Data de publicação
2014
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Terceiro filho de D. Afonso de Ataíde, 3º senhor da Casa de Atouguia, e de D. Maria Magalhães, nasceu em data desconhecida. Ignora-se quando e onde terá iniciado a sua carreira de armas. É, no entanto, possível que a tenha iniciado em 1543 quando o seu irmão D. Luís de Ataíde, futuro vice-rei da Índia (1568-1571; 1578-1581) e futuro 3º conde de Atouguia, partiu com D. João de Castro em socorro a Ceuta, ameaçada pela armada de Khair-ed-din, capitão da esquadra otomana.

Já na década de 1550, almejou a desempenhar ofício relevante, embora desconhecido, na Casa do príncipe D. João Manuel, herdeiro de D. João III e pai de D. Sebastião. Não sendo provido no cargo, terá pensado abandonar o Reino em 1552, embora tudo aponte para que não o tenha chegado a fazer pois, em 1555, foi provido da comenda de Santa Maria de Escalhão, na Ordem de Cristo.

Em 1558, sem que se saiba em que ano passou à Índia, encontrava-se, na companhia de seu irmão D. Vasco de Ataíde como um dos capitães de fusta da armada na qual o governador Francisco Barreto (1555-1558) foi a Chaul assinar pazes com o sultanato de Ahmadnagar. Naquela praça assistiu com D. Vasco de Ataíde à demissão de seu irmão D. João de Ataíde da capitania de Ormuz, a qual fora ordenada pelo governador. Deverá em seguida ter-se deslocado para Damão, embora não exista referência que tenha participado na conquista da praça, pois em 1560 encontrou-se numa batalha travada junto daquela praça, ao lado do capitão D. Diogo de Noronha. Desconhecem-se referências posteriores à sua carreira na Ásia e apenas se sabe que, em 1566 e em conjunto com o seu irmão D. Vasco de Ataíde, foi nomeado pelo cardeal D. Henrique para a capitania de Malaca na vagante dos providos. Não há referência de que alguma vez tenha exercido tal capitania.

Regressado ao Reino em data incerta consorciou-se, já na década de 1570, com uma prima mais nova, D. Isabel da Silva, filha de seu primo D. Luís Gonçalves de Ataíde e de D. Violante da Silva. O casamento decorreu num momento em que seu irmão D. Luís de Ataíde procurava garantir que, na falta de herdeiros seus, D. Álvaro pudesse vir a assegurar a continuidade da Casa. Por intercessão de seu irmão D. Luís de Ataíde, ingressou na corte sebástica como cavaleiro-fidalgo com moradia anual de 3900 reais.

Tendo feito preparativos para participar na jornada de Alcácer-Quibir, não existe referência de que D. Álvaro Gonçalves tenha chegado a passar a África. Tendo ficado no Reino durante o breve reinado do cardeal D. Henrique e da disputa sucessória, terá começado por apoiar D. António, Prior do Crato, e depois jurado D. Filipe I. Com o falecimento de seu irmão, D. Filipe I concedeu-lhe a Casa de Atouguia, tal como seu irmão D. Luís de Ataíde pedira em testamento, embora não lhe concedesse o título de conde. Mas D. Álvaro Gonçalves de Ataíde não chegaria a assumir plena posse da Casa de Atouguia pois viria a falecer sem descendência cerca de 1583. Após conturbado processo sucessório, e já em 1588, D. Filipe I veio a entregar a Casa de Atouguia a D. João Gonçalves de Ataíde, cunhado de D. Álvaro.

Bibliografia:
COUTO, Diogo do, Da Ásia, VII, v, 6, viii,7, Lisboa, Livraria San Carlos, 1974; VILA-SANTA, Nuno, A Casa de Atouguia, os Últimos Avis e o Império: Dinâmicas entrecruzadas na carreira de D. Luís de Ataíde (1516-1581), Lisboa, FCSH-UNL, 2013.