Data de publicação
2009
Categorias
Período
Área Geográfica
6 º bispo de Cabo Verde.

Era filho legítimo de Rui Pereira de Miranda, (senhor de Carvalhais e Verdemilho, fidalgo da Feira e abade de Pombal) e de D.ª Ana da Cunha; nasceu no lugar de Quatro Vilas no bispado de Coimbra cerca de 1557; tomou ordens sacras aos 30 anos; foi prior de Pombeiro; era irmão da Misericórdia da cidade de Coimbra. Era Doutor em Teologia e licenciado em artes pela Universidade de Coimbra. Depois da renúncia de Sebastião Gomes de Figueiredo foi apresentado a Roma em Dezembro de 1607 e confirmado a 10 de Novembro de 1608. No entanto, este prelado, como tantos outros, demorou ainda mais de um ano a ir residir para a diocese, onde chegaria em 1609 mesmo tendo sido objecto das habituais mercês de acrescentamento nos seus vencimentos, além de dinheiro para a sua sagração e embarcação. Sabemos contudo que os organismos centrais muito pouco lhe devem ter dado para custear a sua comitiva pois em Lisboa contraiu uma elevada dívida de 10 ou 11000 cruzados junto de Fernão Jorge, mercador lisboeta. D. Luís Pereira de Miranda terá chegado a Santiago ainda durante o ano de 1609 e terá falecido em Maio de 1610, mal tendo efectuado um ano de residência. A data da sua morte é incerta, pois é afirmado em documentos que faleceu um mês depois de chegar a Santiago. No entanto o autor francês Gauchat afirma que morreu em Maio de 1610. Deste período apenas conhecemos do seu punho um único documento: o do seu testamento, tendo deixado todos os bens ao seu filho, de forma a constituir no reino uma capela onde seriam ditas missas em honra da sua alma. Apesar de exigir em testamento que os seus ossos fossem trasladados para o reino e depositados numa capela que a sua família possuía na igreja da Mouta, no bispado de Coimbra, foi enterrado na igreja da Misericórdia em Santiago, irmandade à qual legou também 15 000 réis a fim de pagar as dividas que os seus criados junto dela haviam contraído. Igualmente deixou 400 cruzados aos jesuítas de Cabo Verde pelo que terá tido em Santiago uma relação privilegiada e próxima com os missionários e não com o cabido. Demandou o morgado dos herdeiros do seu antecessor D. Fr. Pedro Brandão dado que aquele tinha sido constituído com bens da mitra. A sentença favorável ainda saiu no tempo do seu episcopado mas faleceu antes dela poder usufruir. Não se conhece uma actuação pastoral significativa por parte deste prelado, dado o seu curto episcopado de cerca de um ano.

Bibliografia:
Anónimo (1784), Notícia Corográfica e Cronológica do Bispado de Cabo Verde, … edição e notas de António Carreira, Lisboa, Instituto Caboverdeano do Livro, 1985. ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, nova ed.preparada e dirigida por Damião Peres, vol. II, Porto-Lisboa, Livraria Civilização, 1968, pp. 685. PAIVA, José Pedro, Os Bispos de Portugal e do Império, 1495-1777, Coimbra, Imprensa da Universidade, 2006. REMA, Henrique Pinto, "Diocese de Cabo Verde", História Religiosa de Portugal, dir. de Carlos Azevedo, Lisboa, Círculo de Leitores, 2001, vol. II, A-C, pp. 280-284. SANTOS, Maria Emília Madeira; SOARES, Maria João, "Igreja, Missionação e Sociedade", História Geral de Cabo Verde, vol. II, coord. de Maria Emília Madeira Santos, Lisboa-Praia, IICT-INCCV, 1995, pp. 392-399. SOUSA, António Caetano de, Catálogo dos bispos das igrejas de Cabo Verde, S. Tomé e Angola in Colleçam dos documentos, estatutos e memórias da Academia real da História Portugueza que neste anno de 1722 se compuzerão e se imprimirão por ordem dos seus censores, Lisboa, Pascoal da Sylva, 1722.