Data de publicação
2009
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Área Geográfica
Governador e capitão-general de Moçambique (1746-1750).

Nono filho do 3º visconde de Asseca, D. Diogo Correia de Sá e Benevides Velasco, e de sua mulher, D. Inês da Hungria de Lencastre, Caetano Correia de Sá nasceu em Lisboa, em 1712. Como outros secundogénitos da nobreza portuguesa, incluindo, antes dele, o seu irmão José Correia de Sá, buscou no Oriente um modo de vida. Embarcou para a Índia, em 1729, como capitão de infantaria da nau Nª Sª do Livramento. Em Goa, ocupou os postos de capitão de infantaria e capitão de granadeiros. Passou, depois, a capitão-de-mar-e-guerra, fiscal da armada de alto bordo e mestre-de-campo com o exercício de ajudante-general do vice-rei. Durante este período, actuou em várias operações contra os maratas na Província do Norte, integrando a armadas enviadas de Goa em 1731 e em 1738. Neste ano, participou na tomada da fortaleza da Aguada de Baçaim e no socorro da fortaleza de Asserim.

Tal como a sua carreira militar, o seu trajecto familiar ilustra o percurso dos reinóis então estabelecidos no Estado da Índia. Casou em Goa com D. Francisca Pereira de Lacerda, filha de António Coelho da Rocha, membro de uma importante família de Damão. Na sequência das guerras que conduziram à ocupação da Província do Norte pelos maratas, perdeu a grande parte dos bens da sua casa.

Essa situação terá influenciado a decisão do vice-rei marquês de Castelo Novo de o nomear governador e capitão-general de Moçambique e Rios de Sena. Obteve carta-patente a 23 de Agosto de 1745, tendo governado de 1746 a 1750.

Na Ilha de Moçambique, enfrentou a extrema falta de mantimentos que atingiu a região em 1746-1747. Concluiu a casa da alfândega, iniciada em 1744, conforme as ordens deixadas pelo mesmo vice-rei. Dadas as sucessivas denúncias sobre a falta de barcos para combater a concorrência europeia na área e abastecer a praça de víveres, em 1748 e 1749, chegaram à ilha, enviados de Lisboa, dois iates com alguns soldados e oficiais. Distintamente dos seus antecessores, Correia de Sá não admitiu os navios franceses que frequentavam o porto para traficar escravos a pretexto da venda de arroz. A sua actuação em Moçambique, assim como a sua carreira anterior, concitou uma aprovação generalizada. Conduziu um governo sem conflitos notórios, pelo que foi considerado um dos melhores governadores da primeira metade setecentista: afável, limpo de mãos e tratando os moradores com igualdade e justiça.

Retornado a Goa, prosseguiu a carreira militar. Integrou, como capitão de estandarte, várias expedições conduzidas pelo vice-rei marquês de Távora contra os maratas e os bonsulós, destacando-se a tomada de Neutim, em 1751, e a conquista, no ano seguinte, das fortalezas de Piro e Ximpim, no reino de Sunda. Em 1753, foi nomeado comandante da nau do reino S. Francisco Xavier e recolheu a Goa em 1756, como capitão-mor da nau Nª Sª da Oliveira. De seguida, exerceu o cargo de castelão de Diu e nos anos de 1760 ocupou o ofício de vedor da Fazenda da Índia. Foi nomeado comandante de Damão, em 1765, mas não chegou a exercer o cargo.

Durante a estada em Lisboa, pediu, em remuneração de serviços, a aldeia de Maera, tomada aos bonsulós. Dada a difícil situação financeira da Índia, o pedido foi satisfeito com uma comenda no reino.

Bibliografia:
FORJAZ, Jorge e NORONHA, José Francisco de, Os luso-descendentes da Índia Portuguesa, Lisboa, Fundação Oriente, 2003; MATOS, Artur Teodoro de, (dir.), Junta da Real Fazenda do Estado da Índia, Lisboa, CNCDP, 2000; Arquivo Histórico Ultramarino, Avulsos: Índia e Moçambique; Códices: Conselho Ultramarino.