Data de publicação
2015
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Impressor com oficina ativa em Coimbra desde 1612. Era filho de Pedro Simões e de Maria João da Carvalha, lavradores, moradores na Quinta da Carvalha, freguesia de São Bartolomeu do Troviscal (hoje concelho de Oliveira do Bairro). Neto paterno de Nicolau Simões e de sua mulher, moradores em Enxofães, e materno de João Jorge e Catarina Peres, moradores em Barrô de Aguada, fregueses da igreja de Santo André de Barrô. Casou com Maria Flores, filha de João (ou Gabriel) Cristóvão, alfaiate e mais tarde escrivão do peso, e de Maria Tavares, ambos moradores na calçada de Coimbra, junto à portagem, freguesia de São Bartolomeu. Era neta paterna de Leonor Luís e materna de Francisco Nunes, natural de Condeixa, e de Margarida Tavares, natural de Botão, sendo ambos lavradores. Foi pai do impressor Manuel de Carvalho e do meio cónego João Carvalho. Além de impressor, Nicolau de Carvalho detinha o privilégio de Armador dos Autos e Capelo da Universidade de Coimbra; a 6 de Dezembro de 1625 pede a transferência do privilégio para o filho Manuel, por se encontrar doente e ter feito muita despesa para poder cumprir as obrigações relacionadas com o cargo, a qual é confirmada por alvará régio datado de 5 de Março de 1627. A última obra que sai dos seus prelos parece ter sido a Regra do glorioso Patriarcha S. Bento [...], impressa em 1632, mas o tipógrafo vem a falecer apenas em 24 de março de 1633, sendo sepultado no mosteiro de São Pedro dos Terceiros, em Coimbra.

Nicolau de Carvalho inicia a sua atividade no ofício de tipógrafo a 16 de março de 1611, com a aquisição do material pertencente à antiga imprensa da Universidade, que ficou abandonado quando a academia deixou de ter impressores contratados (oficiais que trabalhavam num espaço e com materiais a ela pertencentes) e passou a conceder o privilégio a tipógrafos com oficina própria, que mediante um contrato passavam a executar os trabalhos que lhe eram necessários. Neste caso, já a Universidade não lhes pagava aposentadoria, embora lhes continuasse a pagar um salário.

Pelos restos da antiga tipografia, compostos por uma imprensa com três caixas velhas e quarenta letras, Nicolau de Carvalho deu como garantia duas moradas de casas na Rua de Quebra-Costas em Coimbra, que partiam com a viúva Ana Caleira e com Maria Luís, também viúva. Terá sido nessas casas que instalou a sua oficina de tipografia, imprimindo o seu primeiro livro em 1612.

Na obra tipográfica de Nicolau de Carvalho encontramos algumas obras que parecem ter obtido bastante sucesso editorial, como a Historia da India, no tempo em que a gouernou o Viso Rey Dom Luis d’Ataide, de António Pinto Pereira, que teve uma primeira impressão em 1617 e uma segunda logo no ano seguinte. Da sua oficina saíram também outras obras de grande projecção: a Nox Atica, uma obra de astronomia do matemático Luís de Avelar, impressa em 1619; a Vida de Dom Frei Bertolameu dos Martyres [...], de Frei Luís de Sousa, no mesmo ano; a Defensam da monarchia lusitana […], de Frei Bernardino da Silva, em 1620; o hagiográfico Iardim de Portugal, em que se da noticia de algũas Sanctas, & outras molheres illustres em virtude [...], de Frei Luís dos Anjos, em 1626; a primeira parte dos Discursos de la juridica, y verdadera razon de estado, formados sobre la vida, y acciones del Rey don Iuan el II. de buena memoria, Rey de Portugal, llamado vulgarmente el Principe Perfecto. Contra Machavelo, y Bodino, y los demas politicos de nuestros tiempos, sus sequazes, do jurisconsulto Pedro Barbosa Homem, também em 1626. Imprimiu ainda as Constituições sinodaes do bispado de Viseu feitas e ordenadas em synodo pello Illustrissimo, e Reuerendissimo Senhor Dom Ioão Manoel em 1617 e a Regra do Glorioso Patriarcha S. Bento, traduzida do latim por Frei Tomás do Socorro, em 1632. A restante obra de Nicolau de Carvalho é composta maioritariamente por parenética e livros litúrgicos ou de música sacra.

Bibliografia:
GONÇALVES, José Jorge David de Freitas, A imprensa em Coimbra no século XVII, dissertação de doutoramento apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, 2010, p. 23-30; Anexos, p. 67-84.