Data de publicação
2009
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3º Conde de Arraiolos, 1º Marquês de Vila Viçosa, 2º Duque de Bragança, 9º Conde de Barcelos, 3º Conde da Neiva, 2º Conde de Penafiel, 5º Conde de Ourém, nasceu por volta do ano de 1403, filho segundo de D. Afonso, bastardo legitimado do rei D. João I e de D. Beatriz Pereira, única herdeira do condestável D. Nuno Álvares Pereira.
A primeira notícia que dele há data de 4 de Abril de 1422 quando, à semelhança do que D. João I havia feito com os seus filhos, D. Nuno Álvares Pereira assegurou Casas para os seus netos, desfazendo-se do seu património em favor dos mesmos. Ao fazê-lo o condestável assegurou-lhes uma importante posição social, um possível casamento com membros da alta nobreza e até da monarquia e, sobretudo, assegurou a perpetuação da sua linhagem. D. Fernando, ficou com o núcleo de propriedades alentejanas do condestável e com o título de 3º conde de Arraiolos.
Casou em Dezembro de 1429 com D. Joana de Castro, única herdeira de D. João de Castro, senhor do Cadaval. Deste casamento nascerem oito filhos: D. Fernando, primogénito e futuro herdeiro da Casa de Bragança nasceu em 1430; D. João, marquês de Montemor-o-Novo; D. Afonso, conde de Faro; D. Álvaro, chanceler-mor (que casou com a herdeira de Rui Afonso de Melo, 1º Conde de Olivença); D. Isabel; D. Beatriz (que casou com o Marquês de Vila Real); D. Guiomar (que casou com D. Henrique de Meneses, 1º conde de Valença e Loulé); e D. Catarina (que esteve noiva de D. João Coutinho, que morreu na tomada de Arzila em 1471). No início da década de 30, D. Duarte pediu conselho aos irmãos e sobrinhos sobre a política externa do Reino. Foi-lhes perguntado se eram a favor de uma participação portuguesa na conquista de Granada e como se posicionariam face a uma nova expedição portuguesa ao Norte de África. No seu conselho, datado de 22 de Abril de 1432, o conde de Arraiolos começou por apresentar os motivos para a conquista de Granada: voltaria para o jugo da fé cristã; assegurar-se-ia mais facilmente a defesa da Península Ibérica contra novos ataques ou invasões muçulmanas; os Granadinos eram homicidas e ladrões; evitar-se-ia que os mouros continuassem a promover a apostasia dos cristãos-novos mouros; o reino de Granada pertencia de legítima herança à Espanha e conquistá-lo levaria a que muitos muçulmanos se tornassem cristãos. Por todos estes motivos defendia, portanto, a ida do infante D. Henrique à conquista de Granada, porque ele com os seus homens faria grande diferença. D. Fernando enumerou também os benefícios políticos que D. Duarte poderia obter com esta intervenção: o casamento da sua filha como melhor lhe aprouvesse; a obtenção do reino de Granada para D. Henrique (o que segundo o conde de Arraiolos convinha mais a D. Duarte do que se Granada ficasse nas mãos dos seus cunhados, os infantes de Aragão) permitindo-lhe controlar a política de Castela nas mãos e averbar a posse das Canárias. Sobre a prossecução das campanhas militares portuguesas em Marrocos o seu discurso manifesta-se perfeitamente claro: era contra. Era contra porque a guerra ou se faz por serviço de Deus ou por fama. Analisando cada caso em concreto, a guerra contra os mouros pode constituir um grande mal e consequentemente um "desserviço" a Deus. Mesmo que Portugal conseguisse conquistar o reino de Fez, a longo prazo, tal conquista apenas traria grandes problemas e contrariedades. Portugal não tinha gente nem dinheiro que permitisse a defesa dos dois Reinos (o que era facilmente verificável pelo astronómico custo da manutenção de Ceuta) e podiam perder-se ambos, o D'aquem e o D'além mar.
Contudo, quando D. Duarte se decidiu a favor da prossecução da guerra marroquina, D. Fernando, que nunca se imiscuía no serviço régio, foi nomeado condestável da frota que tentou a conquista de Tânger, em 1437. De regresso ao Reino, o conde de Arraiolos liderou a força minoritária que, em cortes, se opôs à entrega da cidade de Ceuta em troca do infante D. Fernando.
Em 1438, após a morte de D. Duarte, e no início dos desentendimentos entre a rainha D. Leonor e o infante D. Pedro, D. Fernando foi nomeado para a regência tripartida, cabendo-lhe a administração da justiça. Interveio também nos conflitos armados do início da regência defendendo o partido do duque de Coimbra. Mas D. Fernando não estaria no Reino para presenciar as divergências entre o seu pai e o infante D. Pedro, que culminariam na Batalha de Alfarrobeira porque em 1445, após a morte do capitão D. Fernando de Noronha foi nomeado para capitão e regedor de Ceuta, com poder absoluto e jurisdição cível e crime. Até à sua chegada a Ceuta em 1447, fora capitão interino António Pacheco, que também substituiria o conde aquando da sua deslocação ao Reino no final de 1448.
Após Alfarrobeira, o conde de Arraiolos solicitou ao rei o seu regresso a Portugal. Ao longo do ano de 1450 manteve-se em Ceuta, esperando ser rendido pelo infante D. Henrique, o que não veio a acontecer. Só regressou de Ceuta em finais de Setembro do ano seguinte, tendo já sido nomeado para o cargo que deixava vago D. Sancho de Noronha.
Em 1455 foi elevado à categoria de marquês de Vila Viçosa, como agradecimento pelos muitos serviços prestados à Coroa. Nestes seis anos em que foi marquês de Vila Viçosa, D. Fernando participou na conquista de Alcácer Ceguer em 1458 e, em 1460, foi um dos três nobres (conjuntamente com o condestável D. Pedro e o infante D. Fernando) que escreveram pareceres a D. Afonso V aconselhando-o sobre a situação política externa e as alianças com Castela e Aragão. Aconselhou o rei a evitar o complicado xadrez político ibérico e a prosseguir com as campanhas marroquinas.
Quando D. Afonso, marquês de Valença morreu de febres em Tomar a 29 de Agosto de 1460, antes do pai e sem deixar sucessão legítima, D. Fernando tornou-se o herdeiro do ducado de Bragança, ao qual ascendeu no ano de 1461. Quando herdou o ducado era já um homem perto dos sessenta anos.
Voltou pela última vez a Marrocos para acompanhar o rei em mais uma tentativa de conquista de Tânger, em 1463-64. Em 1471, quando D. Afonso V partiu à conquista de Arzila ficou no Reino como regente.
Voltaria a dar a sua opinião sobre a política ibérica em 1475, quando se manifestou contrário à vontade do rei de casar com sua prima, D. Joana, a Beltraneja.
D. Fernando morreu no ano de 1478, sucedendo-lhe no ducado D. Fernando II, o seu filho primogénito.
Bibliografia:
CUNHA, Mafalda Soares da, Linhagem, Parentesco e Poder. A Casa de Bragança (1384-1433), Lisboa, Fundação da Casa de Bragança, 1990. SOUSA, António Caetano de, História Genealógica da Casa Real Portuguesa, tomo V, nova edição revista por M. Lopes de Almeida e César Pegado, Coimbra, Atlântida Livraria Editora, 1948.
A primeira notícia que dele há data de 4 de Abril de 1422 quando, à semelhança do que D. João I havia feito com os seus filhos, D. Nuno Álvares Pereira assegurou Casas para os seus netos, desfazendo-se do seu património em favor dos mesmos. Ao fazê-lo o condestável assegurou-lhes uma importante posição social, um possível casamento com membros da alta nobreza e até da monarquia e, sobretudo, assegurou a perpetuação da sua linhagem. D. Fernando, ficou com o núcleo de propriedades alentejanas do condestável e com o título de 3º conde de Arraiolos.
Casou em Dezembro de 1429 com D. Joana de Castro, única herdeira de D. João de Castro, senhor do Cadaval. Deste casamento nascerem oito filhos: D. Fernando, primogénito e futuro herdeiro da Casa de Bragança nasceu em 1430; D. João, marquês de Montemor-o-Novo; D. Afonso, conde de Faro; D. Álvaro, chanceler-mor (que casou com a herdeira de Rui Afonso de Melo, 1º Conde de Olivença); D. Isabel; D. Beatriz (que casou com o Marquês de Vila Real); D. Guiomar (que casou com D. Henrique de Meneses, 1º conde de Valença e Loulé); e D. Catarina (que esteve noiva de D. João Coutinho, que morreu na tomada de Arzila em 1471). No início da década de 30, D. Duarte pediu conselho aos irmãos e sobrinhos sobre a política externa do Reino. Foi-lhes perguntado se eram a favor de uma participação portuguesa na conquista de Granada e como se posicionariam face a uma nova expedição portuguesa ao Norte de África. No seu conselho, datado de 22 de Abril de 1432, o conde de Arraiolos começou por apresentar os motivos para a conquista de Granada: voltaria para o jugo da fé cristã; assegurar-se-ia mais facilmente a defesa da Península Ibérica contra novos ataques ou invasões muçulmanas; os Granadinos eram homicidas e ladrões; evitar-se-ia que os mouros continuassem a promover a apostasia dos cristãos-novos mouros; o reino de Granada pertencia de legítima herança à Espanha e conquistá-lo levaria a que muitos muçulmanos se tornassem cristãos. Por todos estes motivos defendia, portanto, a ida do infante D. Henrique à conquista de Granada, porque ele com os seus homens faria grande diferença. D. Fernando enumerou também os benefícios políticos que D. Duarte poderia obter com esta intervenção: o casamento da sua filha como melhor lhe aprouvesse; a obtenção do reino de Granada para D. Henrique (o que segundo o conde de Arraiolos convinha mais a D. Duarte do que se Granada ficasse nas mãos dos seus cunhados, os infantes de Aragão) permitindo-lhe controlar a política de Castela nas mãos e averbar a posse das Canárias. Sobre a prossecução das campanhas militares portuguesas em Marrocos o seu discurso manifesta-se perfeitamente claro: era contra. Era contra porque a guerra ou se faz por serviço de Deus ou por fama. Analisando cada caso em concreto, a guerra contra os mouros pode constituir um grande mal e consequentemente um "desserviço" a Deus. Mesmo que Portugal conseguisse conquistar o reino de Fez, a longo prazo, tal conquista apenas traria grandes problemas e contrariedades. Portugal não tinha gente nem dinheiro que permitisse a defesa dos dois Reinos (o que era facilmente verificável pelo astronómico custo da manutenção de Ceuta) e podiam perder-se ambos, o D'aquem e o D'além mar.
Contudo, quando D. Duarte se decidiu a favor da prossecução da guerra marroquina, D. Fernando, que nunca se imiscuía no serviço régio, foi nomeado condestável da frota que tentou a conquista de Tânger, em 1437. De regresso ao Reino, o conde de Arraiolos liderou a força minoritária que, em cortes, se opôs à entrega da cidade de Ceuta em troca do infante D. Fernando.
Em 1438, após a morte de D. Duarte, e no início dos desentendimentos entre a rainha D. Leonor e o infante D. Pedro, D. Fernando foi nomeado para a regência tripartida, cabendo-lhe a administração da justiça. Interveio também nos conflitos armados do início da regência defendendo o partido do duque de Coimbra. Mas D. Fernando não estaria no Reino para presenciar as divergências entre o seu pai e o infante D. Pedro, que culminariam na Batalha de Alfarrobeira porque em 1445, após a morte do capitão D. Fernando de Noronha foi nomeado para capitão e regedor de Ceuta, com poder absoluto e jurisdição cível e crime. Até à sua chegada a Ceuta em 1447, fora capitão interino António Pacheco, que também substituiria o conde aquando da sua deslocação ao Reino no final de 1448.
Após Alfarrobeira, o conde de Arraiolos solicitou ao rei o seu regresso a Portugal. Ao longo do ano de 1450 manteve-se em Ceuta, esperando ser rendido pelo infante D. Henrique, o que não veio a acontecer. Só regressou de Ceuta em finais de Setembro do ano seguinte, tendo já sido nomeado para o cargo que deixava vago D. Sancho de Noronha.
Em 1455 foi elevado à categoria de marquês de Vila Viçosa, como agradecimento pelos muitos serviços prestados à Coroa. Nestes seis anos em que foi marquês de Vila Viçosa, D. Fernando participou na conquista de Alcácer Ceguer em 1458 e, em 1460, foi um dos três nobres (conjuntamente com o condestável D. Pedro e o infante D. Fernando) que escreveram pareceres a D. Afonso V aconselhando-o sobre a situação política externa e as alianças com Castela e Aragão. Aconselhou o rei a evitar o complicado xadrez político ibérico e a prosseguir com as campanhas marroquinas.
Quando D. Afonso, marquês de Valença morreu de febres em Tomar a 29 de Agosto de 1460, antes do pai e sem deixar sucessão legítima, D. Fernando tornou-se o herdeiro do ducado de Bragança, ao qual ascendeu no ano de 1461. Quando herdou o ducado era já um homem perto dos sessenta anos.
Voltou pela última vez a Marrocos para acompanhar o rei em mais uma tentativa de conquista de Tânger, em 1463-64. Em 1471, quando D. Afonso V partiu à conquista de Arzila ficou no Reino como regente.
Voltaria a dar a sua opinião sobre a política ibérica em 1475, quando se manifestou contrário à vontade do rei de casar com sua prima, D. Joana, a Beltraneja.
D. Fernando morreu no ano de 1478, sucedendo-lhe no ducado D. Fernando II, o seu filho primogénito.
Bibliografia:
CUNHA, Mafalda Soares da, Linhagem, Parentesco e Poder. A Casa de Bragança (1384-1433), Lisboa, Fundação da Casa de Bragança, 1990. SOUSA, António Caetano de, História Genealógica da Casa Real Portuguesa, tomo V, nova edição revista por M. Lopes de Almeida e César Pegado, Coimbra, Atlântida Livraria Editora, 1948.