Data de publicação
2009
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15.º bispo de Cabo Verde
Franciscano da província da Soledade foi confirmado e sagrado em 1738. Só seguiria para Cabo Verde cerca de dois anos depois integrado numa frota da Baía e Pernambuco. Dado que se trata de um frade mendicante carecia de recursos financeiros para custear a sua comitiva e apetrechos que cada prelado procurava reunir antes de partir. Ainda conseguiu obter um aditamento de 1.600.000 réis da tesouraria do Conselho Ultramarino para pagar dividas entretanto contraídas. Tendo-se correspondido com o cabido de Santiago tomou conhecimento que muitos capitulares, velhos ou doentes, estavam incapacitados para cumprir deveres inerentes aos seus ofícios e dignidades, além de que outros se tinham deslocado para outras ilhas para aí assistir às populações. Os eclesiásticos careciam de ensino adequado. Além disso, nas freguesias de Santiago só existia um pároco ou capelão curado sem coadjutor, pelo que deixavam muitos fregueses sem remédio espiritual. Atribui esta situação às diminutas côngruas do clero que tinham sido aumentadas pelas última vez em 1608, facto que no seu entender justificava que nenhum clérigo do reino se quisesse deslocar para Cabo Verde. Mesmo assim este prelado conseguiu reunir uma comitiva considerável composta por 2 religiosos carmelitas, 7 da província da Soledade, 13 sacerdotes e dois capelães, além de 7 seculares da sua «família». Bispo e comitiva só seguiram para Cabo Verde na frota da Baía e Pernambuco em 1741 na embarcação Sebastião e Almas que se teria deslocado aos Rios de Guiné para resgatar escravos. Porém a embarcação naufragou nos baixios do Casamansa em 22 de Janeiro de 1741 e logo no naufrágio morreram muitos membros do séquito episcopal. O bispo foi sequestrado por um chefe felupe em Jambarém. Foi resgatado por via de negociações levadas a cabo por um dos mais importantes moradores da praça de Cacheu, Nicolau Pina de Araújo, pelo visitador Bernardo Lopes Martins e pelos franciscanos do hospício daquele porto, tendo sido entregues mercadorias no valor de 5000 cruzados pertencentes ao espólio de um anterior visitador António Henriques Leitão. O bispo convalesceu em Cacheu e viria a falecer na viagem para Santiago em Junho do mesmo ano. Todo o espólio material que trazia para a diocese se perdeu e só três dos membros da sua comitiva ingressaram nos quadros do bispado.
Bibliografia:
ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, nova ed.preparada e dirigida por Damião Peres, vol. II, Porto-Lisboa, Livraria Civilização, 1968, pp. 687 Anónimo (1784), Notícia Corográfica e Cronológica do Bispado de Cabo Verde, edição e notas de António Carreira, Lisboa, Instituto Caboverdeano do Livro, 1985. PAIVA, José Pedro, Os Bispos de Portugal e do Império, 1495-1777, Coimbra, Imprensa da Universidade, 2006. PEREIRA, António Martins, Relação da viagem que fez D. Fr. João de Faro para a sua Se da cidade da Ribeira Grande, ilha de Sant-Iago de Cabo Verde, 1741. REMA, Henrique Pinto, "Diocese de Cabo Verde", História Religiosa de Portugal, dir. de Carlos Azevedo, Lisboa, Círculo de Leitores, 2001, vol. II, A-C, pp. 280-284. REMA, Henrique Pinto, História das Missões Católicas na Guiné, Braga, ed. Franciscana, 1982. SOARES, Maria João, "A Igreja em tempo de mudança política, social e cultural", História Geral de Cabo Verde, vol. III, coord. de Maria Emília Madeira Santos, Lisboa-Praia, IICT-INIPPC, 2002, pp. 389-390.
Franciscano da província da Soledade foi confirmado e sagrado em 1738. Só seguiria para Cabo Verde cerca de dois anos depois integrado numa frota da Baía e Pernambuco. Dado que se trata de um frade mendicante carecia de recursos financeiros para custear a sua comitiva e apetrechos que cada prelado procurava reunir antes de partir. Ainda conseguiu obter um aditamento de 1.600.000 réis da tesouraria do Conselho Ultramarino para pagar dividas entretanto contraídas. Tendo-se correspondido com o cabido de Santiago tomou conhecimento que muitos capitulares, velhos ou doentes, estavam incapacitados para cumprir deveres inerentes aos seus ofícios e dignidades, além de que outros se tinham deslocado para outras ilhas para aí assistir às populações. Os eclesiásticos careciam de ensino adequado. Além disso, nas freguesias de Santiago só existia um pároco ou capelão curado sem coadjutor, pelo que deixavam muitos fregueses sem remédio espiritual. Atribui esta situação às diminutas côngruas do clero que tinham sido aumentadas pelas última vez em 1608, facto que no seu entender justificava que nenhum clérigo do reino se quisesse deslocar para Cabo Verde. Mesmo assim este prelado conseguiu reunir uma comitiva considerável composta por 2 religiosos carmelitas, 7 da província da Soledade, 13 sacerdotes e dois capelães, além de 7 seculares da sua «família». Bispo e comitiva só seguiram para Cabo Verde na frota da Baía e Pernambuco em 1741 na embarcação Sebastião e Almas que se teria deslocado aos Rios de Guiné para resgatar escravos. Porém a embarcação naufragou nos baixios do Casamansa em 22 de Janeiro de 1741 e logo no naufrágio morreram muitos membros do séquito episcopal. O bispo foi sequestrado por um chefe felupe em Jambarém. Foi resgatado por via de negociações levadas a cabo por um dos mais importantes moradores da praça de Cacheu, Nicolau Pina de Araújo, pelo visitador Bernardo Lopes Martins e pelos franciscanos do hospício daquele porto, tendo sido entregues mercadorias no valor de 5000 cruzados pertencentes ao espólio de um anterior visitador António Henriques Leitão. O bispo convalesceu em Cacheu e viria a falecer na viagem para Santiago em Junho do mesmo ano. Todo o espólio material que trazia para a diocese se perdeu e só três dos membros da sua comitiva ingressaram nos quadros do bispado.
Bibliografia:
ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, nova ed.preparada e dirigida por Damião Peres, vol. II, Porto-Lisboa, Livraria Civilização, 1968, pp. 687 Anónimo (1784), Notícia Corográfica e Cronológica do Bispado de Cabo Verde, edição e notas de António Carreira, Lisboa, Instituto Caboverdeano do Livro, 1985. PAIVA, José Pedro, Os Bispos de Portugal e do Império, 1495-1777, Coimbra, Imprensa da Universidade, 2006. PEREIRA, António Martins, Relação da viagem que fez D. Fr. João de Faro para a sua Se da cidade da Ribeira Grande, ilha de Sant-Iago de Cabo Verde, 1741. REMA, Henrique Pinto, "Diocese de Cabo Verde", História Religiosa de Portugal, dir. de Carlos Azevedo, Lisboa, Círculo de Leitores, 2001, vol. II, A-C, pp. 280-284. REMA, Henrique Pinto, História das Missões Católicas na Guiné, Braga, ed. Franciscana, 1982. SOARES, Maria João, "A Igreja em tempo de mudança política, social e cultural", História Geral de Cabo Verde, vol. III, coord. de Maria Emília Madeira Santos, Lisboa-Praia, IICT-INIPPC, 2002, pp. 389-390.