho da Guerra, e o titulou como 1º conde de Vila Pouca de Aguiar, em 1647. Naquele mesmo ano foi nomeado pelo rei para o governo geral de Pernambuco, para o qual partiu. Em 1656, com a morte do 1º conde de Sarzedas, D. Rodrigo Lobo da Silveira, D. João IV procurou convencê-lo a partir uma terceira vez para a Índia, prometendo-lhe a elevação ao marquesado quando regresasse. Com a morte do rei, no ano de 1656, foi um dos fidalgos que carregou o caixão do soberano e, ao que tudo indica, a regente D. Luísa de Gusmão logrou mesmo vencer as reticências de D. António Teles de Meneses e Silva quanto a partir uma terceira vez para a Índia. De facto, o fidalgo embarcou para esse destino em 1657. Acompanhava-o o filho legitimado, D. Aires Teles de Meneses, mas o conde faleceu durante a viagem. O título condal viria a extinguir-se com a esposa do seu filho legitimado.

Bibiliografia:
SOUSA, Manuel de Faria e, Ásia Portuguesa, volume VI, tradução de Maria Vitória Garcia Santos Ferreira, vol. VI, 4º Parte, cap. XVII, Porto, Livraria Civilização, 1947. ZÚQUETE, Afonso, Tratado de Todos os Vice-Reis e Governadores da Índia, Lisboa, Editorial Enciclopédia, 1962.