Data de publicação
2009
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Filho ilegítimo de Catarina Pereira e de Garcia de Sousa Chichorro (alcaide-mor de Bragança, membro do Conselho e provedor do Hospital de Todos-os-Santos).
Belchior dirigiu-se para o Oriente em 1537 ou 1538, quedando-se em Sofala, onde o meio-irmão Aleixo de Sousa Chichorro servia como capitão. Obteve deste a nomeação para exercer as funções locais de feitor e de alcaide-mor. É de presumir que ainda estivesse na região em Setembro de 1541, quando ali aportou o primo e novo governador do Estado da Índia, Martim Afonso de Sousa, e que tivesse embarcado na sua companhia, em direcção à Índia, nos finais de Fevereiro do ano seguinte. Durante a administração de Martim Afonso, Belchior apareceu em maior evidência, como capitão na campanha de ataque a Baticalá (1542) e na chamada expedição do pagode (1543) e, sobretudo, exercendo o comando da armada de patrulha da costa do Malabar (1542-1545).
Nesta última qualidade, correndo o ano de 1544, Belchior dispôs-se a colaborar com o governador na organização do rapto do mercador muçulmano Khawja Shams-ud-din, residente em Cananor, com o objectivo de pressioná-lo a desembolsar uma apreciável quantia em numerário, a favor do Estado da Índia. Belchior tentou aliciar o cádi de Cananor, Abu Bakr Ali, a cooperar na acção, mas o dignitário não só se furtou a isso como alertou a potencial vítima, fazendo abortar o plano. Em jeito de retaliação, Belchior dedicou o primeiro trimestre de 1545 à perseguição dos interesses de Abu Bakr Ali, visando particularmente os de natureza marítimo-comercial, através da vigilância apertada do porto de Cananor. A tensão culminou, no mês de Março, com o assassinato do cádi à porta da sua própria casa, facto que motivou o abandono da cidade por parte da comunidade mercantil islâmica. A situação apenas tendeu a reequilibrar-se meses depois, aquando da chegada do novo capitão da fortaleza, Manuel de Vasconcelos. Os excessos praticados pelo capitão-mor da armada do Malabar foram alvo da atenção de D. João de Castro, mas acabou por se livrar de maiores castigos.
A derradeira notícia que se apura a respeito de Belchior de Sousa Chichorro localiza-o no território do Congo, em 1553. Estava então munido das credenciais de embaixador, que aceitara movido pelo intento de se reabilitar aos olhos de D. João III e de alcançar da Coroa alguma recompensa significativa. Morreu, todavia, no decurso da missão.
Bibliografia:
GOERTZ, R. O. W., «The Portuguese in Cochin in the Mid-Sixteenth Century», in Stvdia, nº 49, Lisboa, CEHCA, 1989, pp. 5-38. PELÚCIA, Alexandra, Martim Afonso de Sousa e a sua Linhagem - A Elite Dirigente do Império Português nos Reinados de D. João III e D. Sebastião, Lisboa, UNL-FCSH, 2007, dissertação de doutoramento policopiada. SUBRAHMANYAM, Sanjay, O Império Asiático Português, 1500-1700, s.l., Difel, s.d.
Belchior dirigiu-se para o Oriente em 1537 ou 1538, quedando-se em Sofala, onde o meio-irmão Aleixo de Sousa Chichorro servia como capitão. Obteve deste a nomeação para exercer as funções locais de feitor e de alcaide-mor. É de presumir que ainda estivesse na região em Setembro de 1541, quando ali aportou o primo e novo governador do Estado da Índia, Martim Afonso de Sousa, e que tivesse embarcado na sua companhia, em direcção à Índia, nos finais de Fevereiro do ano seguinte. Durante a administração de Martim Afonso, Belchior apareceu em maior evidência, como capitão na campanha de ataque a Baticalá (1542) e na chamada expedição do pagode (1543) e, sobretudo, exercendo o comando da armada de patrulha da costa do Malabar (1542-1545).
Nesta última qualidade, correndo o ano de 1544, Belchior dispôs-se a colaborar com o governador na organização do rapto do mercador muçulmano Khawja Shams-ud-din, residente em Cananor, com o objectivo de pressioná-lo a desembolsar uma apreciável quantia em numerário, a favor do Estado da Índia. Belchior tentou aliciar o cádi de Cananor, Abu Bakr Ali, a cooperar na acção, mas o dignitário não só se furtou a isso como alertou a potencial vítima, fazendo abortar o plano. Em jeito de retaliação, Belchior dedicou o primeiro trimestre de 1545 à perseguição dos interesses de Abu Bakr Ali, visando particularmente os de natureza marítimo-comercial, através da vigilância apertada do porto de Cananor. A tensão culminou, no mês de Março, com o assassinato do cádi à porta da sua própria casa, facto que motivou o abandono da cidade por parte da comunidade mercantil islâmica. A situação apenas tendeu a reequilibrar-se meses depois, aquando da chegada do novo capitão da fortaleza, Manuel de Vasconcelos. Os excessos praticados pelo capitão-mor da armada do Malabar foram alvo da atenção de D. João de Castro, mas acabou por se livrar de maiores castigos.
A derradeira notícia que se apura a respeito de Belchior de Sousa Chichorro localiza-o no território do Congo, em 1553. Estava então munido das credenciais de embaixador, que aceitara movido pelo intento de se reabilitar aos olhos de D. João III e de alcançar da Coroa alguma recompensa significativa. Morreu, todavia, no decurso da missão.
Bibliografia:
GOERTZ, R. O. W., «The Portuguese in Cochin in the Mid-Sixteenth Century», in Stvdia, nº 49, Lisboa, CEHCA, 1989, pp. 5-38. PELÚCIA, Alexandra, Martim Afonso de Sousa e a sua Linhagem - A Elite Dirigente do Império Português nos Reinados de D. João III e D. Sebastião, Lisboa, UNL-FCSH, 2007, dissertação de doutoramento policopiada. SUBRAHMANYAM, Sanjay, O Império Asiático Português, 1500-1700, s.l., Difel, s.d.