Data de publicação
2009
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A ilha de Moçambique foi, durante um curto período de tempo, um alvo preferencial da Companhia Holandesa das Índias Orientais, ou V.O.C., no seu esforço de guerra contra os portugueses na Ásia. Quase imediatamente após a sua fundação, em 1602, a Companhia, apoiada pelo estado holandês, adoptou uma postura fortemente belicosa contra os portugueses e os espanhóis, o que representou uma mudança importante relativamente à posição das companhias mais pequenas que a precederam que, pelo menos em termos formais, estavam autorizadas a utilizar a força apenas em auto-defesa. Entre 1602 e 1609 - quando foram assinadas as tréguas de doze anos entre a Espanha e a Republica Holandesa, o que levou a uma breve pausa nas hostilidades entre holandeses e ibéricos na Ásia - a V.O.C. enviou cinco grandes frotas para Oriente. A radicalização da postura contra os ibéricos data da segunda destas frotas, que partiu no final de 1603, sob o comando de Steven van der Hagen, a quem foi explicitamente ordenado que prejudicasse de todos os modos possíveis os interesses portugueses e espanhóis na Ásia. A rota que lhe foi atribuída visava precisamente atingir este propósito: em vez de navegar directamente para o arquipélago indonésio, como era habitual, recebeu instruções para seguir a rota tradicional portuguesa para Goa, parando, em caminho, na ilha de Moçambique, porto de escala regular para a viagem de ida das naus da Carreira da Índia; assumiu-se, correctamente, que, ao fazê-lo, poderia encontrar-se com muitos navios portugueses que poderia atacar. Durante a estadia da frota em Moçambique, alguns navios foram mesmo capturados, mas não houve nenhuma investidura contra a fortaleza portuguesa na ilha. As frotas de Paulus Van Caerden, em 1607, e de Pieter Willemsz Verhoeff, em 1608, seguiram a mesma rota da de Van der Hagen, e mantiveram o mesmo propósito agressivo. No entanto, ao contrário de van der Hagen, tanto Van Caerden como Verhoeff, quando se encontravam em Moçambique, decidiram fazer um cerco à fortaleza, nos dois casos sem sucesso. De notar que, em ambos os casos, a decisão foi deles, não tendo as autoridades da V.O.C., na Holanda, expressado qualquer interesse na conquista da ilha. Após 1608, as frotas holandesas voltaram à ilha de Moçambique em 1622 e nos anos trinta desse século, mas não foram feitas novas tentativas de atacar a fortaleza.
Bibliografia:
BOOY, A. de (ed.), De derde reis van de V.O.C. naar Oost-Indie onder het beleid van admiraal Paules van Caerden, uitgezeild in 1606, 2 vols., The Hague, 1968-1970. MURTEIRA, André, A Carreira da Índia e o corso neerlandês, 1595-1625, unpublished MAdissertation, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa, 2006. OPSTALL, M.E. van (ed.) De reis van de vloot van Pieter Willemsz Verhoeff naar Azië, 1607-1612, 2 vols., The Hague, 1972. SANTOS, João dos, Etiópia Oriental e vária história das cousas notáveis do Oriente, Lisbon, 1999. SOUTO, A. Meyrelles do (ed.), "Hystoria dos cercos que os Olandezes puzerão à fortaleza de Mozambique o anno de 607 e 608 ", in Studia, 12, Lisboa, 1963, pp. 463-548.
Traduzido do Inglês por: Dominique Faria
Bibliografia:
BOOY, A. de (ed.), De derde reis van de V.O.C. naar Oost-Indie onder het beleid van admiraal Paules van Caerden, uitgezeild in 1606, 2 vols., The Hague, 1968-1970. MURTEIRA, André, A Carreira da Índia e o corso neerlandês, 1595-1625, unpublished MAdissertation, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa, 2006. OPSTALL, M.E. van (ed.) De reis van de vloot van Pieter Willemsz Verhoeff naar Azië, 1607-1612, 2 vols., The Hague, 1972. SANTOS, João dos, Etiópia Oriental e vária história das cousas notáveis do Oriente, Lisbon, 1999. SOUTO, A. Meyrelles do (ed.), "Hystoria dos cercos que os Olandezes puzerão à fortaleza de Mozambique o anno de 607 e 608 ", in Studia, 12, Lisboa, 1963, pp. 463-548.
Traduzido do Inglês por: Dominique Faria