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Data de publicação
2009
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Período
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7º conde de Avranches, conjurado da Restauração e embaixador português em Londres.

Filho de D. Lourenço de Almada (6º conde de Avranches) e D. Francisca de Távora. Dos seus vários irmãos destacaram-se D. Luís de Almada (um dos conjurados de 1640, senhor dos lagares de el-rei e de Pombalinho, Comendador de São Vicente de Vimioso na Ordem de Cristo, Capitão-Mor e Governador das Armas da cidade de Coimbra e sua comarca, mestre de campo do rei), D. André de Almada (religioso na Ordem de Cristo no Convento de Tomar) e D. Francisco de Almada (militar na guerra da independência como capitão da infantaria dos exércitos do Alentejo e posteriormente proeminente jesuíta). Era oriundo de uma família ilustre, sendo descendente de um cavaleiro inglês, participante na conquista de Lisboa e que por esse motivo foi agraciado com a mercê da vila de Almada, que tomou o seu nome. Teve outros ascendentes ilustres como João Vaz de Almada, capitão da galé de D. João I aquando da conquista de Ceuta em 1415, Joanne Annes de Almada, aio de D. Afonso IV, general do mar, capitão dos Reinos de Portugal e do Algarve e embaixador às cortes da Alemanha e Aragão.

Casou com D. Isabel da Silva, sua prima, de quem teve vários filhos, sendo que ao seu primogénito foi entregue o título de conde de Almada.

D. Antão de Almada foi um dos organizadores do movimento restaurador de 1640, participando em várias reuniões conspirativas, algumas das quais realizadas no seu palácio em Lisboa, onde participaram outros nomes sonantes da Restauração, como Miguel de Almeida, Francisco de Melo (monteiro-mor) e o seu irmão Jorge de Melo, João Pinto Ribeiro (procurador da Casa de Bragança), Pedro de Mendonça e António Saldanha. Encontrou-se em Almada com o duque de Bragança com o intuito de o convencer a aderir ao movimento. No 1º de Dezembro, invadiu os aposentos da duquesa de Mântua, que representava a monarquia hispânica em Lisboa, conseguindo que esta impedisse a reacção da guarnição do Castelo de S. Jorge, que se rendeu no dia seguinte. Foi designado como conselheiro dos governadores do Reino, D. Rodrigo da Cunha e o arcebispo de Braga, enquanto se aguardava que o duque de Bragança chegasse de Vila Viçosa.

Ao longo da sua vida, foi comendador de dois terços de S. Vicente de Vimioso, na Ordem de Cristo, senhor do Pombalinho e dos Lagares do rei. Após a Restauração foi nomeado para o conselho de Estado e de Guerra e como representante da Nobreza para a Junta dos Três Estados.

Foi de igual modo designado como embaixador ao Reino Unido entre 1641-42, com a missão de obter a legitimação e reconhecimento britânico da nova dinastia e negociar um tratado entre as duas Coroas. Para a sua nomeação terá contribuído a sua ascendência inglesa, ter dois antepassados a quem foi atribuída a Ordem da Jarreteira e a sua titulatura de conde de Avranches ter sido concedida pelo monarca inglês em 1445, nomeadamente a D. Pedro Vaz de Almada, que tinha conquistado aquela cidade francesa em 1421, ao serviço de Henrique V. Saiu de Lisboa por volta de 8 de Fevereiro de 1641, chegando ao Reino Unido a 6 de Março, enviando rapidamente uma carta ao monarca britânico a requisitar a sua entrada na corte, o que sucedeu apenas um mês depois, devido à pressão espanhola junto da corte. As negociações duraram vários meses, pois soube-se em Londres de que, em virtude do tratado luso-neerlandês daquele ano, haviam sido concedidos largos privilégios aos Neerlandeses nos territórios ultramarinos portugueses. Em resultado disto, os britânicos exigiram que aquelas regalias lhes fossem estendidas, o que arrastou as conversações por algum tempo, concluídas em tratado a 29 de Janeiro de 1642. Este acordo estipulou sobretudo a liberdade de comércio, de navegação e de utilização dos portos entre os súbditos das duas Coroas; a permissão dos Britânicos comerciarem em todas as possessões portuguesas, gozando dos mesmos privilégios que os súbditos daquelas; a autonomia britânica em importar e exportar qualquer tipo de mercadorias; a liberdade religiosa dos comerciantes britânicos nos domínios portugueses; a confirmação da convenção de Goa de 1635. Saliente-se que, em sequência deste acordo, o Reino Unido passou a nomear, pela primeira vez, cônsules para o Reino português. Foi portanto um entendimento importante na delicada conjuntura externa da Restauração portuguesa, contudo, era um compromisso vago, que distanciava o Reino Unido de um comprometimento objectivo que não podia facultar em virtude das suas obrigações diplomáticas com a monarquia hispânica.

Antão de Almada regressou ao Reino a 18 de Julho de 1642, após ter concluído aquele tratado de paz e comércio, assumindo pouco tempo depois o cargo de governador de Armas da Estremadura, dado que o monarca tinha-se deslocado para o Alentejo, zona nevrálgica do conflito ibérico. Para ali seria chamado em Setembro de 1644, no auxílio à vila de Elvas, onde acabaria por falecer vítima de doença, a 17 de Dezembro, sendo sepultado na igreja local de S. Francisco.

Bibliografia:
ALMADA, Conde de, Relação dos Feitos de D. Antão de Almada, Lisboa, 1940. BERNARDINO, Teresa, A Restauração da Independência em 1640 e D. Antão de Almada, Lisboa, Universitária, 1999. FARIA, Ana Maria Homem Leal, O Tempo dos Diplomatas - estudo sobre o processo de formação da diplomacia moderna portuguesa e o seu contributo na tomada de decisão política (1640/1 - 1736/50), tese de doutoramento em História Moderna apresentada à Faculdade de Letras da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2004. MELO, Ana Homem de, D. Antão de Almada na Restauração, Lisboa, Sociedade Histórica da Independência de Portugal, 1995. PRESTAGE, Edgar, Ministros Portugueses nas cortes estrangeiras no reinado de D. João IV e a sua correspondência, Porto, Tip. Empresa Literária e Tipográfica, 1915.